em memória de Luísa Dacosta

Vale muito a pena ler também um texto de Luísa Dacosta, na primeira pessoa, publicado na revista “Única”, de 25 de Junho de 2005, do qual respiguei a seguinte passagem:

A nossa língua é espantosa. Acho que temos uma língua privilegiada. É uma língua que tem dois tempos. Um para o tempo que se gasta, que é o estar, e um tempo para a eternidade, que é o ser. É das poucas línguas no mundo que tem isso. Depois temos uma coisa espantosa, miraculosa, que é poder conjugar pessoalmente o verbo no infinito. O infinito é o verbo fora do espaço e do tempo. Penso que é a única língua do mundo que consegue meter o tu dentro do eu. Quando digo “eu amar-te-ei”, mete o “tu” e depois é que fecha o verbo. Temos essa possibilidade espantosa. A nossa língua é mitológica.

(http://expresso.sapo.pt/o-adeus-a-luisa-dacosta-que-subiu-as-arvores-ate-aos-50-anos=f911111)

———- Mensagem encaminhada ———-
De: Margarida Castro <>
Data: 26 de fevereiro de 2015 02:01
Assunto: Em memória de Luisa Dacosta (1927-2015)
Para:

Em memória de Luisa Dacosta (1927-2015)

“Uma livraria tem o seu quê de religioso e se não é só para iniciados, é pelo menos para amadores, para gente sem pressas, que sabe encontrar tempo para percorrer lombadas, acariciá-las, abrir um ou outro livro, um ritual de comunhão.”
Luísa Dacosta: Um olhar Naufragado – Diário II,  in: “Papel a Mais” (221)

Nota biográfica

Luísa Dacosta nasceu em 1927, em Vila Real de Trás-os-Montes. Formou-se na Faculdade de Letras de Lisboa, em Histórico-Filosóficas. Mas as suas “Universidades” foram as mulheres de A-Ver-O-Mar, que murcham aos trinta anos, vivem e morrem na resignação de ter filhos e de os perder, na rotina de um trabalho escravo, sem remuneração, espancadas como animais de carga (-Ele não me bate muito, só o preciso) e que, mesmo afeitas, num treino de gerações,às vezes não aguentam e se suicidam (oh! Senhora das Neves! E tu permites!) depois de um parto, quando o mundo recomeça num vagido de criança! Às mulheres de A-Ver-O-Mar “Deve” a língua ao rés do coloquial. Foi professora do ciclo preparatório e alguma coisa deve também aos alunos: o ter ficado do lado do sonho. Isso a tem motivado a escrever para crianças.

Nota bibliográfica

(http://paginas.fe.up.pt/porto-ol/aaf/fotobiografia.html)
A autora está representada nas seguintes antologias:

Daqui Houve Nome de Portugal, Eugénio de Andrade, 1969.
De Que São Feitos os Sonhos, Areal Editores, 1985.
Portugal: A Terra e o Homem, Fundação Calouste Gulbenkian, II Vol., 3ª série, 1981.

Escreveu:

Província
Aspectos do Burguesismo Literário
Notas de Leituras
Vóvó Ana,Bisavó Filomena e Eu
De Mãos Dadas Estrada Fora…I
O Príncipe que Guardava Ovelhas
O Valor Pedagógicao da Sessão de Leitura
De Mãos Dadas Estrada Fora…II
O Elefante Cor-de-Rosa
Teatrinho do Romão
A Menina Coração de Pássaro
De Mãos Dadas Estrada Fora…III
A-Ver-O–Mar
Nos Jardins do Mar
Prefácio a Raul Brandão
Corpo Recusado
A Batalha de Aljubarrota
História com Recadinho
Os Magos Que Não Chegaram a Belém
Morrer a Ocidente
Sonhos Na Palma da Mão
Na Água do Tempo
Lá Vai Uma… Lá Vão Duas…

Obras(http://pt.wikipedia.org/wiki/Lu%C3%ADsa_Dacosta)

  • 1955– Província (ed. Minerva, 2a ed. Figueirinhas, 1984) desenhos de Carlos Botelho
  • 1959– Aspectos do Burguesismo Literário
  • 1960– Notas de Crítica Literária (ed. Divulgação)
  • 1969– Vóvó Ana,Bisavó Filomena e Eu (ed. Portugália; 2a ed. Figueirinhas, 1983, com um desenho de José Rodrigues)
  • 1974– O Valor Pedagógico da Sessão de Leitura (ed. Asa)
  • 1980– A-Ver-O-Mar (ed. Figueirinhas, desenho de Armando Alves; 2a ed. Asa, 2005, com desenhos de Armando Alves)
  • 1981– Nos Jardins do Mar (ed. Figueirinhas) desenhos de Jorge Pinheiro
  • 1985– Prefácio a Raul Brandão
  • 1985– Corpo Recusado (ed. Figueirinhas) desenho de José Rodrigues
  • 1986– A Batalha de Aljubarrota
  • 1989– Os Magos Que Não Chegaram a Belém (ed. Cooperativa Árvore]] desenhos de Maria Mendes
  • 1990– Morrer a Ocidente (ed. Figueirinhas, com desenho de Armando Alves; 2a ed. Asa, 2005, com desenhos de Jorge Pinheiro)
  • 1992– Na Água do Tempo – Diário (ed. Quimera; 2a ed. Asa, 2005) hors-texte de Maria Mendes
  • 1992– Aleluia, na Manhã
  • 1998– À Sombra do Mar (ed. Expo98)
  • 2000– O Planeta Desconhecido e Romance Da Que Fui Antes de Mim (ed. Quimera) desenhos de Jorge Pinheiro
  • 2005– Sargaços
  • 2008– Um olhar naufragado- Diário 2 (ed. Asa) hors-texte de Tiago Manuel
  • 2008– A Maresia e o Sargaço dos Dias (ed. Asa) desenho de Margarida Santos

Livros Infantis

  • 1970– De Mãos Dadas Estrada Fora (ed. Figueirinhas) desenho de Jorge Pinheiro
  • 1971– O Príncipe que Guardava Ovelhas (ed. Figueirinhas)
  • 1974– O Elefante Cor-de-Rosa (ed. Figueirinhas)
  • 1977– Teatrinho do Romão (ed. Figueirinhas)
  • 1979– A Menina Coração de Pássaro (ed. Figueirinhas)