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551. lágrimas por timor, até quando? 16 julho 2012
confesso sem vergonha nem temores
hoje os olhos transbordaram
lágrimas em cascata como diques
pior que a lois quando a chove
o coração bateu impiedoso
os olhos turvos a mente clara
as mãos trémulas de impotência
nas covas e nas valas comuns
muitos se agitaram com a morte gratuita
mais um casal de pais órfão
mais um filho varado às balas
sem razões nem justificações
poucas vozes serenas se ouviram
velhos ódios, vinganças acicatadas
o povo dividido como em 1975
sem alguém capaz de congregar o povo
sem alguém capaz de governar para todos
sem alguém acima de agendas pessoais
sem alguém acima de partidos
temos de ultrapassar agosto 75
udt e fretilin
a invasão indonésia e o genocídio
faça-se ou não justiça
é urgente um passo em frente
é urgente alguém com visão
um sonhador, um utópico
um poeta como xanana já foi
alguém que ame timor
mais do que ama suas crenças
mais do que ama suas ideias
mais do que ama sua família
talvez mesmo uma mulher
sensível e meiga
olhar almendrado
pele tisnada
capaz de amar
impulsiva para acreditar
liberta de injustiças passadas
solta de ódios, vinganças e outras
capaz de depor as armas
todas e liderar.