AGOSTO E A ANTECIPAÇÃO DO ANO ESCOLAR

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(A)gosto
Agosto é sinónimo de festas! Muitas e variadas festas! Festas para os mais novos, para os mais velhos, para todas as idades e gostos. Se contabilizarmos as festividades a decorrer nas ilhas do Triângulo, julgo não haver um único fim de semana sem, pelo menos, um festival. Agosto é sinónimo de banhos, de gelados, de esplanadas, de cerveja e tremoços, de sangria, de convívios, de encontros e desencontros, de família e amigos, de partidas e chegadas, de regressos e despedidas. Este é, felizmente, o agosto de grande parte dos portugueses, mas lamentavelmente, não é o agosto de todos. Para estes, os outros, agosto é o mês de trabalhar até à exaustão, de chegar ao final do dia sem sentir os pés, de sentir o suor a escorrer pelas costas, sem qualquer esperança de um mergulho refrescante, num qualquer recanto da nossa ilha. É o mês em que a inconstância do transporte de mercadorias faz mossa a qualquer negócio, é o mês mais desafiante numa região como a nossa, onde o turismo ganha cada vez maior expressão, com impacto direto no rendimento de inúmeras famílias. É o mês de sorrir perante clientes impacientes, quando a vontade é de desabar, é o mês em que todos os empresários, especialmente do ramo de hotelaria e restauração, se sentem mais pressionados, até porque é à custa destes meses de verão que muitos sobrevivem durante o ainda longo inverno açoriano. Bem sei que, segundo os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística, a sazonalidade nos Açores apresenta uma tendência decrescente, mas muito trabalho está por fazer para conseguirmos conquistar turismo durante todo o ano e em todas as ilhas. Aliás, e neste mesmo contexto, considero ser extremamente preocupante o aumento de quase 80% de insolvências em Ponta Delgada, nos primeiros 7 meses do corrente ano, comparativamente a igual período do ano anterior, estando o Presidente da Câmara de Comércio e Indústria dos Açores convicto de que este resultado não é independente dos pagamentos em atraso da administração pública. Felizmente que por cá, neste particular, registamos um saldo positivo, e um crescimento acentuado de novas empresas, pese embora o grave problema de mão-de-obra qualificada que atinge não só os Açores, como o restante País. É, também, por isso que agosto é o mês da resiliência!
E como o período é de férias letivas, vou-me abster de tecer considerandos sobre o mundo da educação, até pela certeza de que o assunto “terá pano para mangas” a muito breve trecho. Não posso, contudo, deixar de aqui demonstrar a minha estranheza com a antecipação do início do ano letivo para o período compreendido entre os dias 9 e 11 de setembro, aumentando o calendário escolar em toda a região mais 8 dias úteis do que o calendário definido no continente. Estou certa de que haverá algum motivo para que a tutela tenha tomado esta decisão, mas, na ausência de uma explicação (pública), resta-nos rezar para que o mês de agosto leve consigo este calor, para que a comunidade escolar aguente trabalhar nas suas respetivas escolas, com a dignidade que merece.
in Tribuna das Ilhas, 23.08.2024
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Fabíola Jael Cardoso

Também eu gostaria de saber o motivo para, nos Açores, começarmos o ano letivo mais cedo. Não deveria a tutela criar as condições para uma boa preparação do ano letivo? Como é que isso se faz em cinco dias úteis? Enfim…