Views: 2
Uma subida e uma aurora no Pico
Mais um capítulo das deambulações de Edgar L. Wakeman pelos Açores, em 1889. Este relata uma viagem de São Miguel ao grupo central, ao Faial, com passagem pela Terceira e por São Jorge, e a subida, pernoita e nascer do sol na montanha do Pico. Uma boa descrição, como habitualmente, com uma bonita descrição das mulheres do Pico, que até quando idosas «possuem aquela beleza luminosa que permanece com olhos de brilho perene.»
Cá vai a tradução do capítulo, a que chamei «Ao topo do Pico»:
—
Capítulo 5
Ao topo do Pico
Faial, Açores, 13 de Novembro de 1889. — Após uma viagem de quatro dias desde que saímos de São Miguel numa pequena embarcação costeira mercante portuguesa, durante a qual tocámos no porto de Angra, na ilha Terceira, e em Velas, na ilha de São Jorge, desembarquei finalmente na Horta, a capital da ilha do Faial, e imediatamente fiz preparativos para atravessar até à vizinha ilha do Pico, a cujo famoso e homónimo monte desejava ascender.
A ilha açoriana da Terceira é assim chamada por ter sido a terceira na ordem de descoberta. Tem cerca de 180 milhas quadradas e uma população de quase 60 000 almas. Há lá poucas alturas montanhosas ou promontórios oceânicos de pitoresco impressionante, nenhum oferecendo vistas de grandiosidade cénica, mas no interior das suas 70 milhas de linha costeira há muitos nobres planaltos atingindo frequentemente elevações de 3 000 e 4 000 pés acima do nível do mar. A Terceira, contudo, goza de algumas distintas superioridades, do ponto de vista açoriano. Sempre foi a mais leal à coroa portuguesa. Nada menos que três soberanos portugueses fizeram desta ilha a sua residência temporária, e foram erguidos belos monumentos em testemunho disso. A capital, e principal porto, Angra, aloja a aristocracia dos Açores: os títulos nobiliárquicos são em Angra tão comuns como os burros. Além disso, as suas ruas são mais modernas; os seus edifícios públicos mais belos; a cal e as tintas são mais brancas, mais azuis, mais rosas ou mais amarelas do que em qualquer outro lugar dos Açores; e, para coroar tudo, a cidade é a única nas ilhas que se orgulha de possuir um recinto para a festa de touros, ou tourada.
A ilha de São Jorge é um contraste completo, em muitos aspectos, com a Terceira. A sua área é talvez de 90 milhas quadradas e tem uma população de cerca de 19 000 almas. Topograficamente considerada, é a mais interessante de todo o arquipélago açoriano, com excepção, talvez, do Pico, que apenas a supera na altura extraordinária do seu único e tremendo monte. A sua linha costeira, de cerca de 20 ou 30 milhas, enfrenta a sudoeste tanto o Faial como o Pico, e é uma das muralhas marítimas mais impressionantes que alguma vez contemplei.
Quem quer que, através do inconstante nevoeiro do Quoddy [estreito entre o Canadá e os EUA, no extremo nordeste do Maine, que tem a ilha de Grand Manan em frente], tenha entrevisto as promontórios escarpados setentrionais da sombria ilha de Grand Manan, ao largo da nossa costa do Maine mais a nordeste, poderá ter uma excelente ideia desta imponente massa de promontórios que, durante meio dia de navegação, se confronta a partir do Mar dos Açores. São mais imponente, mais vastas e incomparavelmente mais sombrias e estranhas que as escuras alturas do norte de Manan, pois acima das ondas, quase sem interrupção, há aqui alturas, quase precipícios, não de 300 ou 400, mas de 800 a 1500 pés. Velas, a principal cidade, ou melhor, um mero povoado, qual mendigo ao sol, jaz sob estas alturas. Por trás, vulcões não há muito tempo extintos e de cujas erupções destrutivas, que outrora quase aniquilaram o vizinho povoado da Urzelina, restam ainda evidências. Velas é antiquada, desolada, indolente. A sua catedral e o seu hospital são as duas únicas construções dignas de alguma nota; os ilhéus dedicam-se preguiçosamente à agricultura, à pesca e aos salvados dos naufrágios; e os camponeses, que são extremamente pitorescos no vestir e nos modos, são tão primitivos em todos os métodos de trabalho como o eram os mouros de Espanha e de Portugal, de quem se diz que os habitantes descendem, e a quem se assemelham fortemente nas feições.
A Ilha do Pico, com uma área de 80 milhas quadradas e entre 25 e 28 000 habitantes, é a mais interessante dos Açores em dois aspectos particulares: o seu único e tremendo pico, de que a ilha deriva o nome, é a maior elevação que os marinheiros poderão alguma vez ver nas águas do Atlântico; e as suas mulheres são as mais belas que se podem encontrar em todas as costas atlânticas. O Pico, a montanha, ergue-se quase 8 000 pés acima do nível do mar. Do mar, pode ser avistado a uma distância de 75 milhas. A sua formação é vulcânica e presentemente é apenas um vulcão adormecido, pois a cratera no seu cume despeja constantemente correntes de ar de um calor tão intenso que, ao luar, ou em certas condições atmosféricas, ao amanhecer ou ao crepúsculo, uma chama pálida é facilmente visível a partir da costa oposta, no Faial. O Pico, a ilha, é a mais meridional do grupo central dos Açores, que inclui a Graciosa, São Jorge, a Terceira, o Faial e o Pico, e tem a forma de uma maça de malabarismo, com o cabo a leste e a cabeça maciça, com o seu agudo sílex de lava de 8 000 pés de altura, no extremo oeste.
Separa-o do Faial apenas um estreito canal através do qual os pescadores e os barqueiros da Horta e da Madalena nos atravessam, a remos, em menos de meia hora. Nas suas meia dúzia de pequenas cidades e, talvez, duas vintenas de povoados, ver-se-ão mais belas mulheres do que as que se encontrariam num ano de comum observação na Europa. Até as velhas mulheres casadas e as anciãs possuem aquela beleza luminosa que permanece com olhos de brilho perene. As meninas e as senhoritas são fisicamente encantadoras para além de qualquer descrição. A jovem do Pico tem o pé delicadamente arqueado da mulher espanhola, e as suas saias curtas revelam membros com a mesma graciosidade e formosura. Se a sua esplêndida figura tem um defeito, está na sua falta de estatura, mas em quase todos os casos a compensação encontra-se na sua proporção perfeita. A sua tez é pálida e cremosa, sem rosado nas faces. A sua boca é grande, móvel e trémula. Os seus dentes, sem falha, e um entusiasta insistiria que os seus lábios são enlouquecedores. O cabelo, não negro como na maioria dos tipos do sul, é daquele castanho-névoa que se vê por vezes nas encostas das montanhas opostas ao sol. Mas a sua coroa de glória são os olhos fundentes, lânguidos, e porém faiscantes. A beleza do seu rosto não é maior em repouso. Então, se inconsciente de ser observada, e como com as mulheres de todos os países tropicais onde a inteligência escasseia, o seu rosto tem em si um traço do animal esplêndido; e um toque discernível de desamparo e pathos. Mas ponham-se as suas feições em jogo activo com um homem no outro extremo desse esforço, os seus grandes olhos escuros, sonhadores e radiantes, ardendo e fundido semi-ocultos sob longas pestanas escuras, o suave e flexível movimento contínuo de cada parte do seu corpo esplêndido — pois todas as suas faculdades mentais e físicas jogam em responsiva harmonia com a sua língua ou os seus olhos — e ter-se-á chegado perto de algo que faz ansiar pelos poderes de um artista. Dizem por aqui que as turistas americanas e inglesas chamam a estas encantadoras raparigas do Pico «criaturas perfeitamente horríveis». Sem dúvida. As raparigas do Pico perdoam-nas, pois, de algum modo, isso faz crescer nos maridos dessas difamadoras a sua furtiva admiração.
À distância de São Jorge ou da Terceira, a montanha, o Pico, tem a aparência de um esgio cone negro emergindo do mar, as suas mais longínquas alturas truncadas aqui e acolá por brilhantes faixas brancas. Das alturas por trás da Horta, no Faial, se uma ocasional nuvem se interpuser, é de um fascínio prodigioso a sua aparência de incalculáveis altura e tamanho. Lá de baixo, da beira-mar, na Horta, parece que um precipício de altitude incomensurável se eleva ameaçadoramente sobre nós. Quanto mais se olha, mais portentosa esta aparência se torna, pois a montanha raramente se recorta nítida contra o céu, até que se é realmente tomado por um sentimento de apreensão, não vá aquela mais de uma milha de extensão invisível de lava endurecida estar prestes a desmoronar-se através do canal e a lançar a Ilha do Faial, numa massa polvorenta, ao mar. Observando-o de um barco enquanto se contornam as incomparavelmente pitorescas margens na sua base, não se imagina melhor maneira de a descrever, especialmente ao recordar que cada átomo de costa e de montanha foi expelido das profundezas em fogos vulcânicos, do que recorrendo à velha analogia com um vasto monte de cinzas de onde continuamente a escória de maiores dimensões rolou até às margens exteriores, entrando no mar, formando incessantemente uma base cada vez mais larga, enquanto a escória de peneira mais fina continuava a acumular-se, aumentando a altura do cone perfeito acima. Não há nada mais interessante do que estudar os afloramentos marítimos da base do Pico a partir de um barco aberto. Os promontórios do noroeste são extraordinários e impressionantes. De facto, a partir dos 200 a 300 pés acima da costa, imensas camadas ou estratos de lava escura mostram arestas tão limpas e direitas como as de uma muralha acabada de construir. Cada um dos estratos é evidência de uma distinta escoada de lava do vulcão acima. Em alguns lugares, chegam direitos até à beira da água, quais enormes lagos de alvenaria. Em alguns outros, estão esmigalhados e partidos, ou misturados como que por torrentes de lava. Para além de fenómenos como estes, há sempre também ásperos rochedos de lava emergindo do mar, nos locais onde as massas fundentes fervilharam, arrefecendo.
Noutros locais, nos extensos trechos onde a costa sofreu a plena força do embate do Atlântico, estes escarpados estratos foram ao longo de centenas de pés de altura desgastados em arcos, esculpidos em pilares e moldados em contrafortes, até surgirem, como se uma fractura de terremoto os tivesse dividido e lançado uma parte deles para as profundezas, as mais curiosas e caprichosas representações de ruínas de vastos e outrora ocultos templos. E nem sequer são mais curiosas do que a vista, a partir do barco, das encostas do Pico, subindo desta base grandiosamente pitoresca quase até às nuvens. Aos nossos olhos, é como se toda a superfície da montanha estivesse coberta por uma rede de arrendados, nas suas cores próprias de lava; como se a superfície de um chapéu de burro preto tivesse sido finamente entrelaçada com delicados fios de renda Guipure [um tipo de renda, semelhante à de bilros]. Neste estranho entrelaçado existiram outrora as famosas vinhas do Pico. Não há um único átomo de substância que mereça o nome de solo vegetal desde a base até ao cume do Pico; porém, há anos, nestes miríades pequenos compartimentos murados que se elevam acima uns dos outros tal como as cadeiras num teatro, as videiras medravam tão viçosas e verdes entre pedras negras e escória que nenhuma vinha na Toscana produzia mais finas uvas ou proporcionava mais bonitas cenas. Chegaram a ser enviados 25 000 barris de vinho por ano para o Faial, para exportação. Mas a praga chegou, as videiras foram totalmente destruídas e assim, embora hoje se reviva um pouco o seu cultivo, durante um quarto de século os pequenos compartimentos secos de lava adicionaram escuridão e tristeza à esterilidade dos flancos da montanha.
A pequena vila da Madalena, desembarcadouro da ilha, é um encantador e antigo ninho de preguiça e sonolência. Mas esta gente ilhoa é bela, radiante de boa disposição, e o simples facto de um estrangeiro vir ao Pico torna cada alma com quem ele contacta num esplêndido companheiro e amigo. Ou seja, pode-se organizar, por uma ninharia, guias e mantimentos para a subida da montanha. Estes guias usarão sandálias e terão muitos problemas com os pés. A maioria dos estrangeiros traz sapatos fortes, de sola grossa. Mas aprendi algo sobre o escalar de montanhas que todos os turistas deveriam saber.
Esteja sempre equipado com um par de botas de fabrico honesto, cujos canos cheguem quase aos joelhos. Use-as por baixo das calças de caminhada. E tenha sempre as solas grossas bem cardadas com pregos de ferro. Talvez não consiga cabriolar como as pastoras de palco. Mas conseguirá avançar penosa e discretamente, bem como alcançar o destino que escolheu, enquanto os seus demasiado refinados companheiros e os seus pitorescos guias ficam para trás, coxeando de dor, ou demorando-se nas nuvens mais abaixo, enquanto removem pedaços de glaciares enfiados sob os seus calcanhares ou cinzas vulcânicas afiadas como facas de entre os seus ensanguentados dedos dos pés. Era este o estado dos meus guias mesmo antes de completarmos cinco horas de escalada, e fomos obrigados a parar ao meio-dia, a uma altitude não superior a 5 000 pés.
Aqui nos demorámos três horas, sem um único vislumbre da paisagem. Uma nuvem leve como névoa parecia envolver toda a montanha. Mas seguimos em frente, após muita insistência com os meus guias, tendo-lhes revelado a minha determinação de alcançar o cume e de ali pernoitar. Cada passo era agora inseguro; não perigoso, mas sobre escória semelhante a púmice e sobre áspera cinza vulcânica, um solo que se quebrava alarmantemente sob os nossos pés. Caindo frequentemente neste solo, ou tropeçando ainda mais frequentemente na atrofiada queiró, chegámos finalmente ao cume. Nada se via além de uma faixa de cinzas à nossa direita e à nossa esquerda, e, como a névoa ainda nos envolvia, via-se também aquilo que parecia ser a superfície plana de uma imensurável vastidão aos nossos pés. O ar quente subia sufocante diante de nós. A névoa húmida rodopiava melancólica atrás de nós. Mal tivemos tempo de apalpar as redondezas e de procurar uma cavidade junto à quente orla externa da cratera, de nos prepararmos apressadamente para a noite e de mastigar um pouco de comida das nossas mochilas, quando a palpável escuridão caiu sobre nós, como o bater de uma majestosa asa. Os meus guias não se atreveram a mover-se, devido aos seus temores supersticiosos. Ao fim de cinco minutos eu dormia como nunca tão profundamente dormira. Tanto quanto sei, foi uma noite tão confortável, ali, mesmo no topo da agulha do Pico, quanto antes de Vicksburg, em ’63 [cerco de Vicksburg, durante a Guerra Civil Americana, em 1863, na qual o autor participou], ou nas florestas flamejantes de morte de Chatahoochie, em ’64 [raides realizados durante o cerco de Atlanta por Sherman, durante a Guerra Civil Americana].
Quando acordei, as estrelas, brilhando com aqueles maravilhosos fulgores e pulsações das estrelas dos céus tropicais, fitavam-me directamente nos olhos. Por um instante houve uma quietude tão profunda quanto os silêncios eternos. Esta quietude foi quebrada por dois tremendos roncos. Os meus guias estavam agora a salvo das bruxas e dos feiticeiros do Pico. Assim deitado, atingiu-me uma estranha sensação de isolamento, de solidão, de insegurança, de perigo. A sensação intensificou-se num verdadeiro pavor devido a uma singular tremura do próprio leito de lava onde repousava. Sente-se algo semelhante no topo de altos pináculos. Cheguei a perguntar-me se, ao levantar-me, não poderia, pela pura fascinação de tudo aquilo, rodopiar e mergulhar 8 000 pés dali abaixo, até ao canal do Faial. Uma multidão de devaneios fantasiosos como este tomou conta de mim até que um escurecimento das estrelas, um desvanecer e empalidecer do seu brilho, desviou os meus pensamentos. Pareceram então desaparecer, uma por uma. O negro do seu fundo matizou-se num vaporoso cinzento; depois, num lavanda perlado; finalmente, num azul-esverdeado do Nilo. Sim, era a gloriosa aurora! Levantei-me mesmo antes dos vermelhões surgirem a leste, quando ainda podia ver, acima do horizonte ocidental, as estrelas por empalidecer, tal a altura a que me encontrava. A meus pés, a vasta cratera de quase 2 000 pés de circunferência, as suas paredes em alguns pontos entre 200 e 300 pés de altura, enquanto das fendas escuras do seu chão perfeitamente plano o vapor e o fumo do vulcão adormecido rodopiavam tão pacificamente como de chaminés rurais no inverno.
Não se consegue ter noção do tempo quando se é o único ser pensante na posse de tal altura e de tal cenário; mas, por fim, dissipou-se o medonho fascínio da cratera do Pico e voltei-me para o mais grandioso ciclorama que os meus olhos jamais contemplaram. Mar e horizonte fundiam-se excepto onde o sol, como um majestoso globo de fogo, lançava ao zénite os seus gloriosos pigmentos e estendia sobre o mar, até à orla da ilha, uma inundação de trémulo carmesim. A nordeste e a norte erguiam-se a Terceira, São Jorge e, ao longe e desvanecida num engaste de ónix avermelhado, a bela Graciosa, numa orla espumosa de pérolas reluzentes; entretanto, o verde suave das alturas suavemente delineadas do Faial, aparentando estar tão próximas que se poderia responder aos flauteios dos cabreiros nas suas colinas, não era interrompido senão onde as casas colunadas da Horta brilhavam em fantasmagórico branco através dos discos ocidentais das suas encantadoras e circulares margens. A exultação, a euforia, a glória que nutre a alma, geradas por tais alturas e por tal cenário, não são suportáveis durante muito tempo por quem não sabe voar. Despertei os meus guias. Corremos pela encosta da montanha abaixo. Uma hora passada e almoçávamos num vale elevado, numa choupana de pastor, e ao meio-dia estávamos entre os pescadores e as lavadeiras da Madalena, junto ao mar.
Publicado pelo menos em:
– 1889-12-14 – Daily Morning Patriot, p. 1
– 1889-12-14 – Morning Journal and Courier, p. 1
– 1889-12-14 – The Daily Inter Ocean, p. 16
– 1889-12-14 – The Daily New Era, p. 3
– 1889-12-14 – The Pittsburg Dispatch (2nd part), p. 9
– 1889-12-15 – The Cleveland Leader and Morning Herald, p. 17
– 1889-12-15 – The Evansville Courier, p. 1
– 1889-12-15 – The Knoxville Journal, p. 1
– 1889-12-15 – The Meriden Sunday Journal, p. 5
– 1890-02-27 – Miami Union, p. 1
[A imagem reproduz uma aguarela de 1905 de Cass Gilbert: «Mt. Pico, Azores Islands».]

All reactions:
4
Deixe um comentário