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Cron- Rádio .
Falta de educação e de respeito
Sou do tempo em que os pais ensinavam os filhos as regras da boa educação e do saber comportar-se com os da mesma idade, com a família e com os mais velhos. Quem procurava um empregado, tinha em conta e apreciava o bom trato do candidato, a sua forma de vestir e de relacionar-se com as pessoas, sobretudo as mais velhas, independentemente da sua condição social. Tudo isso revelava a personalidade do individuo e de como desempenharia a profissão.
A boa educação e o bom trato eram qualidades que se relevavam ao falar-se de alguém, a par da honestidade, do zelo e da competência.
Esses atributos já não têm o relevo que outrora distinguia as pessoas na apreciação do desempenho dos cargos privados ou públicos.
É vulgar hoje, figuras públicas desempenhando cargos de representação democrática ou candidatos a essas missões, comportarem-se no exercício dessas funções, sem respeito pelas normas da boa educação, não sabendo ouvir a opinião alheia, intervindo como se fossem donos da verdade toda, senhores do poder absoluto, impondo-se pela alta voz e não pela razão, atropelando os adversários, atacando-os com impropérios que nem em privado se dizem e desrespeitando as instituições e sobretudo o povo simples e honesto que os elegeu.
Essas situações tem vindo a repetir-se com frequência e estão a tornar-se regra, desses senhores que dizem representar os eleitores. E fazem-no com tal à vontade que, quem dirige as assembleias, dificilmente tem mão nesses desvarios.
Onde chegámos. O povo pode ser pouco esclarecido em determinados assuntos, pode contestar certas políticas e criticar, legitimamente, quem governa. Uma qualidade, porém, temos de reconhecer-lhe: no seu senso comum preza e exige a boa educação e o respeito por quem tem a responsabilidade de dirigir o destino coletivo.
Os debates da pré-campanha para as eleições presidenciais são um exemplo deplorável do que pode transformar-se o debate democrático e o direito à liberdade de expressão fundamentais em democracia.
A continuarem estes condenáveis procedimentos o que está em causa é não só a sã convivência social, mas o respeito do eleitorado pelas instituições e seus representantes. A continuar assim os agentes dessa falta de educação atentam contra as liberdades e o sistema político democrático.
Se vale tudo para conseguir esse objetivo, atacando o bom nome do adversário, dos jornalistas e dos que assumem os cargos públicos com sentido de responsabilidade e missão, há que parar para pensar se já atingimos ou não o grau zero do respeito pela pessoa humana.
Ponta Delgada, 30 nov.2025
José Gabriel Ávila
