Os 70 anos da décima Ilha

José Soares

 

Os 70 anos da décima Ilha

 

 

Foi a 13 de maio de 1953 que o navio «Satúrnia» aportou a Halifax, na província atlântica de Nova Escócia, no Canadá. Nascia assim a décima Ilha açoriana que hoje é formada por quase meio milhão de emigrantes espalhados do Atlântico ao Pacífico, naquele que é o segundo país maior do mundo a seguir à Rússia.

Na página do Portal Diplomático, podemos ler:

“Foi em janeiro de 1952 que os países inauguraram oficialmente missões diplomáticas em ambas as capitais, tendo sido nesse ano acreditados o Embaixador William Turgeon como chefe da legação canadiana em Lisboa e, por seu turno, Gonçalo Luís Maravilhas Caldeira Coelho como Encarregado de negócios interino, assumindo a gerência da legação portuguesa em Otava. No entanto, a sua amizade e \os contactos oficiais têm raízes mais longínquas: a presença consular portuguesa no Canadá remonta ao início do século XIX, e os registos históricos notam a existência oficial de consulados portugueses no Canadá em 1945, data em que foi igualmente inaugurado o primeiro Consulado-Geral canadiano em Lisboa. Dois anos mais tarde, Portugal nomearia o seu primeiro Cônsul-Geral em Montreal.”

‘Durante estes 70 anos, Portugal e o Canadá uniram esforços para desenvolver um relacionamento sólido e abrangente nos domínios político, económico e cultural. Este ano será mais uma ocasião para ambos projetarem o futuro da sua relação, reafirmando a vontade de fortalecer laços de amizade alicerçados numa vincada afinidade entre os dois povos.’

E para dar início a essas comemorações, realizaram-se no passado dia 19, na Biblioteca Pública de Ponta Delgada e dia 20 em Angra do Heroísmo, duas sessões inaugurais, promovidas pela Direção Regional das Comunidades, Governo Regional dos Açores, onde passamos a citar:

“As referidas sessões públicas destinam-se a conhecer as importantes comunidades açorianas radicadas nas províncias canadianas de Ontário e Quebeque, na perspetiva da comunicação social, tendo como oradores convidados Nellie Pedro, diretora do programa televisivo “Gente da Nossa TV”, em Toronto e Norberto Aguiar, editor do jornal “LusoPresse” e do programa “LusaqTV”, em Montreal.”

Lembrar e comemorar datas como a do desembarque de um punhado de homens em Halifax, a 13 de maio de 1953, são ações de memória intrínsecas ao ser humano que nos permitem refletir criticamente sobre o passado e, são ao mesmo tempo, fonte de muitas lições para futuras gerações.

Na sessão em Ponta Delgada no dia 19, compareceram muito poucas pessoas – cerca de vinte – onde, aliás e pelo tamanho da sala escolhida, fazia prever fraca assistência. A Diáspora continua a ser o trauma que os residentes nas Ilhas querem apagar da memória, por razões que serão do foro psicanalítico. O menosprezo dos residentes nos Açores pela sua emigração é flagrante nas diversas manifestações culturais sobre o assunto.

Um assunto a que os estudiosos se deviam interessar…