ONÉSIMO: Do casario de Ouro Preto e de Angra do Heroísmo VICTOR RUI DORES

Do casario de Ouro Preto e de Angra do Heroísmo

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Casario Ouro Preto Angra

 

Na sua crónica “Ouro Preto – o mistério do seu casario”, publicada na edição de 24 de agosto do “JL”, Onésimo Teotónio Almeida fala da sua descoberta do Brasil colonial mineiro e das suas andanças por Ouro Preto. Escritor viajado, andou ele a tomar notas e a disparar fotos por tudo quanto era sítio, tendo ficado deslumbrado e com uma estranha sensação de “déjá vu”, ao deparar com as incríveis semelhanças do casario de Ouro Preto com o de Angra do Heroísmo, achando iguais parecenças nas ruas íngremes das duas urbes. E, para exemplificar, fez ilustrar o referido escrito com duas fotos daquela cidade brasileira.

Recentemente, em viagem pela ilha Terceira, calcorreei Angra do Heroísmo, e decidi-me dar uma achega ao artigo de Onésimo: munido do referido “JL”, pedi ao meu irmão José Elmiro Dores que tirasse duas fotos, uma na Rua do Galo e outra na Rua da Miragaia, procurando fixar os mesmos enquadramentos das fotos de Onésimo, para efeitos de comparação. As semelhanças do casario de Ouro Preto com o de Angra do Heroísmo saltam à vista e aí ficam à visualização do leitor:

 

Ouro Preto – Brasil

Rua do Galo – Angra do Heroísmo

 

Ouro Preto – Brasil

 

Rua da Miragaia – Angra do Heroísmo

 

No entanto, segundo Onésimo, há aqui um “enigma” e um “mistério”…

Sabemos, pela História, que cerca de 6.000 açorianos, na sua maioria oriundos das ilhas Terceira, Graciosa, Pico, Faial e São Jorge, rumaram para o Brasil na primeira metade do século XVIII (mais precisamente entre 1748 e 1756) e acabaram espalhados por todo o país até Manaus, concentrando-se em Santa Catarina e Rio Grande do Sul (fundaram mesmo Porto Alegre). Porém, Onésimo refere que não tem “nenhuma particular notícia de terem esses ilhéus encalhado em Ouro Preto”. E como se isto não bastasse, o insuspeito Vitorino Nemésio, que foi profundo estudioso do Brasil, não deixou nenhum registo escrito sobre esta matéria.

Por isso pergunto: receberei, num destes dias, alvíssaras de algum(a) leitor(a) sobre o “mistério” destas cidades gémeas? O Onésimo e eu agradecemos.

 

Victor Rui Dores