a cultura ao desbarato, osvaldo cabral

A Cultura ao desbarato
O que se está passar com a Cultura nos Açores, ao nível dos poderes públicos, é de bradar aos céus e reveladora da forma como os políticos enchem a boca de compromissos programáticos cheios de palavras bonitas, mas depois tratam o sector à debandada.
Foi com o governo anterior, que apenas sabia atirar dinheiro para cima dos problemas e com especial preponderância para uma habitual clientela que sabe viver à custa do orçamento público, mas prossegue com o actual governo de coligação, que dá tanta importância à Cultura ao ponto de nomear para a tutela gente sem condições para desempenhar o cargo, como se veio a comprovar, apesar dos diversos avisos. Agora, é atirada para os calabouços de “assuntos culturais” e nem se sabe como é tutelada.
A situação que se vive neste sector é tão vergonhosa para a actual governação, que merece uma análise mais cuidada para outra altura.
Por agora, fica a história que contamos nesta página sobre a recuperação do antigo e histórico cinema do aeroporto de Santa Maria, que vai passando por dois governo e não há maneira de o colocarem a funcionar, apesar do edifício estar pronto (custou mais de 4,5 milhões de euros, está pronto, mas faltam os equipamentos do interior para pô-lo a funcionar).
À boa maneira da administração pública regional, esta enorme máquina preguiçosa de burocracia que criamos na Autonomia, as coisas não se fazem, é para se ir fazendo…
A história escandalosa da emblemática obra inacabada da Casa da Autonomia, em pleno coração do governo, em Ponta Delgada, é toda ela um monumento à pior vergonha da nossa administração regional.
Senhores governantes e políticos, ponham mão ao “Cine Atlântida” de Santa Maria, antes que aquilo volte a ruir sem nunca ter reaberto.
Os nossos antepassados, que ajudaram a construir o grande aeroporto de Santa Maria, que construíram o porto de Ponta Delgada e tantas outras grandiosas obras por aí espalhadas, noutros tempos e com menos recursos, ficariam de cara à banda se viessem cá ver como se fazem as obras públicas nesta terra: raramente bem feitas, sempre com trabalhos a mais e nunca prontas a tempo e horas.
Triste sina não termos gente forte como outrora.
Osvaldo Cabral
“Diário dos Açores” 29-04-2022 (que inclui reportagem sobre o novo edifício)
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