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Falta de civismo de quem usa as trotinetes eléctricas preocupa açorianos e turistas
Há “falta de civismo” na utilização das Trotinetes na cidade de Ponta Delgada. Qualquer jovem, com um telefone, pode aceder à trotinete e são várias as irregularidades provocadas na sua condução, desde a circulação em circuitos pedonais até ´parerem em locais que não são os mais apropriados. Quem apoia mesmo a iniciativa são os turistas que reconhecem também que deveria haver mais responsabilidade na sua utilização.
“As pessoas é que não sabem usar”, “o problema não são as trotinetes, mas sim os seus utilizadores” ou “quem usa tem falta de civismo”, foram algumas das muitas frases ditas pelos inquiridos do ‘Correio dos Açores’ acerca do fenómeno das trotinetes eléctricas presentes um pouco por toda a cidade de Ponta Delgada.
O ‘Correio dos Açores’ foi à rua saber a opinião de mais de 20 pessoas e percebeu que os açorianos acham que “é uma má iniciativa”, ao passo que os turistas entendem que “é uma boa medida”.
Esta medida, implementada há cerca de uma semana, prevê a introdução de 100 bicicletas e 300 trotinetes da Bolt e será testada durante um ano.
Na ocasião, Pedro Nascimento Cabral sublinhou que esta medida se enquadrava nos “novos desafios de mobilidade urbana decorrentes da defesa intransigente da sustentabilidade ambiental” e que iria apresentar uma “melhoria da qualidade de vida das pessoas e numa circulação mais eficiente”.
De salientar que todos os inquiridos se recusaram a tirar foto com “receio de represálias” e por “este ser um “meio pequeno onde todos conhecem todos”. Por isso, os entrevistados têm nomes fictisios.
“As pessoas não têm
civismo…”
Segundo Paulo Jorge o “grande problema é que as pessoas não sabem usar” as trotinetes. Para o micaelense, para além deste problema, “as pessoas não têm civismo, circulam de tritonete em contramão, por cima das passadeiras e param onde querem, mesmo sabendo que não é o local apropriado de o fazerem”. Já o seu irmão, Tiago Jorge, reafirma que “o problema não são as trotinetes, mas sim as pessoas”, sublinhando que “qualquer um com um telefone pode conduzir porque na aplicação quem mete a idade somos nós”.
André Chaves tem uma opinião um pouco diferente. Entende que “esta é uma medida que já vem tarde e que não vai durar muito porque não se pode ter nada de bom nessa ilha uma vez que ninguém sabe estar”. O jovem diz que “é tudo uma questão de tempo até algum espertinho andar em contramão, provocar um acidente e a culpa vai ser da tritonete”.
André Chaves conta um episódio: “ainda ontem vi pessoas que estavam a reclamar porque havia um aglomerado de trotinetes a tapar o passeio como se estas aparecessem ali por obra e graça do Espírito Santo. As pessoas não sabem estar e isto ainda vai dificultar mais a vida a quem andar, por exemplo, de cadeira de rodas”.
João Silva é da opinião que “se devia de informar as pessoas das regras básicas de trânsito”.
Ainda segundo João, “as pessoas parecem que não sabem, ou não querem saber, de quem está na rua, andando muitas vezes em contramão”. O micaelense deixa ainda uma interrogação no ar: “Sem seguros e sem matrículas, se houver um acidente como é que vai ser?”
Já Pedro Louro é de opinião de que “as trotinetes dão jeito em algumas situações, principalmente para quem trabalha no centro da cidade e tem de estacionar o carro longe”. Contudo, para diz, esta também “será uma questão de tempo até as trotinetes deixarem de andar porque há muita falta de civismo”.
Turistas apreciam a medida mas deixam alertas
Arvid e Ingrid Jakobsson, jovem casal sueco de férias pela primeira vez nos Açores, afirma que a iniciativa “é muito boa, especialmente para nos deslocarmos dentro da cidade”, embora ressalvem que “falta sinalizar melhor onde podemos estacionar, porque vemos muitas trotinetes umas em cima das outras em locais onde não deviam de estar”.
Para Geert Drick, natural dos Países Baixos, “a iniciativa é boa”. Para o turista que costuma visitar São Miguel uma vez por ano, há já mais de 10 anos, as trotinetes “ajudam muito quem vem visitar a ilha, especialmente com o preço de aluguer de automóveis”, mas deixou um alerta: “vemos muita gente a andar que não sabe as regras de trânsito e andam em ruas que têm indicação de sentido proibido”.
Herbert Muller, alemão, afirma que “é bom ter onde se deslocar, sem ser muito caro”. Contudo, “o problema é que desde que cá estou vejo muita gente a andar no sentido oposto, a não cumprir as regras e a estacionar onde e como quer”.
No geral, os entrevistados entendem ser que deveria haver mais civismo na utilização das trotinetes e evitassem andar em contramão.
Frederico Figueiredo
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