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«(…) Qualquer um pode defender que a morte destas altas individualidades foi devida a uma sabotagem perpetrada por criminosos e ou que maléficas forças estranhas, ainda que nunca identificadas, influenciaram ou provocaram o trágico desfecho que conhecemos.
Mas o que não pode ser ignorado é que quando o motor crítico de um avião com as características do Cessna 421 para à descolagem e não são seguidos os procedimentos adequados, as várias resistências aerodinâmicas surgidas, principalmente a combinação do torque e do fator P (assimetria), não conseguem ser vencidas com a potência do único motor que resta. São fenómenos explicados através de princípios da Física, princípios imutáveis, isto é, são “factos e não opiniões”!
O acidente de Camarate começou a desenhar-se muito antes de ter ocorrido. Dada a quantidade de anomalias graves de que o avião padecia, todas elas classificadas de “NO GO” (não vá voar!), aquele Cessna 421 A “Golden Eagle” deveria estar terminantemente proibido de voar.
Se fossemos fazer agora uma investigação do acidente, com o rigor do GPIAA, Gabinete de Investigação e Prevenção de Acidentes e seguíssemos todas as fases da investigação, ou seja a Informação Factual, a História do Voo, a Análise, as Conclusões e Recomendações de Segurança, chegaríamos à conclusão de que não foram respeitados os procedimentos de “antes da descolagem”; não se verificou a quantidade combustível a bordo nem a sua distribuição; a descolagem foi feita NÃO a partir do princípio da pista de serviço, como deveria ter sido, mas a partir de uma posição em que foi desperdiçado mais de metade do seu comprimento; aquando da paragem do motor crítico, o hélice deste motor não foi posto em “bandeira” e, finalmente, houve engano na seleção da válvula do combustível que foi posta erradamente na posição “OFF”, desligada, o que impediu que o motor esquerdo, alimentado através dos tanques da asa contrária, tivesse arrancado para, no derradeiro momento, salvar a situação.
Verificaram-se, portanto, erros humanos em cadeia, (Human Factors) houve falta de coordenação NÃO tendo o piloto à direita (monitoring pilot) servido como barreira de segurança para interromper a sucessão de erros cometidos.
Esta sucessão de falhas e de omissão de procedimentos que deu origem ao acidente, foi confirmada não apenas por peritos nacionais como os que fizeram os relatórios da DGAC mas também por peritos vindos, expressamente, de fora como o da Cessna, pelo investigador independente de acidentes de aviação Mr. Eric Newton, pelo professor da Universidade de Edimburgo Mr.J.K. Mason, pelo Armed Forces Institute of Pathology, pelos peritos da National Transportation Safety Board e por outras prestigiadas personalidades do mundo aeronáutico internacional. (…)»
[Victor João Lopes de Brito, coronel piloto aviador, in “A Viagem dos Argonautas]
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A Viagem dos ArgonautasACIDENTE DE CAMARATE – por VICTOR JOÃO LOPES DE BRITO
1 – INTRODUÇÂO O acidente de Camarate tem vindo a ser utilizado para alimentar jogos políticos e a maioria dos portugueses está convencida de que a morte do Primeiro-Ministro Sá Carnei…
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