o quarto de casal, natália e eduíno

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Re our dear Eduíno, from O BOTEQUIM DA LIBERDADE / Fernando Dacosta:
Quartos de casal
      Natural da mesma ilha de Natália Correia (São Miguel) António Valdemar, jornalista, escritor, conferencista, cruzou-se com ela na recepção do Hotel Sheraton, do Porto, no início de um encontro de açorianos ali realizado. E conta, em crónica no Diário de Notícias: «A grande afluência de hóspedes esgotara os quartos disponíveis, irritando Natália, a quem haviam reservado um de casal.
      ”Mas eu quero dois quartos”, exige ela.
      O recepcionista justificava-se: “Vossa Excelência desculpe mas o quarto não é para Vossa Excelência e este senhor?”
      Ela fulminou-o: “Não, é só para mim!”
      “Mas este senhor não é o seu marido?”
      “É!”
      ” Então Vossa Excelência não quer dormir com ele?”
      ”Não!”
      ”Nem sequer uma noite?”
      ”Nem uma noite. O meu é um casamento de cúpula, não de cópula!”
      Eduíno de Jesus, poeta açoriano, sacrificou-se, cedendo a Dórdio a sua reserva e indo para outro hotel.»
      Cenas dessas foram testemunhadas por mim quando, na marcação de pernoitas, sucediam equívocos do género. Natália não tolerava ninguém nos seus aposentos – que tinham de ser hermeticamente isolados da luz e do barulho, o que gerava, nas viagens, delírios inesquecíveis.
      Aos que a inquiriam por não ter filhos, respondia que a sua maternidade era «universal, não biológica. Casei as vezes que me apeteceu e isso de filhos e netinhos não é comigo porque fui muito cedo prevenida sobre os futuros efeitos nefastos do aumento populacional, que são hoje um pesadelo para a humanidade. Não tenho condescendências com o enfadonho espírito da conjugalidade».

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