José Soares Os Açores de Trump

Views: 4

José Soares

 

Os Açores de Trump

 

 

Chegaram finalmente as eleições nos EUA e o mundo, afinal, não acabou…

Marcelo Rebelo de Sousa, que dias atrás havia desejado que o resultado não fosse este, apressou-se a dar os parabéns ao novo presidente americano e lembrou o encontro que teve com Trump na Casa Branca em 2018:

“…Foi um ponto importante que permitiu desbloquear três questões sensíveis – a relevância estratégica dos Açores, o fornecimento do gás líquido americano a Portugal e a contribuição financeira portuguesa para a NATO – e é benéfico haver um relacionamento mais intenso entre chefes de Estado. Portugal foi o primeiro país neutral a reconhecer a independência dos Estados Unidos da América, a importância da comunidade portuguesa neste país, bem como a colaboração durante o seu primeiro mandato, nomeadamente a reunião na Casa Branca…”

Mais uma vez e pela voz do presidente da República, fica a demonstração da importância vital das Ilhas Açoreanas no contexto português.

Marcelo colocou «três questões sensíveis» pela ordem de importância de cada uma e os Açores em primeiro lugar das três, depreendendo-se ser esta a mais importante.

Como se vivia o tempo difícil da pandemia, Marcelo aproveitou para pedir a Trump para não aceder aos pedidos diretos de alguns políticos açor americanos, sobre vacinas e ventiladores a enviar para os Açores. E não esquecer o que fez Marcelo aos Açores nessa altura de grande crise mundial.

«Marcelo foi o responsável moral pela maioria das mortes que aconteceram nos Açores provocadas pelo COVID19, ao rejeitar o pedido do governo regional sobre o fecho temporário das fronteiras. Alegou continuidade territorial com a maldosa simplicidade de quem quer, pode e manda. Mesmo em caso de exceção não quis abrir mão do controlo da colónia. Num ato de pura ação psicológica, bem ao jeito da praticada às populações africanas durante a guerra colonial quando se tentava justificar as mortes infringidas na sua própria casa, decidiu, de um dia para o outro (como seu padrinho Marcelo Caetano fazia), ir até ao “local do crime” para consolo da população. Não interessa à política portuguesa ceder quaisquer pontas de indícios autonomistas, que não sejam absoluta e firmemente controladas por Lisboa. O Arquipélago dos Açores representa para Portugal o seu pé-de-meia dourado em vários aspetos económicos.» (publicado em janeiro2024).

Quanto ao fornecimento de gás líquido a Portugal e à contribuição financeira para a NATO/OTAN, tudo seria pago pelas contrapartidas do uso das Ilhas Açoreanas. Isto quer dizer que as “três questões sensíveis” apresentadas por Marcelo, resumem-se a uma: AÇORES. Estão as três interligadas. Tudo é pago pelos Açores, pelos interesses estratégicos retirados dos Açores pelos americanos. Que estas e muitas outras “questões sensíveis” sejam lavadas em consideração na Lei de Finanças Regionais, como o nosso Mar e o nosso Espaço Aéreo, etc.

Registemos estes factos para que possamos argumentar as nossas justas revindicações, à mesa da próxima Cimeira entre o primeiro-ministro português Luís Montenegro, o presidente do governo madeirense Miguel Filipe Albuquerque e o presidente do governo dos Açores José Manuel Bolieiro.

 

 

 

 

Publicado em açorianidades açorianismos autores açorianos | Deixe o seu comentário

eleicoes-EUA-POR-CHRYS-E-ONESIMO.pdf

Views: 8

Publicado em ChronicAçores | Deixe o seu comentário

A trumpulência vista por ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA

Views: 12

A trumpulência vista por ONÉSIMO TEOTÓNIO ALMEIDA, que conhece como ninguém os EUA, onde vive há 50 anos.
QUANDO SE ACORDA E AFINAL O PESADELO ERA REAL
Trump venceu as eleições norte-americanas. Pronto! Ao contrário do que aconteceu quando ele perdeu contra Biden em 2020 e se recusou a aceitar os resultados, muito embora tivesse sido informado pela sua equipa de que fora uma derrota legítima e nada havia a fazer (subsequentemente confirmado pelos tribunais), ele mobilizou as suas forças para a vergonhosa invasão ao Capitólio no insidioso 6 de Janeiro. Os factos estão mais do que estabelecidos nas declarações prestadas no tribunal. Centenas de invasores estão na prisão, todavia o seu chefe escapou, usando a estratégia de apelar indefinidamente para as instâncias superiores e agora acabou reeleito com a possibilidade de se auto-perdoar desse e de todos os outros seus crimes federais.
Mas a transição vai operar-se democraticamente, porque Biden segue as tradicionais regras de jogo e não desce ao nível de Trump. O eleitorado escolheu essa figura que desafia todos os códigos da moralidade e da decência (para muita gente justificado em nome da Bíblia e de Jesus – ao que chegámos!!!) e, portanto, tem agora direito a um mandato de quatro anos, mais imprevisível do que o tempo meteorológico nos Açores.
A situação é absolutamente nova. O Senado é Republicano, o Congresso está a caminho de o ser também. O Supremo Tribunal, que deveria ser apolítico, é maioritariamente Republicano. O Executivo, idem. Não me lembro nunca de alguma vez isso ter acontecido nos EUA (terei de confirmar com os historiadores, mas pelo menos nos últimos 50 anos não me recordo de ter presenciado tal cenário). No entanto, mesmo que tivesse acontecido no passado, nunca os EUA tiveram à cabeça um Presidente que não respeita a Constituição (aliás, um Presidente que não respeita NINGUÉM que discorde com ele) e faz gala disso.
Perguntam-me como antevejo os próximos anos. Não sei. E suponho que ninguém sabe. Trump tem agora carta branca para, na Casa Branca, nadar no pântano escuro e turvo que ele prometeu secar, sem haver possibilidade de intervenção por parte dos poderes paralelos, estabelecidos pelos Founding Fathers a fim de ficar garantido um equilíbrio democrático. Os autores da Constituição Americana nunca previram uma situação destas. Basta ler os seus escritos para que esta afirmação fique justificada.
O perigo de uma ditadura é sério, precisamente por ter agora desaparecido esse tradicional equilíbrio dos Três Poderes, onde o bom senso acabava sempre por triunfar. Um Presidente com um cadastro criminoso registado nos tribunais, um indivíduo que deixou registos gravados de desrespeitar todas as regras que não se coadunam com o seu infantil egoísmo e a sua mais que demonstrada falta de sensibilidade aos problemas do país e do mundo, vai ser capaz de tudo.
Os americanos têm uma expressão: Brace yourselves! Amarrem os cintos de segurança, porque vamos atravessar uma zona de grande turbulência até aqui nunca experimentada.
Em tempos, o Vice-Presidente agora eleito, J. D. Vance, acusou Trump de ser um novo Hitler. Que se cuide e porte-se bem. Trump é famoso por nunca ter sido leal a nenhum dos seus colaboradores (tudo factualmente mais que demonstrado). Acautele-se, porque Trump pode um dia cortar-lhe a cabeça. Mas ao menos no seu caso ele pôs-se a jeito aceitando concorrer com a pessoa que tanto desprezara. O pior é que Trump ameaçou fazer isso a tantos outros que nunca aceitaram cerrar fileiras com ele.
Já não me recordo de qual foi o membro do seu Gabinete, no mandato entre 2016 e 2020, que disse Deus nos salve se este homem volta à Casa Branca! É o que sinto neste momento. E não por ser anti-republicano nem pró-democrata. Apenas porque cresci acreditando numa sociedade moderna criada baseada em princípios democráticos em que o respeito mútuo, mesmo nas discordâncias, era o mínimo dos mínimos requeridos para o funcionamento do todo. Acreditei na América como exemplo do pior dos regimes exceptuados todos os outros (estou a citar Churchil, está visto) e chego ao fim de meio-século de vida americana com este triste desfecho.
O resto do mundo que se prepare. Brace yourselves! Vamos entrar numa zona de grande Trumpulência.
Para um inveterado otimista como eu, só resta esperar. O futuro já não é o que era. Resta-nos esperar que seja melhor do que promete.
Hoje no DIÁRIO DOS AÇORES
(O texto em Word foi-me cedido pelo autor)
Pode ser uma imagem de 1 pessoa
21 comments
50 shares
Like

Comment
Share
View more comments
Publicado em açorianidades açorianismos autores açorianos | 2 Comentários