A CORTINA DOS DIAS DE ALFREDO CUNHA

A CORTINA DOS DIAS – LIVRO DE ALFREDO CUNHA, fotógrafo

"A Cortina dos Dias"
A Cortina dos Dias / Obscured by Shadows
Edição/reimpressão: 2012
Páginas: 280
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-06257-4
Idioma: Português
O fotógrafo Alfredo Cunha lança um livro antológico que cobre 4 décadas de intensa actividade, “A cortina dos dias”, um resumo, nas palavras do autor, de “uma vida fantástica, com acontecimento sucessivos”.
Em “A Cortina dos dias” está o 25 de Abril, a descolonização, a miséria social, as convulsões políticas, as revoltas a Leste, a guerra no Iraque, os órfãos na Roménia, a devoção católica, a Índia, a explosão da China e muito Portugal, do interior mais remoto ao bairro social carregado degraffiti.
Um livro de reportagens
“Isto é um livro de reportagens, é um livro de fotojornalismo, mas não tem é a estética normal do fotojornalismo, aqui existe uma cumplicidade com as pessoas, uma integração do fotógrafo no meio e não há uma utilização das pessoas quase como adereço que é a grande crítica que eu faço hoje ao fotojornalismo”, afirma.
Ao folhear-se “A cortina dos dias” sobressaem as imagens fortes dos rostos populares, mas quando interrogado sobre se pode ser considerado, em Portugal, o “melhor fotógrafo do povo”, Alfredo Cunha diz que não e fala de Eduardo Gageiro, de Gérard Castello Lopes, de outros fotógrafos.
Através da sua objetiva, intencional e plástica, revelam-se as luzes e sombras de um mundo e de um país em mudança, que nos levam a redescobrir quem somos e a trilhar novos caminhos
Fonte: Porto24
http://coisasdecomunicacao.blogspot.pt/2012/12/a-cortina-dos-dias-livro-de-alfredo.html

JUDEUS NOS AÇORES

Terceira – a chegada dos Judeus
by Francisco Miguel Nogueira on Wednesday, 23 May 2012 at 20:01 ·

Há exatos 511 anos, a 22 de Maio de 1501, os primeiros judeus expulsos de Portugal Continental aportaram aos Açores, pela Ilha Terceira, oferecidos como escravos a Vasco Anes Corte-Real, primogénito de João Vaz Corte-Real, que soube aproveitar as capacidades judaicas e integrá-los na sociedade.

Em 1492, os judeus foram expulsos de Espanha pelos Reis Católicos, pois não quiserem converter-se ao catolicismo, a grande bandeira destes reis, que tinham conseguido conquistar Granada neste ano, e expulsar os muçulmanos do seu último reduto na Península Ibérica. Cerca de 60 000 judeus emigraram para Portugal, onde D. João II, O Príncipe Perfeito, abriu-lhes as portas, obrigando-os a pagar 8 cruzados por pessoa e concedendo-lhes, em troca, licença de trânsito por oito meses. Aqueles que não tinham este dinheiro viram os seus bens confiscados para a Coroa e foram-lhes também retirados os filhos menores. Estes foram posteriormente batizados e entregues à guarda de Álvaro de Caminha, que partiu com eles para o povoamento da ilha de São Tomé, onde a maioria não resistiu às condições do clima. D. João II queria, assim, forçar a fixação de operários especializados em Portugal.

Com a morte de D. João II, sucedeu-lhe no trono o seu primo e cunhado D. Manuel I, que, embora fosse bastante tolerante com os Judeus, publicou, em 5 de Dezembro de 1496, um édito, em Muge, próximo de Lisboa, para a expulsão da comunidade judaica de Portugal, porque pretendia casar-se com a Infanta D. Isabel de Espanha, filha dos Reis Católicos e estes impuseram esta condição para haver boda. D. Manuel I apercebeu-se que a saída dos judeus do País levaria, também, à fuga de capitais do Reino, pois a comunidade judaica era formada por um escol de mercadores, banqueiros, médicos, economistas, ourives, entre outras atividades. Era portanto gente endinheirada. D. Manuel ofereceu barcos para quem quisesse sair do Reino, o que foi feito por poucas famílias abastadas, mas o Rei rapidamente mudou de estratégia.

Para D. Manuel I, a saída de tanta riqueza não podia acontecer, sobretudo num momento em que a aposta nos Descobrimentos era cada vez maior, e o capital judaico era muito necessário. Assim sendo, D. Manuel I decretou a conversão forçada de judeus, e até de muçulmanos, ao Cristianismo no prazo de dez meses. Nasceu, assim, o conceito de cristão-novo (vs os cristãos anteriores, chamados a partir de então de cristãos-velhos).

Em 1499, os cristãos-novos foram proibidos de sair de Portugal, mas tinham acesso a cargos políticos, administrativos e eclesiásticos. Além disso, D. Manuel I deixou-os praticar a sua religião de forma secreta, tendo uma política de grande benevolência para com os antigos judeus. Contudo, a diferenciação entre cristãos-novos e velhos era muito grande e estes últimos, impuseram várias perseguições e até massacres, obrigando muitos dos cristãos-novos a sair do país. Estes sentiam-se portugueses de segunda.

Em 22 de Maio de 1501, aportaram à Terceira, vários náufragos cristãos-novos que fugiam à perseguição no Continente. Estes se encontravam numa caravela que se dirigia para África, levando um grande número de judeus. O mar bravio destruiu-lhes o barco e obrigou-os a pedir ajuda na Terceira, provavelmente através do atual Porto Judeu. Vasco Anes Corte-Real, o Capitão Donatário de Angra, avisou D. Manuel I do sucedido e o Rei ofereceu-lhe os judeus como escravos. Assim nasceu a primeira colónica judaica na Terceira e nos Açores.

Vasco Anes Corte-Real rapidamente compreendeu as capacidades judaicas e o benefício que a Ilha podia receber com tal presença, assim os judeus foram bem acolhidos e tratados como iguais, longe do fanatismo que singrava a capital do Reino. A população cedo começou a entrar em contato com os rituais judaicos, que lhes eram permitidos praticar. Em 1558, a comunidade cristã-nova nos Açores já era grande e estes pagaram 150 000 cruzeiros à regente D. Catarina, avó de D. Sebastião, para prover as armadas da Índia. Em troca, D. Catarina prorrogou o adiamento da pena de confisco de bens aos cristãos-novos por dez anos, deixando-os envolver-se na vida do arquipélago.

Em 1501, num momento de terror para os Judeus no Continente português, foram bem recebidos na Terceira, onde puderam implantar-se e formar as suas comunidades. Com o passar dos anos, as suas crenças misturaram-se com os costumes locais, fazendo da Terceira um bom exemplo da mistura de religiões, com características muito próprias.

Num momento de crise, é bom olharmos para estes exemplos e percebermos a importância da tolerância e do apoio às minorias. É necessário respeitar os outros e não utilizar as desculpas dos problemas e da crise para desrespeitar a Liberdade e a individualidade de cada ser. Não devemos ser falsos hipócritas, fingindo ser o que não somos, devemos assumir a nossa personalidade com defeitos e virtudes e respeitar as diferenças.

A Liberdade de cada um termina quando interfere na do outro…seja ele quem for.

 

Francisco Miguel Nogueira

 

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Chrys Chrystello, An Aussie in the Azores (Um Australiano nos Açores)
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