O IMBROGLIO DA ESCOLA DO MAR

Exmo. Senhor Secretário, estou confusa!
Não tendo tido Vossa Exª. até a data oportunidade de me esclarecer os motivos que levaram aos Vossos atos, Estou confusa…
Não tendo sido apontado por Vos qualquer problema relativamente ao meu desempenho, seja na qualidade de Administradora Delegada da ADFMA, seja na qualidade de Diretora Executiva da EMA, ou mesmo na qualidade de docente/formadora nas diversas ações em que tive intervenção técnico-pedagógica, e tendo eu pautado a minha ação em função do objeto de trabalho desta Associação e em cumprimento do Plano de Atividades e Orçamento por Vós aprovado em quatro momentos distintos (na qualidade de Presidente do CA, na qualidade de associado em Assembleia Geral e na qualidade de Secretário em sede de aprovação dos Contratos Programa a atribuir à ADFMA), estou confusa… quais foram os reais motivos que levaram ao meu afastamento de forma tão abrupta e tão eticamente reprovável?
Tendo Vossa Ex.ª validado a decisão de regularizar a minha situação laboral como docente e Diretora da Escola (funções que efetivamente exerci com o seu conhecimento e aprovação), estou confusa… quais foram os reais motivos que o levaram não a afirmar que as minhas funções se extinguiam com a cessação de funções de Administradora Delegada (isto considerando que foi também por Vós validada a orgânica da EMA que define a Direção Técnico-Pedagógica como órgão colegial, composto por um Diretor Executivo, um Diretor Técnico-Pedagógico e um Coordenador Pedagógico, e sabendo que o meu vencimento passou a ser enquadrado como tal após aprovação do Plano de Atividades e orçamento em Vigor, Tabela 4: Despesas Estimadas com Recursos Humanos para 2021)?
Não tendo sido por Vós apontado qualquer objeção aos trabalhos em curso ou sugerida qualquer mudança de rumo, estou confusa… quais foram os reais motivos que levaram ao meu afastamento de forma tão abrupta e tão eticamente reprovável?
Havendo o compromisso assumido de viabilizar a abertura da EMA em setembro próximo e tendo eu e o outro elemento do Conselho de Administração trabalhado com zelo e responsabilidade para responder de forma eficaz a todos os desafios que urgia ultrapassar, sempre apoiados pelo trabalho irrepreensível dos nossos diretores técnicos, sendo facto que os procedimentos cruciais, previamente por Vós deliberados, não foram por Vós viabilizados, estou confusa… quais foram os reais motivos que levaram ao meu afastamento de forma tão abrupta e tão eticamente reprovável?
Num momento em que estavam a estruturar-se bases sólidas para avançar, em que estavam reunidas as condições para real capacitação técnico-pedagógica da EMA (dimensão chave para o sucesso do projeto) e tendo sido reconhecido em diversos momentos públicos, inclusivamente pela Vossa pessoa na Assembleia Legislativa Regional, o valor do meu trabalho, estou confusa… quais foram os reais motivos que levaram ao meu afastamento de forma tão abrupta e tão eticamente reprovável?
Tendo no novo Conselho de Administração assumido funções na passada sexta-feira, tendo eu solicitado indicação de momento para a devida passagem de serviço e tendo o novo Vogal transmitido que não é necessária qualquer colaboração da minha pessoa, considerando que o mesmo não tem qualquer habilitação pedagógica, que não é conhecedor dos processos em curso e que sem o devido enquadramento se corre o risco de se perder trabalho importante feito nos últimos meses, estou confusa… é inocência ou estratégia esta forma de gerir a transição de equipas?
Considerando que o novo Vogal do Conselho de Administração tomado inúmeras diligências (mesmo antes de assumir as novas funções), no sentido de fazer notar às partes interessadas/envolvidas que os projetos/ações (por mim concebidas, elaboradas e apresentadas) são de elevada importância para o bom curso dos trabalhos desta Associação e que são para executar (como seja o planeamento do curso de orientação vocacional para o mar ou o levantamento sociodemográfico do ativo da pesca), estou confusa… o que o leva a considerar que o meu contributo não tem cabimento? (quais foram os reais motivos que levaram ao meu afastamento de forma tão abrupta e tão eticamente reprovável?)
Neste ponto noto com especial pesar a falta de consideração da Vossa parte, pois sabe que este trabalho de caracterização sociodemográfica do ativo da pesca só é possível porque surge no seguimento do trabalho de investigação e mapeamento técnico que asseguro à DRP deste 2018 (se tiver oportunidade importaria compreender de quem foi a responsabilidade técnica da recolha e tratamento de dados fornecidos pela Região para produção das Estatísticas da Pesca 2018, 2019 e 2020…). Ora, o trabalho por mim desenvolvido permitiu à região passar a ter validação de dados pelo INE e permitiria à ADFMA começar a desenvolver um trabalho sólido de caracterização do ativo do mar na região e mapeamento de necessidades de qualificação, pelo que, não havendo à data ninguém com habilitação própria para este trabalho e com real conhecimento dos processos de qualificação e certificação de profissionais do mar, estou confusa… o que o leva a considerar que o meu contributo não tem cabimento? (quais foram os reais motivos que levaram ao meu afastamento de forma tão abrupta e tão eticamente reprovável?)
Certo é que assumo a responsabilidade de todos os momentos em que de forma assertiva fiz notar o meu parecer técnico sobre diversos assuntos (pois assumo que era para tal que auferia o meu vencimento), algo muitas vezes confundido como oposição impertinente, mas também é certo que assiste a Vossa Ex.ª, na qualidade de Presidente do Conselho de Administração, voto de qualidade em sede de deliberação, pelo que estou confusa… não fez até hoje chegar aos demais elementos do anterior Conselho de Administração as suas posições relativamente aos processos que ficaram pendentes por ausência da Vossa deliberação ou por impossibilidade Vossa de reunião, mas antes, numa ação tomada à revelia dos demais administradores, entendeu Vossa Ex.ª manobrar uma disposição estatutária para fazer valer as Vossas reais intenções… e em relação a esta questão fiquei mesmo confusa… não teria sido mais honesto, transparente e responsável assumir que entendia que o Conselho de Administração deveria mudar, preparando todos os processos de transição de pasta de forma correta, responsável e, acima de tudo, demonstrando consideração por quem trabalho de forma responsável e a um ritmo que porventura Vos foi alheio?
Falo obviamente do meu trabalho, mas também do trabalho desenvolvido pelo Comandante Nuno Henriques, cuja competência, perfil de qualificação e entrega será difícil de igualar! (Já para não falar do valor real que o seu contributo poupou à Secretaria, na qualidade de dono de obra… mas isso é assunto para outra reflexão).
Por fim Exmo.º Senhor Secretário, no meio de tanta confusão que me escuso a tentar perceber, pois é obvio que temos padrões de inteligibilidade e referenciais éticos distintos, apraz-me dizer que, porventura, mediante indicações de insatisfação da Vossa parte, poderíamos ter tido espaço para trabalhar em modo “rei manda”, mas até nos feudos mais pequenos, o rei tem que mandar para que os súbditos obedeçam… ou então assumiríamos que em espaços de trabalho concertado, conforme manda a praxis nos dias de hoje em entidades de direito privado, cabe à esfera de deliberação decidir o rumo a seguir e à tripulação levar o barco a bom porto, podendo o armador estar a bordo ou não…
Estou confusa. Fico tranquilamente confusa e de consciência tranquila, porque como sempre Vos transmiti, o meu compromisso foi desde o primeiro momento para com o projeto, e não para com cores políticas, porque este é, de facto, um projeto de interesse público, que deve servir os interesses dos profissionais do mar e que tem a responsabilidade de demonstrar evidência de boa gestão do dinheiro público que o assegura. Neste ponto, não pode haver espaço para confusão!
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