ABAIA USAR OU NÃO

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Confunde-se tudo! A abaya não é necessariamente um vestido religioso. Depende da região, do país. Há muçulmanas que usam, outras não.
Concordo que não se use nas escolas a burka ou outras que tapem a cara num estado laico. É preciso que se identifiquem as pessoas; não tem sentido não saber se determinada aluna é ela, a prima ou a tia, etc.
Mas a abaya não tapa a cara e num país livre qualquer um deve poder vestir o que quer.
Quanto aos símbolos religiosos quase brincamos ou não reparamos. Há símbolos religiosos por todo o lado, principalmente cristãos. Vão tirar também os crucifixos que tanta gente usa ao pescoço? Vão mudar os nomes das ruas e cidades que têm nomes de santos? Vão disfarçar as igrejas com tapumes, como se fazia em Portugal com as sinagogas no séc. XIX, quando começaram a ser permitidas?
Não se trata do estado laico. Trata-se de atirar areia para os olhos escondendo problemas do quotidiano, como a segregação, a xenofobia, a falta de oportunidades para a segunda ou terceira geração de imigrantes, que até têm nacionalidade francesa.
Se essas alunas não forem à escola, ficam sujeitas a quem? E depois? Vão prendê-las, vão deportá-las (talvez não possam porque têm nacionalidade francesa)?
Espero que o governo francês não faça recordar, não volte aos tempos de triste memória, como a deportação de judeus de nacionalidade francesa, em que os colaboracionistas, do governo de Vichy, exportavam pessoas ainda mais diligentemente que os alemães, para os campos de extermínio ou as perseguições aos franceses de origem argelina, durante a guerra da Argélia.
Não são pequenas coisas. Começa-se por aí.
JN.PT
Quase 300 alunas foram para as aulas com abaya e dezenas foram mandadas para casa
António De Borja Araújo

O Estado francês andou mal. Ou promulgavam um código de vestuário abrangente ou, conforme fizeram, tratou-se de um simples acto de discriminação. Afinal, a abaya é mais respeitosa do que muitas peças de vestuário usadas, actualmente, pela malta nova qu…

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João Simas

António De Borja Araújo Em Portugal, normalmente o problema é ao contrário, alunas mais despidas do que vestidas. Nunca liguei muito a isso, mas já me aconteceu haver, mais que uma vez, uma aluna queixar-se de ter frio por causa de uma janela aberta (nas aulas tinha sempre pelo menos uma janela aberta, porque não estou para apanhar mais virus, dióxido de carbono e outros, com tanta gente a respirar). A resposta que dava era: vista-se com mais roupa que isso passa! Mas tive um colega de Biologia que mandou várias alunas (de barriga à mostra), vestirem-se com uma bata, mesmo numa aula mais teórica. Mas essa também é uma questão difícil. Se alguém diz alguma coisa vem logo um chorrilho de acusações, sobretudo se o professor for homem, normalmente de gente que não quer saber do ensino. Nunca tive paciência para entrar nesses “fait divers”.
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Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
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