furacão em santa maria há 75 anos

Memórias
May be an image of body of water and nature
Foi há 75 anos que presenciei o maior furacão da minha vida: 4 de Outubro de 1946, em Santa Maria, Açores! Morava com os meus pais em Vila do Porto, na rua de traz, como então se dizia, virada para a ribeira Grande, como então lhe chamávamos (hoje chamam-lhe de S. Francisco, parece) e vi espantado as volumosas cataratas que, da área da Pedreira do Campo, se despenhavam na ribeira, para depois galgarem a praia do Calhau da Roupa! O meu pai levou-nos depois ao Forte de S. Brás para vermos as muralhas de água que avançavam sobre o cais e o Calhau da Roupa. Diziam ter mais de 15 metros de altura. Mas o mais impressionante foi o naufrágio de embarcações de pescadores, de que resultaram cerca de 30 mortos e muitos feridos, a maioria na Ponta do Marvão… Foi impressionante o cortejo fúnebre com tantos caixões! E durante três dias fiquei sem o convívio da minha mãe, que era enfermeira e que esteve voluntariamente (porque para casar teve que deixar de exercer a enfermagem) a trabalhar no hospital de Misericórdia. O meu vizinho, que era pescador ficou sem uma perna, que teve que ser amputada na sequência dos graves ferimentos que ali teve… Na altura não tínhamos máquina fotográfica, nem o Pepe tinha ainda a loja de fotografia, pelo que não ficámos com nenhum registo da ocorrência. Existem fotos da destruição do hangar no Aeroporto. Também vi então os seus destroços, mas confesso que não me impressionaram tanto como tudo o que atrás disse… Tinha então apenas 5 anos, mas ficou registado na memória para sempre!…
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