pico FOTO AÉREA 2013

 

Sexta-feira, 27 de Dezembro de 2013

SOCIEDADE | Fotografia aérea mostra perspectiva interessante do Pico

O Pico nunca se exime de proporcionar aos fotógrafos, sejam profissionais ou amadores, momentos inéditos e, senão inéditos, quase sempre deslumbrantes

A «meia broa», troço de mar entre os ilhéus e o porto da Madalena, vista de um ângulo raro, pela objetiva de José Leonildo Dias

Nesta fotografia de José Leonildo Dias, publicada hoje no Facebook, pode ver-se, de um ângulo só acessível a quem viaja de avião, no caso um “regresso de Lisboa”, a “meia broa”, troço de mar com pouco mais de um quarto de milha, entre os ilhéus e o Porto da Madalena, que foi, em dias de mar do Norte, um desafio aos antigos mestres das velhas lanchas do Pico e continua a ser, hoje, um quebra-cabeças dos que governam embarcações com destino à vila da “fronteira”, apesar de os meios de navegação já serem outros.

Bem vísivel está também o quebra-mar que faz parte da requalificação em curso do principal porto da ilha do Pico, escala incontornável do Triângulo e uma das mais apreciadas portas de entrada – porque se entreabre perante a montanha mais alta de Portugal – de quantas dão acesso às ilhas do arquiélago açoriano.

poesia ONDJAKI

“Talvez o princípio fosse a chuva assim descendo sobre a terra para a cobrir de lama fértil e cogumelos. A chuva costuma anunciar-se de longe e avança sobre a distância ligando o chão gretado da seca e dos tempos. A chuva sara o próprio ar e é mãe, pai, tecto, templo para todos os viventes grandes e pequenos. Cai sobre a terra ávida vinda não se sabe bem de onde e lambe-lhe as cicatrizes até criar vida de novo a cada ciclo de vento e terra.
De onde eu venho a chuva usa uma voz fininha para falar uma língua de sopros, rente-ao-chão e faz crescer com a lava dessa voz o mundo em volta. Os miúdos aprendem cedo a conhecer os sons da fala, a forma como muda na dobra do vento. (…)”
… [paula tavares, “como veias finas na terra”, ed. Caminho, p.30]
Ondjaki Ondjaki isto, sim, é poesia. em força. (está disponível em portugal, pela Caminho. no brasil, saiu pela PALLAS, que reúne a obra completa da autora.)
  • Ondjaki Ondjaki isto, sim, é poesia. em força. (está disponível em portugal, pela Caminho. no brasil, saiu pela PALLAS, que reúne a obra completa da autora.)

RAFAEL FRAGA E ZECA MEDEIROS

Canção do Medo (José Medeiros | arranged by Rafael Fraga) http://t.co/X3Ju1fQQ19 via @youtube

25 Anos de música original nos Açores – 2010 CD/DVD pack | music recorded at Teatro Micaelense, Azores (Portugal) Track: Canção do Medo

Minela e Zeca Medeiros – “Bons olhos te vejam” do disco “cinefilias e outras incertezas”

 

Música e letra: José Medeiros Arranjo de Ricardo J.Dias António Pinto: Guitarra de 12 cordas Marino de Freitas: Baixo acústico ..

25 Anos de música Original nos Açores: Bailado da Garça (José Medeiros | arranged by Rafael Fraga): http://t.co/X5plpNphnA via @youtube

 

Bailado da Garça (José Medeiros | arranged by Rafael Fraga) https://www.youtube.com/watch?v=BgfdxQDg_Ag

 

25 Anos de música original nos Açores – 2010 CD/DVD pack | music recorded at Teatro Micaelense, Azores (Portugal)

DAR O PITO – tradições (vila real – de trás-os-montes)

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DIA DE DAR O PITO

…a tradição assim o manda em Vila Real…
Dia 13 de Dezembro, dia de Santa Luzia é dia de dar o Pito … a tradição assim o manda em Vila Real!!!!

E assim reza a história:

“Conta-se que os pitos de Santa Luzia foram inventados por Ermelinda Correia, que veio a ser mais tarde a Irmã Imaculada de Jesus. Esta rapariga tinha um defeito: era muito gulosa. Este facto obrigou os seus pais a enclausurarem-na no convento de Santa Clara, na esperança de transformar o pecado em virtude.

A Irmã Imaculada tornou-se devota de Santa Luzia, padroeira dos cegos e das coisas da vista. Um certo dia estava a irmã aplicar os curativos nos seus doentes (feridas, contusões e inchaços nos olhos), com uns pachos de linhaça, que eram uns quadrados de pano cru onde se colocava a papa, dobrando as pontas para o centro para não verter a poção – usados como pensos para os ferimentos, quando de repente teve uma visão.

Correu para a cozinha e fez a massa de farinha e água e cortou-a em pequenos quadrados. Tinha consigo o cibo do açúcar que lhe cabia na ração, e fez uma compota de abóbora. À imagem dos pachos dobrou a massa por cima da compota e levou ao forno a cozer. A seguir despachou-se a escondê-los, pois estava proibida de ser gulosa.

A caminho cruzou-se com a madre superiora que era cega. A madre perguntou desconfiada, o que leva no tabuleiro, cheirando o perfume adocicado a Irmã Imaculada, apressa-se a responder que são pachos de linhaça para os doentes do dia seguinte.

À noite na cela, a irmã Imaculada sossegou a alma, e não sequer se sentia culpada, pois sempre ouviu dizer que “do que não se vê, não se peca”.

DIA DE DAR O PITO ...a tradição assim o manda em Vila Real... Dia 13 de Dezembro, dia de Santa Luzia é dia de dar o Pito ... a tradição assim o manda em Vila Real!!!! E assim reza a história: "Conta-se que os pitos de Santa Luzia foram inventados por Ermelinda Correia, que veio a ser mais tarde a Irmã Imaculada de Jesus. Esta rapariga tinha um defeito: era muito gulosa. Este facto obrigou os seus pais a enclausurarem-na no convento de Santa Clara, na esperança de transformar o pecado em virtude. A Irmã Imaculada tornou-se devota de Santa Luzia, padroeira dos cegos e das coisas da vista. Um certo dia estava a irmã aplicar os curativos nos seus doentes (feridas, contusões e inchaços nos olhos), com uns pachos de linhaça, que eram uns quadrados de pano cru onde se colocava a papa, dobrando as pontas para o centro para não verter a poção - usados como pensos para os ferimentos, quando de repente teve uma visão. Correu para a cozinha e fez a massa de farinha e água e cortou-a em pequenos quadrados. Tinha consigo o cibo do açúcar que lhe cabia na ração, e fez uma compota de abóbora. À imagem dos pachos dobrou a massa por cima da compota e levou ao forno a cozer. A seguir despachou-se a escondê-los, pois estava proibida de ser gulosa. A caminho cruzou-se com a madre superiora que era cega. A madre perguntou desconfiada, o que leva no tabuleiro, cheirando o perfume adocicado a Irmã Imaculada, apressa-se a responder que são pachos de linhaça para os doentes do dia seguinte. À noite na cela, a irmã Imaculada sossegou a alma, e não sequer se sentia culpada, pois sempre ouviu dizer que "do que não se vê, não se peca".

O ASSOCIADO DA AICL E MEMBRO DA ABL EVANILDO BECHARA REAGE

ABL reage às críticas ao acordo

Para imortal da Academia, adiamento da obrigatoriedade da reforma ortográfica é “lamentável” e protestos, “inconsistentes”

Por Evanildo Bechara

 

 

Volta e meia aparecem críticas – quase sempre tolas ou mal argumentadas – ao acordo ortográfico de 1990. Agora que um inócuo e lamentável decreto, assinado em 27 de dezembro, prorroga até o fim de 2015 o prazo da transição de suas bases no Brasil, acreditamos que aproveitem esses críticos o intervalo para, estudando-as melhor, não lancem tantas injúrias desconexas a um texto preso a uma tradição mais que centenária.
A lei ortográfica traz a chancela do que de melhor em ciência uma legião de autoridades em filologia portuguesa nos legou de há muito. Eles dotaram nossa língua de um sistema ortográfico convencional tão perfeito quanto possível, diminuindo as dificuldades que a tarefa oferece para harmonizar a história e a pronúncia com a norma escrita.
Para muitas línguas, como inglês e francês – e, em certa medida, podemos incluir o português lusitano – lembrou Ferdinand de Saussure que a ortografia é mais um disfarce do que uma vestimenta. Esta filiação histórica do acordo devem os críticos levá-la em conta em primeiro lugar: ele não é produto isolado dos princípios formulados por uma plêiade de notáveis que, desde 1885 e, em 1904, com a Ortografia Nacional, de Aniceto dos Reis Gonçalves Viana, lançou os fundamentos de um sistema gráfico, científico e racional, que transmitiu à reforma de 1911 e aos acordos de 1943 e 1945 os fundamentos deste tão injuriado texto que agora defendemos.
Os autores desta façanha linguística e pedagógica têm sido inúmeros, entre os quais, além de Viana, Carolina Michaëlis de Vasconcelos, José Leite de Vasconcelos, Gonçalves Guimarães, Ribeiro de Vasconcelos, Rebelo Gonçalves, Sousa da Silveira, Daltro Santos, José de Sá Nunes e Antônio Houaiss, os quatro últimos brasileiros.
Ainda que o novo sistema penda mais para o lusitano de 1945 do que para o brasileiro de 1943, e por isso teremos de alterar mais que eles, o Brasil não mediu esforços em implementar as novas regras, por todas as razões pedagógicas, culturais, políticas e de prestígio internacional de que se reveste este esforço para alcançarmos, todos, a unidade essencial da língua portuguesa, nesta área.

 

Má interpretação alimenta protesto português
Leitura duvidosa de artigo do acordo estimula desconfiança lusitana com a reforma, escreve Bechara

Das críticas à 5ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, com o qual a ABL começou a implementar o acordo de 1990, a principal foi que o Volp aplica normas não contempladas no texto da lei. 
Essas normas, no entanto, estavam presentes ou dentro do espírito que orientou as novas normas, ou de hábitos tradicionais, correntes em Portugal ou no Brasil, existentes nos sistemas de 1943 ou 1945, vigentes na tradição ortográfica e refletidas nos melhores dicionários.
A primeira desarrazoada censura entre portugueses consiste na denúncia de que a ABL não poderia encetar esta tarefa sem que antes os sete signatários representantes de seus governos não compusessem um vocabulário ortográfico comum, previsto no artigo 2º do texto oficial.

 

“Artigo 2.º – Os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração, até 1.º de janeiro de 1993, de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível, no que se refere às terminologias científicas e técnicas.”

 

Defender a tese segundo a qual não cabe levar em conta a restrição final do artigo é lançar cruelmente aos redatores a pecha de escritores bisonhos. Todo o texto traz elementos indiscutíveis de que esse entendimento não cabe.
O artigo 2º se refere a vocabulário diferente daquele preocupado com a linguagem primária, cujo acervo lexical é constituído de vocábulos plurívocos, polissêmicos e estruturáveis. Na realidade, refere-se a vocabulário comum de termos de natureza técnica e científica, cujos integrantes são unívocos e refratáveis à estruturação.
O início do artigo, por sua vez, não se refere a “técnicos” de linguagem que, pela vida fora, têm composto as bases normativas e os vocabulários acadêmicos em Portugal e no Brasil; refere-se a “instituições e órgãos competentes” de natureza técnica e científica, convocados para a tarefa de aproximar os termos técnicos e científicos correntes em tão largo espaço geográfico e cultural da língua. (E.B.)

 

Escravos e Traficantes no Império Português

 

Lê? Escravos e Traficantes no Império Português
Escravos e Traficantes no Império Português

Título:Escravos e Traficantes no Império Português
O comércio negreiro português no Atlântico durante os séculos XV a XIX

Escravos e Traficantes no Império Português

Coleção: História Divulgativa

Nr de páginas:
+/- 376 + 16 Extratextos

ISBN:978-989-626-478-9

Formato:16 x 23,5 x 2,0

Encadernação: Brochada

Editora : A Esfera dos Livros

SOBRE O AUTOR
Arlindo Manuel Caldeira, licenciado em História, é investigador do Centro de História de Além-Mar (Universidade Nova de Lisboa). A sua principal área de pesquisa é a História de África (particularmente Angola e golfo da Guiné), sobre a qual tem publicado vários livros e dezenas de artigos.

“Escravos e Traficantes no Império Português, O comércio negreiro português no Atlântico durante os séculos XV a XIX”, por Arlindo Manuel Caldeira, A Esfera dos Livros, 2013, é um livro admirável, tem por detrás uma exaustiva pesquisa que assegura um retrato abrangente do tráfico de escravos, da sua origem até à sua abolição, no espaço do império português.
Numa escrita direta, o autor foge de evasivas ou subterfúgios para enquadrar a problemática do negócio dos escravos, explicando que a escravatura estava presente em todas as sociedades africanas antes da chegada dos portugueses, depois dos espanhóis, a seguir dos holandeses, franceses e britânicos. Os africanos não foram vítimas passivas do “infame comércio”. As elites locais participaram conscientemente do negócio, tirando proveito e auferindo lucros significativos. Os colonizadores portugueses nunca estiveram em condições de interferir diretamente nas guerras entre os povos locais. Arlindo Caldeira, se mais necessário fosse, cita os autores que visitaram estes locais e que possuíam conhecimentos seguros sobre as atividades económicas desenvolvidas pelos portugueses. Por exemplo, um importante autor, André Álvares de Almada, no final do século XVI, escreveu que os Mandingas do rio Gâmbia vendiam muitos escravos, “uns obtidos em guerras e juízos mas muitos outros em furtos”; na Guiné, os Bijagós, hábeis marinheiros, realizavam as suas incursões por mar para obterem escravos que depois vendiam aos portugueses. Feito este importante esclarecimento sobre matéria que ainda paira, qual fantasma traumático, sobre muitas consciências, traça um correto enquadramento das principais áreas de resgate: Arguim, os “rios da Guiné”, São Jorge da Mina, o reino do Congo e Angola. Dá para perceber que a rota estratégica para as Américas partia do golfo da Guiné e Angola foi o fornecedor crucial.
O historiador tem uma comunicação persuasiva, qualquer relato prende o menos iniciado nesta vertente da História. Por exemplo, o capítulo “A Difícil Travessia” é palpitante, clarifica o transporte dos escravos do interior do continente para a costa, descreve as mercadorias que serviam de moeda de troca: os escravos eram comprados com algodões indianos, bebidas alcoólicas, tecidos, argolas de metal, noz-de-cola, armas, cavalos. São invocados testemunhos sobre a amputação de uma mão aos escravos que morriam, como testemunho a dar ao patrão. Temos aqui todas as peripécias antes do embarque, no momento da partida, durante a viagem, a sobrecarga dos navios, as condições a bordo, a gravíssima questão da água, a alimentação e até a sexualidade a bordo.
E depois documenta-se o comércio propriamente dito, com os seus lucros e perdas. O autor desmonta uma ideia feita acerca da elevada rentabilidade do comércio negreiro, descreve a evolução da posição do Estado português durante os séculos XV a XIX. Passa em revista a natureza de mercadores, armadores e contratadores, são histórias emocionantes, é fácil perceber que o próprio Santo Ofício se envolvia em questões políticas, perseguia mercadores de escravos e a história de Manuel Batista Peres, um cristão-novo que fez fortuna em Cartagena das Índias, é elucidativa. Afinal, estes negociantes portugueses monopolizavam o comércio dos escravos em prejuízo dos comerciantes espanhóis, era necessário abatê-los. É uma escrita vibrante que toma conta do leitor, seguimos sem desvio de atenção a história de João de Oliveira que foi vendido como escravo e que se tornou senhor de escravos, acompanhamos os negócios de D. José I e família, clero e aristocracia em duas poderosas companhias, a do Grão-Pará e Maranhão e Pernambuco e Paraíba.
Na segunda parte da obra, dedicada a último século do tráfico de escravos, a prosa emocionante não afrouxa, somos envolvidos na evolução das mentalidades, percebe-se a exigência britânica no abolicionismo, verificamos como o tráfico resistiu muito para além das leis que o interditavam. O historiador escreve mesmo: “Estes últimos negreiros atlânticos canalizam para o Brasil quantidades de mão-de-obra escrava a um ritmo muito acima de qualquer período anterior, empenham recursos técnicos como nunca se vira até aí, obtêm lucros inimagináveis umas décadas antes… E, tudo isto, numa época em que o tráfico de escravos já estava a ser condenado pelos espíritos mais abertos em todo o mundo ocidental e a maior potência da época colocara no Atlântico o melhor da sua Marinha de guerra para impedir o trânsito dos navios negreiros”.
No século XVIII, as três maiores praças de comércios de escravos no Brasil eram Pernambuco, Baía e Rio de Janeiro. Estes três centros importadores cresceram ao longo desse século e viriam mesmo a tornar-se os principais centros importadores do século XIX. Em 1810, em consequência do tratado luso-britânico de Aliança e Amizade, Portugal aceitou restrições ao tráfico, que demorou algumas décadas a desaparecer. Neste particular, o autor descreve os últimos negreiros, caso de Francisco Félix de Sousa, o Conde de Ferreira e a lendária D. Ana Joaquina, mas regista igualmente D. Maria Correia, Ângelo Lisboa, Arsénio de Carpo e João Francisco de Azevedo Lisboa, conhecido por Azevedinho, entre outros. O Conde de Ferreira continua a ter o seu nome ligado à filantropia, o seu nome consta na fachada de uma rede de escolas e há mesmo no Porto um conhecido hospital psiquiátrico com o seu nome. Quando se abriu o seu testamento, foi uma verdadeira caixa de surpresas, o traficante de escravos e capitalista de sucesso convertia-se num generoso filantropo em hospitais, asilos e outras obras de assistência. O autor recorda também o barão de Água-Izé, tinha propriedades da ilha do Príncipe, investiu na produção de café e mais tarde na cultura do cacau. De premeio, negociava escravos para as suas feitorias em Moçâmedes e S. Tomé e Príncipe.
escravatura
Um livre de indiscutível importância, o essencial do tráfico de escravos fica aqui registado em todas as suas vicissitudes. Como o autor observa: “Para a História fica o poder dos números: entre 1450 e 1860 quase treze milhões de africanos foram traficados no lucrativo comércio de escravos do Atlântico. Perto de seis milhões desses escravizados foram transportados em navios com a bandeira de Portugal ou do Brasil”.

 

_diálogos lusófonos

Portugal-Brasil: separados por uma língua comum ou unidos por uma relação especial?

 

Portugal-Brasil: separados por uma língua comum ou unidos por uma relação especial?

Carlos Fino
17/10/2012 11:00
Mais do que preconceito ou estranheza, chega mesmo, por vezes, a haver autêntico desdém pelas coisas portuguesas. Portugal também é responsável por isso. Não é só o Brasil que nos esquece, somos nós que não nos fazemos lembrar.
A realização do Ano de Portugal no Brasil e do Ano do Brasil em Portugal, a decorrer entre 7 de Setembro deste ano e 10 de Junho de 2013, torna oportuna uma reflexão sobre as relações entre os dois países, ainda marcadas, apesar dos enormes progressos dos últimos anos, pelo sentimento de alguma estranheza e distanciamento, que a retórica oficial da fraternidade com base no sangue, na língua e na história comuns, disfarça mal e pouco ou nada contribui para ultrapassar.
Entre a crítica e o esquecimento
Quando, pela primeira vez, entrei para abastecer num posto de gasolina em Brasília, a jovem empregada, notando que havia algo de diferente na minha pronúncia, perguntou, intrigada: “Você fala muito bem português… De onde é que você é?”. Falando pausadamente, abrindo e destacando as sílabas para ter a certeza de ser bem compreendido, respondi-lhe com outra questão: “Sendo eu da Europa e falando esta língua, de onde você acha que eu sou?”… Ela revirou os olhos, franziu a testa, reflectiu, e arriscou: “Da França?” Percebendo que errara, ainda tentou uma alternativa: “Argentina?” E mais não ousou. Portugal nem sequer lhe passou pela cabeça, tendo que ser eu a dar-lhe a solução, que para ela não era óbvia.
Dias antes, ao desembarcar do avião ao cabo de dez horas de voo, experimentara aquela sensação, misto de orgulho e conforto (que os ingleses devem sentir um pouco por todo o mundo) de quem vê a sua língua falada noutro continente. Caramba! – Ali estava a minha pátria projectada do outro lado do Atlântico!
Agora, e como que em contraponto, apercebia-me com espanto de uma outra realidade: por norma, Portugal não está no radar do Brasil e o comum dos brasileiros, o chamado Povão, nem sequer relaciona a língua que fala com o país que somos.
Essa foi a primeira de uma série de lições que iria receber sobre as relações luso-brasileiras. Outra foi constatar que os Portugueses não são apenas a grande vítima das anedotas (ainda que bastante menos do que no passado), mas também verdadeiro bombo da festa sempre que se trata de apontar responsáveis pelos males do Brasil. Da burocracia à corrupção e ao nepotismo, da destruição da mata atlântica ao dizimar dos índios, passando pela escravidão e o atraso económico e social, não há grande problema passado ou presente do Brasil que não tenha a sua raiz na colonização portuguesa.
Cultivada nos meios académicos por uma sociologia de inspiração marxista e nacionalista que há muito desconstruiu e destronou a lusofilia de Gilberto Freyre, a ideologia que atribui os males do Brasil aos Portugueses está largamente disseminada entre as elites, cristalizou nos media e passou, por essa via, a integrar o senso comum da população.
Dos inúmeros exemplos que poderia citar, recordo três, ocorridos ao logo do período que vivi no Brasil, que traduzem bem este tipo de atitude.
Logo que comecei a trabalhar como conselheiro de imprensa na embaixada de Portugal, em 2004, deparei com uma entrevista de Dom Paulo Evaristo Arnes ao jornal O Globo, em que, a propósito do lançamento da sua autobiografia, o arcebispo emérito de São Paulo, referindo-se aos erros que o país não deveria voltar a cometer, concluía: “Esses erros foram cometidos a partir dos Portugueses que descobriram o Brasil e mandaram para cá a escória da sociedade, os menos preparados, os menos desejados em Portugal. (…) “Portanto, acho que Portugal tem tanta culpa como o Brasil.” (sic!).
No Verão de 2010, em visita à Europa poucos meses antes de ter sido eleita, a actual Presidente Dilma Rousseff, quando os jornalistas brasileiros que a acompanhavam lhe disseram que haviam passado por ali uns portugueses que os confundiram com argentinos, comentou: “Só mesmo portugueses para confundir brasileiros com argentinos…”.
Finalmente, pouco antes de regressar a Portugal, já no começo deste ano, ouvi na rádio CBN, da rede Globo, um dos seus principais colunistas, Arnaldo Jabor, afirmar, a propósito da crise na Europa, que “Os Portugueses são preguiçosos”… Apenas mais um dos seus costumados apartes pouco lisonjeiros para com o nosso país.
Em suma: sempre que a ocasião se apresenta, intelectuais, académicos, jornalistas, responsáveis religiosos e políticos brasileiros de diferentes quadrantes raramente perdem a oportunidade de lançar mais uma acha para a fogueira de um certo “anti-lusitanismo” difuso, prontos a evocar a herança negativa da colonização portuguesa e só muito raramente lembrando o seu legado positivo – um país imenso e rico, unificado sob a mesma língua, que soube evitar a fragmentação da América hispânica.
Mas a crítica jocosa ou ressentida – em que nos atribui grande importância, ainda que negativa – é apenas um dos pólos entre os quais o Brasil oscila em relação a Portugal. O outro é o permanente esquecimento, consciente ou inconsciente, da sua raiz portuguesa. Em Brasília, vi um dia uma exposição sobre o barroco brasileiro, patrocinada pelo Ministério das Relações Exteriores, em que não havia uma única referência a Portugal! Como se não tivesse ido daqui o barroco do Brasil e o seu principal expoente se não chamasse António Maria Lisboa!
Em situações semelhantes, para que não se diga que se está a omitir a verdade, o subterfúgio muitas vezes utilizado pelas entidades brasileiras responsáveis dos diferentes eventos é substituir a palavra “Portugal” pela palavra “Europa”. Onde deveria estar “influência portuguesa” passa a figurar “influência europeia”… Operação que aos olhos dos brasileiros tem uma dupla vantagem – oculta a raiz portuguesa e dá mais brilho à sua herança.
Para se avaliar até que ponto vai esse rasurar da memória portuguesa, basta lembrar, como assinalou Eduardo Lourenço em Imagem e Miragem da Lusofonia, que “o Brasil não celebra, nem nunca celebrou, a data da sua descoberta, como os Americanos festejam Colombo, que nem os “descobriu”. O Brasil – nota – “parece assim cometer um parricídio, mesmo inconsciente, vivendo-se, como realmente se vive, nos seus textos, nos seus sonhos, nas suas ambições planetárias, como uma nação sem pai.”
“Tupi or not tupi, that is the question”
Tentando explicar esta atitude, a psicanalista brasileira Maria Rita Khel afirmou que, no fundo, o Brasil gostaria de ter tido um pai rico – França, Holanda, Inglaterra, por exemplo – países europeus centrais e desenvolvidos, ao contrário do que aconteceu com Portugal, pai falido, que entrou em decadência menos de um século depois de Pedro Álvares Cabral ter chegado a terras de Vera Cruz…
Ditado pela natural necessidade de construir a sua própria identidade nacional, tanto mais precisa quanto a identificação com Portugal sempre foi muito forte, tendo-se mesmo prolongado muito para além da independência formal, em 1822, esse distanciamento em relação ao nosso país começou a afirmar-se no século XVII e atingiu o seu ponto culminante em 1922, na Semana de Arte Moderna de São Paulo, que marca a aberta e declarada construção de uma nova auto-imagem do Brasil.
Inspirado na história real do bispo Sardinha, de Salvador, devorado pelos índios caetés no século XVI, Oswald de Andrade, um dos epígonos do modernismo, lança, em 1928, o Manifesto Antropofágico, em que a indianidade é erigida em matriz da nacionalidade – os nativos vão devorar os que vieram de fora, os colonizados devorar os colonizadores, assim se tornando melhores e mais fortes: Brasileiros! Para que não restem dúvidas, Oswald enfatiza: “Só a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. (…) Tupi or not Tupi, that is the question”. E ainda: “Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval”.
A partir daí, no processo de elaboração da identidade brasileira, passam a ser valorizadas todas as outras raízes que não a portuguesa: a índia, a negra, a europeia de diferentes proveniências (italiana, espanhola, alemã, polaca…), a árabe (sírio-libanesa) e até a japonesa. Quanto ao Português, pior do que ter isso comido e reassimilado, passou a ser sistematicamente desvalorizado, chegando por vezes a ser colocado, como fazem os Estados Unidos com os imigrantes hispânicos, europeus e asiáticos, no mesmo plano de qualquer outro “grupo étnico”! Isto num país em que a maioria da população tem sangue português, fala, ainda que de outro modo, a língua portuguesa, cujo território foi desbravado, alargado e defendido por portugueses e cujo património histórico e cultural de maior valor é, ainda hoje, na sua esmagadora maioria, de origem portuguesa. Como também assinalou Eduardo Lourenço, chegámos assim à situação paradoxal de Portugal, no Brasil, estar ao mesmo tempo em todo o lado e em lado nenhum.
Mais do que do que preconceito ou estranheza, chega mesmo, por vezes, a haver autêntico desdém pelas coisas portuguesas, como reconheceu um dos articulistas do jornal Folha de São Paulo, quando, em 1999, assinalou a publicação de Mitologia da Saudade, primeiro livro de Eduardo Lourenço publicado no Brasil. Antes de assinalar a inteligência e a subtileza sóbria “desse grande ensaísta”, o crítico brasileiro sentiu necessidade, para se legitimar perante os seus pares e o público intelectual para quem escrevia, de dizer o seguinte: “Um livro sobre a saudade, escrito por um intelectual português, tem tudo para provocar reacções alérgicas no público brasileiro. Não há coisa a que sejamos mais refractários do que à cultura portuguesa. Para nós, é quase uma contradição nos próprios termos. Fernando Pessoa e José Saramago só passaram por nossa alfândega porque recalcámos a lusitanidade deles” (Marcelo Coelho, in Folha de São Paulo, caderno Mais, 5 de Setembro de1999).
Media lusa ausente, Portugal invisível
Este quadro, que só surpreenderá quem nunca tenha saído das águas plácidas do tautológico discurso oficial de uma nota só – que glosa até à saciedade a ideia de que Portugal e Brasil são “países irmãos unidos por uma amizade histórica” – não se fica entretanto a dever apenas aos brasileiros. Portugal também é responsável por isso. Não é só o Brasil que nos esquece, somos nós que não nos fazemos lembrar.
Antes de mais, porque conhecemos mal e nunca verdadeiramente valorizámos a nossa própria história no Brasil, talvez pelo facto de a epopeia portuguesa na América não estar nos Lusíadas. Camões morreu em 1580, assinalou que Portugal chegou à quarta parte nova “onde os campos ara” e que, “se mais mundo houvera, lá chegara”. Mas, praticamente toda a saga portuguesa do outro lado do Atlântico – da fundação das grandes cidades ao desbravamento e povoamento do território, da corrida ao ouro (que precede de dois séculos a sua similar do farwest), à defesa do país contra os invasores estrangeiros e, mais tarde, o abnegado trabalho de sucessivas gerações de emigrantes- tudo isso estava ainda por acontecer quando o poeta faleceu. Toda essa história está estudada nos seus diferentes e mais marcantes episódios, mas nunca foi compilada num só volume pela pena de um artista da dimensão de Camões que a fixasse para sempre na memória do país. Não estando nos Lusíadas, não está no imaginário nacional.
Depois, porque tem faltado, em particular na última década, uma estratégia devidamente articulada para nos tornarmos visíveis no Brasil, o que se traduz num comportamento casuístico e muitas vezes errático, em particular no plano mediático e cultural.
Desde finais da década de 90 para cá, o capital português começou a afluir ao Brasil, e Portugal chegou mesmo a ser, durante alguns anos, o terceiro maior investidor internacional no país, onde começaram a actuar algumas das maiores empresas nacionais, a maior parte delas com assinalável êxito. Hoje, para cima de 600 companhias com capital de origem portuguesa estão presentes no mercado brasileiro e o stock de capital português no Brasil ultrapassa os 15 mil milhões de dólares, assegurando para cima de 100 mil postos de trabalho directos.
Mas os media portugueses não acompanharam este movimento. Cabe, com efeito, perguntar: onde estão os media portugueses no Brasil? Onde estão os acordos de jornais com jornais, rádios com rádios, televisões com televisões, agências de notícias de um e outro país? Onde está o esforço da agência portuguesa de notícias para se afirmar no mercado brasileiro?
E as questões poderiam continuar: Porque é que a RTP tem, há anos, estruturas e investimentos importantes em todos os países de língua portuguesa, excepto no Brasil, onde se limita a ter um correspondente no Rio de Janeiro? Porque é que há uma RTP-África e não há uma RTP-Brasil? Porque é que a agência Lusa, que chegou a ter uma forte delegação em Brasília e já teve até uma Lusa-Brasil, sediada em São Paulo, agora tem apenas correspondentes locais que se limitam a mandar informação do Brasil, mas não fazem qualquer esforço para penetrar no Brasil? Porque é que o sítio da agência portuguesa de notícias é um dos mais fechados de todas as agências similares que estão presentes no Brasil? Porque é que a BBC tem uma parceria com uma grande rádio brasileira, a CBN, da rede Globo, a Radio France Internacional um acordo com a empresa pública brasileira de comunicação EBC e outro com a rede de rádios Radioweb e Portugal não tem nada disso?
A Aicep e o Turismo de Portugal promovem visitas regulares de jornalistas brasileiros das áreas do turismo e dos vinhos ao nosso país. Mas não existe, até agora, nenhuma acção semelhante dirigida aos colunistas e líderes de opinião brasileiros, nem qualquer programa de intercâmbio regular entre redacções dos dois países.
O apagão mediático português no Brasil que assim se prolonga e amplia tem já consequências estratégicas: as notícias de Portugal no maior país de língua portuguesa do mundo são dadas, cada vez mais, pela agência espanhola EFE!
Estratégia precisa-se
Apesar do inestimável serviço da TAP, hoje com 70 voos semanais unindo Lisboa e Porto com 10 das maiores capitais brasileiras, a verdade é que Portugal e Brasil ainda se ignoram muito: o Brasil não conhece ou conhece mal o Portugal mais moderno e Portugal desconhece o Brasil emergente e conhece mal, ou tem bastante esquecida e subvalorizada, a sua própria história no Brasil.
Dada a nossa proverbial escassez de meios, agora agravada pela crise, e na ausência de qualquer organismo encarregado da projecção externa do Estado, que a democracia portuguesa nunca criou, equacionar uma estratégia de continuada projecção de Portugal no Brasil é certamente uma missão difícil. Mas alguma coisa se poderia, mesmo assim, fazer, tendo em conta as imensas possibilidades abertas pelas novas tecnologias e o facto de Portugal poder contar no Brasil com uma grande comunidade de origem lusa, a par de uma vasta estrutura de representação diplomática, consular e comercial. E isso é tanto mais urgente quanto é certo que aos poucos vai saindo de cena todo um conjunto de personalidades tradicionais amigas de Portugal com cuja boa vontade o nosso país pôde contar para promover iniciativas que melhor ou pior iam mantendo viva uma certa presença cultural portuguesa no Brasil.
Talvez se pudesse começar por promover um Encontro Media/Negócios que colocasse frente a frente os principais responsáveis e órgãos de comunicação dos dois países, com o objectivo de se estabelecerem acordos cruzados capazes de potenciar as enormes possibilidades de cooperação que estão por explorar. O Ano de Portugal no Brasil e o Ano do Brasil em Portugal, que agora se iniciam, fornecem um bom contexto para promover uma iniciativa conjunta do género.
Com efeito, mais do que celebrações pontuais, que cíclica e ritualmente nos aproximam , mas são no fundo ilhas no mar de um afastamento cultural que permanece profundo e tende a alargar-se, valeria a pena tentar lançar as bases de uma aproximação mútua estruturante, capaz de permanecer de forma continuada e desenvolver, na base de intenso diálogo, o enorme potencial das nossas relações bilaterais. Mas isso terá de ser feito partindo do reconhecimento da distância e do “estranhamento” que entretanto se instalaram e que não vale a pena disfarçar com o discurso onírico da retórica oficial. Como também já assinalou Eduardo Lourenço, a narrativa do “país irmão” visa, no fundo, esconder a relação de origem país colonial/país colonizado que os brasileiros não querem evocar, como se fossem filhos de si mesmos, recalcando sempre o acto fundador português. Insistir nesse discurso equivale a um diálogo de surdos institucional assente na invisibilidade mútua, uma desfocagem de visão: por excesso (de Portugal em relação ao Brasil) ou por escassez (do Brasil em relação a Portugal).
Se nada for feito, arriscamo-nos a que se possa dizer de Portugal e do Brasil o que certa vez Bernard Shaw afirmou sobre os EUA e a Inglaterra – serem dois países separados pela mesma língua. Daí para cá, América e Grã-Bretanha souberam construir uma special relationship. O crescente imbricar de interesses de empresas portuguesas com brasileiras – PT com Oi, Camargo Correa e Votorantim com Cimpor, Galp com Petrobras… – talvez forneça o terreno para que entre Portugal e Brasil venha também um dia a existir uma idêntica relação especial. Tanto mais que o Brasil, à medida que se desenvolve e perde o “complexo de viralata” de que falava Nelson Rodrigues, tenderá a ser mais generoso para com a sua própria história, e portanto, também para com Portugal.
Mas não podemos esperar que isso aconteça por geração espontânea. Temos que agir nesse sentido, encarando as coisas como elas são, assumindo um relacionamento descomplexado e realista e sobretudo garantindo uma muito maior projecção da nossa cultura no Brasil. Dada a desproporção existente entre os dois países, haverá sempre uma diferença de impacto assinalável. Para já não falar das telenovelas, é garantido que qualquer acção cultural do Brasil em Portugal, ainda que pouco relevante, terá sempre assegurada ampla repercussão, enquanto a inversa não é verdadeira. Qualquer acção nossa, mesmo de mérito internacional reconhecido, se não for acompanhada por intensa acção mediática, passará despercebida do grande público brasileiro, como aliás aconteceu o ano passado, por exemplo, com a exposição de Paula Rego na pinacoteca de São Paulo.
Em 2000, ao fazer o balanço das comemorações dos 500 anos da Descoberta do Brasil, Eduardo Prado Coelho escreveu que se o nosso país quisesse assegurar uma presença relevante além Atlântico teria de “actuar em termos muito intensos de indústria cultural e ocupação mediática”. De então para cá, alguma coisa se fez. Para além do culto a Pessoa e a reverência para com Saramago, que continuam muito presentes, um punhado de autores portugueses contemporâneos – Miguel Sousa Tavares, Inês Pedrosa, Gonçalo M. Tavares, José Luís Peixoto, valter hugo mãe… – são hoje conhecidos no Brasil e a presença da Babel e da Leya introduz uma nota de prestígio no mercado editorial brasileiro. Os acordos de cooperação no cinema e no teatro, lançados pelo Tratado de Amizade e Cooperação de 2000, produzem também os seus frutos. No fado, Mariza é nome consagrado e, mais recentemente, Kátia Guerreiro, António Zambujo e Carminho, entre outros, também abrem caminho. Largas centenas de estudantes brasileiros fazem os seus cursos em universidades portuguesas e mantém-se intenso o diálogo académico a diferentes níveis.
Continua, entretanto, a faltar a tudo isso expressão mediática. Em 2004, a Globo retirou a RTP da sua rede de distribuição por cabo e a estação pública portuguesa perdeu, de um dia para o outro, 2/3 da sua audiência no Brasil. As emissões da SIC, que a substituíram, baseadas que são na programação interna portuguesa, não dialogam verdadeiramente com os diversos públicos do Brasil e a generalidade da imprensa brasileira continua a ignorar Portugal, excepto pelas más razões.
O alerta lançado há doze anos por Prado Coelho continua, portanto, actual. E a construção de uma relação especial entre os dois países permanece um desígnio por cumprir. O desafio é imenso e os meios são escassos, o que nos leva logo a pensar em Chico Buarque: “Tanto mar, tanto mar…”. Mas, como lembrou Mia Couto, “O mar foi ontem o que o idioma pode ser hoje – basta vencer alguns adamastores”.
* Carlos Fino é jornalista e foi conselheiro de imprensa na Embaixada de Portugal no Brasil (2004/2012).

 

_retirado de diálogos lusófonos

primeiro filme de timor foi premiado

 

Filme timorense A Guerra de Beatriz ganha categoria de melhor filme no Festival de Cinema da Índia.

Díli, 01 dez (Lusa) – A primeira longa-metragem timorense “A Guerra de Beatriz” ganhou o Pavão de Ouro na categoria de melhor filme no 44 Festival de Cinema da Índia, que decorreu entre dia 20 e sábado em Goa, anunciou hoje a imprensa indiana.

A primeira longa-metragem timorense “A Guerra da Beatriz” é um projeto desenvolvido no país e falado em tétum com legendas em inglês.

O filme foi realizado pela timorense Bety Reis e pelo italiano Luigi Acquisto, um dos poucos estrangeiros a estrar envolvido no filme e que se deslocaram a Goa onde receberam sábado o Pavão de Ouro e mais um prémio monetário de cerca de 58 mil euros.

“A Guerra da Beatriz” começou a ser produzido há quatro anos pela Díli Film Works e pela Fair Trade Films Austrália e é um filme de timorenses sobre Timor-Leste.

Escrito por Irim Tolentino, que também representa o papel de Beatriz, o filme foi inspirado numa história de amor de um casal francês do século XVI e adaptado à realidade timorense.

O filme conta a história de Timor-Leste entre 1975 e 2002 através do amor de uma mulher pelo seu marido e foi filmado quase todo na aldeia de Kraras.

Foi na aldeia de Kraras, perto de Viqueque, onde a 17 de setembro de 1983, há 30 anos, ocorreu um massacre perpetrado por soldados indonésios.

O Festival Internacional de Cinema da Índia foi criado em 1952, mas só começou a ser realizado anualmente a partir de 1975.

MSE // PJA

Lusa/Fim

011506 POR DEZ 13

“A Guerra de Beatriz” ganha categoria de melhor filme no Festival de Cinema da Índia.

A primeira longa-metragem timorense “A Guerra de Beatriz” ganhou o Pavão de Ouro na categoria de melhor filme no 44º Festival de Cinema da Índia, que decorreu entre dia 20 e sábado em Goa.http://observatorio-lp.sapo.pt/pt/noticias/-a-guerra-de-beatriz-ganha-categoria-de-melhor-filme-no-festival-de-cinema-da-india

"A Guerra de Beatriz" ganha categoria de melhor filme no Festival de Cinema da Índia. A primeira longa-metragem timorense "A Guerra de Beatriz" ganhou o Pavão de Ouro na categoria de melhor filme no 44º Festival de Cinema da Índia, que decorreu entre dia 20 e sábado em Goa. http://observatorio-lp.sapo.pt/pt/noticias/-a-guerra-de-beatriz-ganha-categoria-de-melhor-filme-no-festival-de-cinema-da-india

 

Filme timorense A Guerra de Beatriz ganha categoria de melhor filme no Festival de Cinema da Índia.Díli, 01 dez (Lusa) - A primeira longa-metragem timorense "A Guerra de Beatriz" ganhou o Pavão de Ouro na categoria de melhor filme no 44 Festival de Cinema da Índia, que decorreu entre dia 20 e sábado em Goa, anunciou hoje a imprensa indiana.A primeira longa-metragem timorense "A Guerra da Beatriz" é um projeto desenvolvido no país e falado em tétum com legendas em inglês.O filme foi realizado pela timorense Bety Reis e pelo italiano Luigi Acquisto, um dos poucos estrangeiros a estrar envolvido no filme e que se deslocaram a Goa onde receberam sábado o Pavão de Ouro e mais um prémio monetário de cerca de 58 mil euros."A Guerra da Beatriz" começou a ser produzido há quatro anos pela Díli Film Works e pela Fair Trade Films Austrália e é um filme de timorenses sobre Timor-Leste.Escrito por Irim Tolentino, que também representa o papel de Beatriz, o filme foi inspirado numa história de amor de um casal francês do século XVI e adaptado à realidade timorense.O filme conta a história de Timor-Leste entre 1975 e 2002 através do amor de uma mulher pelo seu marido e foi filmado quase todo na aldeia de Kraras.Foi na aldeia de Kraras, perto de Viqueque, onde a 17 de setembro de 1983, há 30 anos, ocorreu um massacre perpetrado por soldados indonésios.O Festival Internacional de Cinema da Índia foi criado em 1952, mas só começou a ser realizado anualmente a partir de 1975.MSE // PJALusa/Fim011506 POR DEZ 13
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