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O padre Leandro Maria Alves vai ser o novo bispo de Baucau, anunciou hoje o cardeal Virgilio do Carmo da Silva
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Vaticano nomeia padre Leandro Maria Alves novo bispo da diocese de Baucau
Díli, 26 abr 2023 (Lusa) – O Vaticano nomeou o secretário-executivo da Conferência Episcopal Timorense (CET), Leandro Maria Alves, como novo bispo da diocese de Baucau, cargo que está vago desde a morte do antigo titular, Basílio do Nascimento, em outubro de 2021.
Virgílio do Carmo da Silva, presidente da CET, anunciou hoje em Díli que Leandro Maria Alves, que é pároco da Catedral de Díli, vai ser ordenado bispo e tomará posse em Baucau, depois de um longo processo de seleção, que envolveu uma lista de três candidatos.
“Tenho a elevada honra e alegria de informar que sua santidade o Papa Francisco, em consequência do falecimento do saudoso Dom Basílio do Nascimento, e depois de aprofundada pesquisa e ponderada reflexão, houve por bem nomear vossa reverencia novo bispo diocesano de Baucau”, refere a carta da Santa Sé enviada a Leandro Maria Alves e lida hoje por Virgílio Carmo da Silva.
O “Papa Francisco agradece desde já a disponibilidade de vossa reverência de servir a diocese de Baucau como seu pastor com generosidade apostólica e zelo pastoral. A graça de Deus não lhe faltará neste divino ministério em comunhão com toda a santa Igreja católica”, refere a carta assinada pelo responsável do Vaticano em Díli, Marco Sprizzi.
Leandro Maria Alves substitui no cargo um dos bispos mais mediáticos do país, uma das principais vozes da Igreja na reta final da ocupação indonésia de Timor-Leste.
Basílio do Nascimento foi em 2011 nomeado o primeiro presidente da Conferência Episcopal Timorense, quando o então arcebispo Leopoldo Girelli, núncio apostólico de Timor-Leste, entregou aos bispos timorenses o decreto da Congregação para a Evangelização dos Povos que permitiu a criação da CET.
“Não quero ou posso fazer comparação com Dom Basílio. Sei e reconheço que não tenho a sua capacidade. Confio é no Senhor, ele é que me chamou e eu confio nele”, disse o bispo nomeado, agradecendo à Igreja católica.
A data de tomada de posse do novo bispo ainda não é conhecida. Leandro Maria Alves vai deslocar-se esta sexta-feira a Roma onde tem previsto, a 06 de maio, um encontro com o Papa Francisco.
O anúncio foi feito em simultâneo em Díli e no Vaticano, com a informação a ser publicada à mesma hora na Sala de Imprensa da Santa Sé.
O novo bispo nasceu a 10 de maio de 1974 em Ermera, tendo frequentado o Seminário de Kupang, na metade indonésia da ilha, e depois continuado os estudos no Seminário Maior de Évora, e posteriormente na Universidade Católica onde terminou a formação em teologia.
Entre outros cargos foi vice-pároco da Sé Catedral de Díli, formador no Seminário Maior de São Pedro e São Paulo, diretor da Fundação Diocesana São Paulo de Díli e diretor executivo da Comissão Nacional de Educação Católica de Timor-Leste da CET.
Foi ainda secretário Conselho Presbiterial Diocesano de Díli, reitor do Seminário Menor Diocesano Nossa Senhora de Fátima, Díli, e diretor da Escola Secundária Católica anexa (2011-2014).
Timor-Leste tem atualmente três dioceses, tendo no ano passado sido nomeado o primeiro cardeal do país, Virgílio do Carmo da Silva.
No passado chegou a avançar-se a possibilidade de virem a ser criadas dioceses adicionais, tanto na ponta leste do país como na Região Administrativa Especial de Oecusse-Ambeno (RAEOA), algo que não se concretizou até agora.
“Ainda estamos a sondar essa possibilidade, mas ainda não temos uma decisão sobre quantas, quando e como”, afirmou Virgílio do Carmo da Silva.
O processo de nomeação de um bispo diocesano é determinado no Código de Direito Canónico, cujo Livro II é dedicado à organização da Igreja enquanto instituição.
Em casos de diocese vacante, por morte, há duas opções para preencher a vaga, ou a transferência de um bispo de outra diocese ou a ordenação de um novo bispo.
Neste caso, a nunciatura apostólica questiona os bispos de outras dioceses – neste caso Díli e Maliana – sobre indicações de padres que possam ser ordenados bispos, sendo escolhido um nome acordado pela CET e pela nunciatura.
Depois de o nome ser escolhido, é feito um amplo questionário sobre o candidato no qual são ouvidos bispos, padres e até leigos.
Finalmente, quando o sacerdote é aprovado, o próprio núncio apostólico faz o convite ao escolhido.
Ao questionário foram acrescentadas recentemente questões sobre a atitude dos candidatos a bispos relativamente à proteção de menores e de adultos vulneráveis, contra abusos sexuais, abusos de poder e abusos psicológicos, entre outros.
O questionário inclui perguntas sobre se usa hábito eclesiástico, se é fiel ao magistério católico, se tem capacidade intelectual, se se opõe ao celibato obrigatório e à ordenação de mulheres, se segue a doutrina sobre matrimónio, ética sexual e justiça social, ou se é estimado publicamente “pelos sacerdotes, povo e autoridades”.
No capítulo doutrinal, o questionário é abundante: interroga-se sobre a “adesão convicta e leal à doutrina e ao magistério da Igreja”, a “fidelidade e docilidade ao Santo Padre, à Santa Sé, à Hierarquia”, a “estima e acolhimento do celibato sacerdotal” como é regulado pela Igreja ou a observância das normas de culto e do hábito eclesiástico.
ASP // PJA
Lusa/Fim
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