OLIVENÇA 1801

O Jornal espanhol  publicou, em 21.11.11, a matéria OLIVENZA CELEBRA DERROTAS
de J. R. ALONSO DE LA TORRE
No artigo o articulista critica o fato de Olivença estar a comemorar a Guerra das Laranjas de 1801com uma grande representação do acontecimento, celebrando uma guerra que os derrotou e uma conquista que acabou com  tantos de seus antepasados…..
 
Lembrando esta data cito um livro:
 

OLIVENÇA, 1801.
Portugal em Guerra do Guadiana ao Paraguai

de Manuel Amaral
Lisboa, Tribuna («Batalhas de Portugal»), 2004.
112 págs.
Preço: 25€ 
Comprar
 
 
OlivençaA guerra de 1801 entre Portugal e a Espanha aliada à França, é conhecida sobretudo por ser o momento em que se perdeu o território de Olivença. Mas este conflito, conhecido por “Guerra das Laranjas”, esteve longe de ter como preocupação fundamental aquela antiga vila Alentejana. Na realidade, as operações desenrolaram-se tanto ao longo das fronteiras de Portugal, como das do Brasil e no Oceano Atlântico.

Esta obra apresenta uma visão nova do desenrolar das hostilidades no território europeu, não só abordando os teatros de operações em que o exército português se confrontou com o espanhol, em Trás-os-Montes, no Algarve e no Alto Alentejo, mas também abordando a estratégia desenvolvida á época face ao que já se via como uma possivel primeira invasão francesa do território nacional. Aborda-se o desenrolar da Guerra na América do Sul, onde Portugal conquistou um imenso território, tanto no estado do Rio Grande do Sul como no de Mato Grosso, delimitando quase definitivamente as actuais fronteiras do Brasil.
Se Portugal perdeu Olivença logo no início das hostilidades, conseguiu no entanto realizar os seus objectivos estratégicos neste conflito. Foi esta a última guerra travada por Portugal com a vizinha Espanha.

http://www.arqnet.pt/portal/agenda/col_batalhas.html
— On Wed, 11/23/11, AMarques wrote:

From: AMarques
Subject: OLIVENZA CELEBRA DERROTAS? (ver la foto adjunta)
To: margaridadsc@yahoo.com
Date: Wednesday, November 23, 2011, 1:36 AM

NO!

“HOY”, 21-Novembro-2011
OLIVENZA CELEBRA DERROTAS
21.11.11 –
J. R. ALONSO DE LA TORRE
Olivenza van a celebrar la Guerra de las Naranjas con una gran representación del acontecimiento. Supongo que habrá soldados españoles que ataquen la fortaleza, ciudadanos oliventinos que la defiendan, sean soldados, sean civiles, y al final habrá conquista española, quizás algún saqueo si se quiere ser fieles a las guerras de antaño y después se celebrará algún evento gastronómico para festejar la fecha. La celebración se las trae. Los oliventinos celebran que fueron conquistados y derrotados, algo impensable en otras ciudades, que suelen celebrar sus victorias y triunfos, nunca sus derrotas. Esta ‘Macrorrepresentación de la Guerra de las Naranjas’ está levantando muchas ampollas en Portugal, aunque lo más destacable es la esquizofrenia que supone celebrar que a tus antepasados se los cargó un ejército enemigo, aunque tú ahora formes parte del país que te conquistó y estés encantado de ello. Solo conozco un caso parecido en Extremadura, se trata de la llamada Torre de Bujaco de Cáceres, nombrada así en honor del caudillo árabe Abu Jacob, que se cargó en esa torre a los últimos caballeros cacereños en una de las varias reconquistas de la ciudad. Aunque en ese caso pudiera haber truco y llamarse de Bujaco en honor a un ‘muñeco’ que en ella había. Sería más lógico pues a nadie se le ocurre ponerle a una torre el nombre del caudillo que mató a los tuyos. A nadie salvo a los oliventinos, que han tenido la idea de festejar la guerra que los derrotó y celebrar la conquista que acabó con tantos de sus antepasados.
(J.R. Alonso de la Torre)

Um comentário em “OLIVENÇA 1801

  1. Anonymous

    COMUNICADO DO «ALÉM GUADIANA»)Grupo OLIVENTINO autóctone)
    SEXTA-FEIRA, 2 DE DEZEMBRO DE 2011
    COMUNICADO sobre a encenação da guerra das laranjas
    Carta aberta aos oliventinos

    A ninguém escapa a controvérsia sobre a “Macro-representação da guerra das laranjas” que a nossa câmara municipal planeia celebrar em Olivença. Não questionamos as boas intenções de promover eventos que impulsem o turismo, e menos a sua soberania para realizar aquilo que considerar oportuno. Mas isso não impede a expressão de vozes contrárias a tal ideia.

    Na associação cultural “Além Guadiana” sentimos o compromisso de exprimir o nosso humilde ponto de vista. Respeitamos esta iniciativa, mas não a partilhamos. Abordar, embora parcialmente, este episódio histórico pode reabrir feridas em torno de um velho contencioso, gerando efeitos contrários aos pretendidos. Quer dizer, recuar muito no caminho destes anos.

    Um assunto tão delicado não deveria ser levantado de modo tão leviano. Aquilo que gira em torno deste episódio, que supôs o passo de Olivença para administração espanhola, é objeto de controvérsia na esfera da historiografia, do direito ou da diplomacia. Isso não implica considerá-lo um tema tabu, mas há outras maneiras de trata-lo, por exemplo através de congressos nos que historiadores e estudiosos o abordem de um ponto de vista académico.

    Vemos bem promover teatralizações históricas, de época espanhola ou portuguesa, com a maior sensibilidade e rigor. E precisamente a história da nossa terra está cheia de episódios apaixonantes e singulares, que podem ser recriados sem necessidade de tocar um assunto tão delicado.
    A guerra das laranjas, com o conseguinte Tratado de Badajoz e a suas consequências diretas, supuseram um trauma afetivo, económico e cultural para os oliventinos de então, antepassados nossos. E é aqui onde está a principal paradoxa, porque encontramos contraditório sermos nós, oliventinos, a aderir à lembrança de um feito que significou tanto sofrimento.

    Há muita coisa boa neste debate, surgido repentinamente; um debate que não deve ser planeado com confrontos, mas construtivamente. Não com a conjuntura do anedótico, mas da profundidade do importante. O que deve ser posto em causa não é só o maior ou menor acerto de uma encenação concreta, mas o próprio modelo de Olivença que nós, oliventinos, queremos para nós próprios. O debate é histórico e o momento é clave, porque estamos na encruzilhada de resolver regressar a um padrão incompleto da nossa identidade ou redobrar os nossos esforços para um modelo bicultural, reconciliando-nos com a nossa própria história, que não é melhor nem pior do que outras, mas diferente. E é nossa.
    No Além Guadiana trabalhámos pela nossa herança cultural portuguesa, afundando no labor já iniciado por tantas pessoas e instituições. E isso é feito de maneira altruísta, independente e apolítica, iludidos por um modelo no qual, culturalmente, nos sintamos tão próximos de Olivenza como de Olivença, fazendo da expressão “as culturas somam” a nossa máxima. Tão nossa é a história dos oliventinos do século XVI que tripularam galeões rumo ao Brasil como a dos que viram nascer a União Europeia no século XX.

    Estamos convencidos que temos que olhar sem complexos para Portugal, que não só está além do Guadiana, mas também entre nós, no nosso património histórico, monumental, cultural e linguístico. Olivença é única na península Ibérica, pela singularidade e riqueza do que possui. Mas fica muito por fazer para fortalecer a parte mais fraca da nossa cultura. É precisa a sensibilização dos cidadãos, o compromisso das nossas instituições.

    Pensamos que os nossos representantes institucionais e o povo oliventino partilham boa parte desta visão. E desejamos que o sereno debate nos leve a reafirmar esse modelo bicultural e integrador, que constitui a melhor ferramenta para o nosso desenvolvimento identitário, cultural e turístico.

    Associação Cultural “Além Guadiana”. Olivença. http://www.alemguadiana.com

Os comentários estão fechados.