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  • poesia publicada na editora chiado “entre o sono e o sonho” 2015-2025

    Views: 7

    maria nobody 2015, 2017, 2018

    710 nao quero saber o teu nome 2019

    714 O BEM MAIOR COVID 2020

    724. Para uma biblioteca universal da felicidade 2021

    711 desculpa o atraso 2022

    736, não à guerra na ucrânia, 2023

    742 nii dores 2024

     

    738 imarcescível 2025

     

     

    ler aqui todos

     

    509. maria nobody, à maria mãe, (pico, 9 agosto 2011)

     

    maria nobody

    de todos ninguém

     

    de alguém

    de um só

    maria nobody

    com body de jovem

     

    maria só minha

    assim te sonho

    assim te habito

     

    maria nobody

    de todos ninguém

     

    maria nobody

    mãe

    amante

    mulher

    minha maria

     

    maria nobody

    de todos ninguém

    nem sabes a riqueza

    que a gente tem

     

    maria nobody

    de todos ninguém

     

    maria só minha

    dos filhos também

    maria nobody

    mais ninguém tem.

     

    In poesia chiado entre o sono e o sonho 2015 vol 6

    710. não quero saber o teu nome, 4.8.2019

     

    não quero saber o teu nome

    nem a tua idade

    nem o teu bairro

    nem o teu emprego

     

    não quero saber a tua riqueza

    nem o teu carro

    nem as tuas férias

    nem a tua família

     

    quero saber como tratas as estrelas

    e os animais

     

    quero saber onde nasce teu sorriso

    e as tuas lágrimas

     

    quero saber como tratas as nuvens

    a bruma e o sol-pôr

     

    quero saber como sonhas

    onde moram teus devaneios

    e se neles há lugar para os meus

     

    • Iin poesia chiado entre o sono e o sonho 2019 volume xi

     

     

    714 O BEM MAIOR COVID-19 21.6.2020

     

    Quando deixarem morrer os teus pais

    num lar sem água

    Deixa lá é por um bem maior

    Quando recusarem levar

    os teus pais ao hospital

    deixa lá é por um bem maior

    quando recusarem tratar os teus pais

    porque os remédios são caros

    deixa lá é por um bem maior

    quando derem aos teus pais

    morfina que inibe respirar

    em vez de entubarem num ventilador

    deixa lá é por um bem maior

    quando em nome de um vírus

    te tirarem toda a liberdade

    deixa lá é por um bem maior

    quando em nome da saúde

    te controlarem o smartphone

    deixa lá é por um bem maior

    quando em nome de um bem maior

    te levarem ao matadouro

     

    deixa lá é por um bem maior

     

    in poesia chiado entre o sono e o sonho 2020 vol. xii

     

    724. Para uma biblioteca universal da felicidade 1.5.2021

     

    se poeta sou

    sei a quem o devo

    ao povo a quem dou

    os versos que escrevo

    (lembrando poema de fernando manuel bernardo

    cantado por manuel freire)

     

    se poeta sou

    sei a quem o devo

    a meu pai

    que me ensinou

    a gostar de poesia

    dos clássicos aos neorrealistas

    da antologia da novíssima poesia

    da maria alberta meneres e m. de melo e castro

    à matura idade de mourão-ferreira

    quando só me apaixonava

    por quem gostava de poesia

    e sabia sonhar nas marés

    de paul eluard à autobiografia de maiakowki

    dos 40 anos de servidão de jorge de sena

    aos operários em construção de vinicius de moraes

    fiz minhas as lutas dos trabalhadores

    espoliados escravos da ditadura

    e dos infantes que se opunham à guerra

    organizei concertos de música proibida

    marchei à frente dos cavalos da gnr

    dos poemas escolhidos de jorge luís borges

    e entre duas memórias de carlos de oliveira

    lavrei meu canto e lavei a minha alma

    mas quem me ensinou

    foram os livros que levei

    para timor, macau e austrália

    zeca afonso no livro proibido

    os cantares do single de 1964

    que ouvi ao vivo no tup no porto

    aprendi lawrence ferlinghetti

    em como eu costumava dizer

    revoltei-me e tornei-me animal político

    no uivo de allen ginsberg

    com todos subi às montanhas de bobonaro

    e boiei na areia branca de díli

    a vocação animal de herberto helder

    levou-me a imaginar sereias em Bali

    cabaias e ousados cheong sam

    de ninfas orientais nos casinos de macau

    os olhos de silêncio de ramos rosa

    fizeram-me sofrer amores incompreendidos

    a invenção do amor de daniel filipe

    ou a sua pátria lugar de exílio

    fizeram da minha poesia uma arma

    a antologia breve de neruda

    e a crítica doméstica dos paralelepípedos

    ou a noção de poema de nuno júdice

    e o canto e as armas de manuel alegre

    foram livros de cabeceira

    até à idade do meio

    depois na idade matura descobri

    as maravilhas atlantes

    no fogo oculto de vasco pereira da costa

    dancei o tango nos mares do sul

    do eduardo bettencourt pinto

    e mergulhei nos poemas vadios

    de álamo oliveira

    e nos lugares, sombras e afetos

    do urbano bettencourt

    sem sair dos silos do silêncio

    de Eduíno de jesus

    e tantos outros autores

    que aprendi a decifrar

    neles me perdi e encontrei

    com eles serei amortalhado

    para que ao morrer se evole de mim

    o cheiro diáfano das palavras dos mestres

    e o mundo seja mais respirável

    e mais justo nas palavras dos poetas

    porque eu sei

    se poeta sou

    a eles o devo

     

    in poesia chiado entre o sono e o sonho 2021 volume xiii

    711. desculpa o atraso (lomba da maia) 5 janº 2020

    Frase de um poema de Lâmia Brito, incluído no livro “Todas as funções de uma cicatriz, doburro, 2017)

     

    meu amor desculpa o atraso

    fiquei preso num poema

    que nunca cheguei a escrever

    que nunca cheguei a declamar

    que nunca cheguei a dedicar

    e queria tanto ter chegado a horas

    queria tanto ter escrito

    queria tanto declamar

     

    meu amor desculpa o atraso

    fiquei preso num poema

    com as palavras que nunca te disse

    com os sentimentos que nunca te expressei

    como se o amanhã existisse

    queria tanto ter dito

    queria tanto expressar o amor

    como se o amanhã fosse hoje

     

    meu amor desculpa o atraso

    fiquei preso num poema

    e só tu me podes libertar

     

    in poesia chiado entre o sono e o sonho 2022 volume xiv

    736, não à guerra (na Ucrânia), 28. fevº 2022

     

    já não ouço os tambores de guerra

    silenciaram as sirenes aéreas

    os alarmes calaram-se

    as bombas não caem

    os soldados não disparam

    o choro das crianças ficou suspenso

    os mortos não estrebucham

    os feridos não gemem

    nesta guerra não há bons nem maus

    nem o czar nem os falcões eua

    neste mar de gente

    morta e inocente

    feneceu a humanidade.

     

    já não quero salvar o mundo

    nem salvar o planeta

    nem salvar-me a mim

    não quero salvar nada

    não quero guerra nem paz

    nem capitalismo nem comunismo

    nem nenhum outro ismo

    nem quero acabar com a fome

    ou a sede ou a pobreza

    quero voltar à pureza original

    da infância e da ingenuidade

    em vez de estar aqui velho

    à espera que nos matem a todos.

     

    In poesia chiado entre o sono e o sonho 2023 volume xv

     

    https://youtu.be/I6DggTPZPQQ

     

    742 dores – Maria nini nunca saberei viver sem ti 4.2.2024

     

     

    o pior de tudo são os silêncios sem fim

    entrecortados pelo toque dos sinos,

    o pior de tudo é não ouvir a tua voz

    ao telefone com colegas e amigas

    ou a ralhar com as cadelas ou comigo

    o pior de tudo é ninguém bater, o telefone não tocar

    e os silêncios dantescos como as sombras

    como os murmúrios que ainda ouço, das tuas dores

     

    o pior de tudo é a irreversibilidade

    as fotos que passam não voltam

    29 anos de memórias, partilhas, cumplicidades,

    e a certeza inabalável de que nada nos separaria

    e nada nos separará, ou afastará

    nem a morte traiçoeira que chegou sem ser convidada

     

    o pior de tudo são os silêncios sem fim

    entrecortados pelo toque dos sinos,

    o pior de tudo é não ter quem leia os meus escritos

    não os corriges nem criticas

    o amanhã não vai mudar nada

    e a solidão será companheira indesejada e fria

    havia tantos planos e projetos

    a tua vontade inabalável para os concluir

    mesmo quando já te faltavam as forças

     

    o pior de tudo são os silêncios sem fim

    entrecortados pelo toque dos sinos,

    como os murmúrios que ainda ouço, com as dores

    e as fotos que passam na moldura não voltam mais

    nem as poderemos recriar ou reviver

    e onde quer que vá estive lá contigo

     

    o pior de tudo são os silêncios sem fim

    esta irreversibilidade inaceitada

    chorar a saudade do teu riso alegre

    ansiar o teu sorriso cúmplice

    nestes dias chorosos e tristes

    solitários, vazios, silenciosos

     

    o pior de tudo são os silêncios sem fim

    esta imensa dor nunca vai passar

    a angústia e solidão não vai mudar

    preciso tanto de ti ao meu lado

    para me ajudares com esta dor

    não quero viver sem ti

    não posso crer que não vais voltar

     

    o pior de tudo são os silêncios sem fim

    e ninguém sente o que estou a passar

    só tu entendes esta dor

    só tu podes secar estas lágrimas

    só tu podes dar-me razão para viver

    e eu nunca saberei viver sem ti

     

    in poesia chiado entre o sono e o sonho 2024 volume xvi

     

    (ouçam a leitura sublime deste poema pelo Diogo Ourique)

    https://youtu.be/I6DggTPZPQQ?list=PLwjUyRyOUwOKRIA8XUWpVdMb8qRyjwlPB

    738 imarcescível 22.5.2022

     

    imarcescível quis ser

    escrevi livros, plantei árvores e tive filhos

    lavrei no granito natal

    os meus petróglifos de nazca

    em timor dissipei-me na areia branca

    em bali fui hippie em kuta beach

    em macau fiz tai chi no lou lim iok

    na austrália nadei em rottnest island

    em bragança renasci transmontano

    e no basalto açoriano gravei

    imperecíveis poemas

    este o improvável epitáfio

     

    in poesia chiado entre o sono e o sonho 2025 volume xvii

     

     

     

     

     

     

  • Scientists admit the Covid vaccines aren’t as effective as claimed

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    The World Health Organisation claims their roll-out prevented 14.4 million deaths worldwide in their first year, with some estimates closer to 20 million.

    Source: Scientists admit the Covid vaccines aren’t as effective as claimed

  • 611 hipocrisia de votos por chrys c

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    Hoje os candidatos locais do PSD bateram à porta e ficaram muito admirados por eu não os receber, sou coerente!

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    Source: Património audiovisual de Timor-Leste em risco de se perder por falta de recursos – TATOLI Agência Noticiosa de Timor-Leste