poesia ruy galvão de carvalho

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RUY GALVÃO DE CARVALHO – POESIA AÇORIANA
Sol-Pôsto
É ao tombar da noite, tarde ainda,
Quando as sombras dos Longes vêm descendo
Sôbre os montes, e as coisas vão perdendo
A sua côr real, intensa e linda…
É a hora do Ocaso, hora em que finda
Tôda a labuta, quando se escondendo
O Sol, no Adeus final, a terra vendo,
Tem síncopes de luz na treva infinda!
Hora crepuscular e transitória,
Em que a Alma das coisas se transporta
A um mundo aéreo, a estância perfumada…
— Sol-Pôsto! Extrema-Unção do dia, e glória
Da noite perpetuando a vida! — porta
Aberta sobre o pélago do Nada!…
Ruy Galvão de Carvalho, In: Sol – Pôsto, Angra do Heroísmo, Livraria Editora Andrade, 1935.
@Ruy Galvão de Carvalho nasceu e novembro de 1903 em Rabo de Peixe. Frequentou até ao 3º ano a Faculdade de Direito de Lisboa mas licenciou-se em Ciências Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi escritor, professor, ensaísta, professor e poeta. Parte da sua obra literária foi publicada sob o pseudónimo Abd-el Kader. Notabilizou-se pelo estudo da vida e obra de Antero de Quental e pela divulgação dos poetas açorianos em “Poetas dos Açores” e “Antologia poética dos Açores”.