manuais digitais, um erro (título meu sobre artigo de Pedro Arruda

De entre os muitos males que a Covid fez ao mundo e foram imensos, talvez o pior deles todos tenha sido o mal que fez à cabeça das pessoas. Aquilo a que muitas já chamaram de insanidade pandémica e que pelos vistos parece que se prolonga no tempo bem mais do que a também já propalada “long covid”, que aflige covidiotas por esse mundo fora. A mais recente manifestação da loucura pandémica é a odisseia surreal dos “manuais digitais”. Embalado nos milhões do PRR e na cartilha mágica da “transição digital” o Governo decide impor uma reforma digital a martelo, sem opção de escolha, e toca a gastar fortunas, não com os miúdos, mas com a Samsung e corre todos os 5 e 8 anos com PC’s portáteis e powerpoints da Porto Editora, porque apesar de serem digitais não deixam de ser manuais, tudo isto numa geração que já não lê, que abomina livros e pura e simplesmente já não sabe o que é um jornal ou uma revista ou qualquer outro instrumento que seja feito dessa matéria prima antiga e imemorial chamada papel. Tudo isto seria normal, neste mundo de absurdos, não fora o requinte de idiotice que a administração das escolas vem de impor aos pais na forma de um Contrato de Comodato para utilização dos referidos computadores. Em lugar de adquirir os equipamentos, fazer os respetivos seguros e assegurar equipamentos de substituição, se for caso disso, acha por bem o Governo impor aos pais e aos alunos o ónus da culpa no manuseamento de um equipamento que nem uns nem outros pediram, quiseram ou escolheram usar. Se eu quiser que a minha filha seja “responsável” por um computador eu ofereço-lhe um. Se eu pago impostos é para que o Estado assegure os instrumentos necessários para um bom desempenho dos Sistemas de Saúde e de Educação, zelando para que haja professores, auxiliares, equipamentos e assegurando todos os elementos necessários ao bom funcionamento das escolas. Tornar-me a mim o polícia da bateria do Samsung da minha filha é o último grau da estupidez governativa. A maior prepotência do Estado não está na forma como impõe condutas e comportamentos, mas na forma como escolhe fazer de nós todos tolos…
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6 comments
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  • Pedro Peixoto

    Entretanto a ESAQ (por exemplo) continua a cair de velha e continuam a faltar professores e auxiliares… nada como definir bem as prioridades.
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  • Ricardo Bravo

    Obrigado.
  • Fabíola Jael Cardoso

    Concordo com muito do que diz. Só dois reparos, se me permite. 1- A editora que é parceira da Sreac é a Porto Editora, que tem tido palco descarado, sem travão de ninguém, para apelar a um quase monopólio na adoção dos seus manuais. Há, felizmente, ain…

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  • Celia Santos

    Assertivo. É isso mesmo. Uma loucura!