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Baçaim: A AngKor Vat de origem portuguesa
13.09.2015 às 8h00
Mais de 600 quilómetros percorridos de comboio, em condições extremamente precárias, levam a equipa do filme até Bombaim e à cidade abandonada de Baçaim, antiga capital do estado da Índia portuguesa do norte.
Bombaim antigo território português foi oferecido aos ingleses como dote de casamento de Dona Catarina de Bragança que, também acabaria por introduzir na corte inglesa o hábito do chá das cinco. É com esta oferta que se inicia a queda do império português do chamado “Estado do Norte da Índia”.
A equipa irá visitar várias cidades que possuem ainda resquícios da presença portuguesa: Damão, Diu e as ruínas de Baçaim antiga capital, hoje tomada pela selva.
Durante as filmagens é interessante perceber como alguns descendentes de portugueses confundem o seu catolicismo com o ser português. Aos seus olhos quem é católico é português.
“É meio estranho você caminhar por aquilo que vc percebe ter sido grandioso.”
Giovane Brisoto
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Ruínas portuguesas em Baçaim, estado de Maharashtra, Índia
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Ruínas portuguesas em Baçaim, estado de Maharashtra, Índia
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Miguel Gonçalves Mendes à esquerda e Giovane, ao fundo, nas ruínas. Baçaim, estado de Maharashtra, Índia
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Pedro Souza, editor, técnico de som e piloto de drone, nas ruínas portuguesas. Baçaim, estado de Maharashtra, Índia
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Praia em Damão, Índia
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Giovane à frente da porta do pequeno forte de Damão e Pedro e Miguel atrás da câmera
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Moradora de Damão canta em português
Paragens
27 Damão, Índia
28 Diu, Índia
km percorridos 21.789
km a percorrer 34.211
Dias de Filmagens 80
Dias para o término da viagem
Nova Portugalidade
35 mins ·
Baçaim, a capital desconhecida da Índia portuguesa
Cedida a Portugal por Badur Xá em 1534, a fortaleza de Baçaim, na costa ocidental indiana, rapidamente se transformou num dos principais centros de actividade portuguesa no Índico. Após a haverem obtido, os portugueses renovaram-na, expandiram-na e apetrecharam-na com a mais moderna maquinaria de guerra. Já à sombra das fortificações, e para que de Baçaim se fizesse um centro comercial de primeira importância, ergueram um conjunto urbano imenso e que surpreendia pela complexidade e completude.
Baçaim foi verdadeiramente, e talvez mais que qualquer outra localidade por nós erguida na Índia, uma cidade europeia em terra asiática. Feita de raiz onde antes só houvera mato, Baçaim era casa de grande número de portugueses chegados do Reino. Foi, e isso a distingue, planeada especificamente como centro urbano capaz de implantar a presença portuguesa, servir de base ao comércio que a Coroa lá mantinha e resistir a investidas inimigas. Em 1536, dois anos sobre a sua conquista, abriu-se lá uma igreja; três anos mais tarde, concluir-se-ia o forte de São Sebastião. Em 1547, fez-se a Igreja de São José que, renovada e aumentada em 1601, passaria então a coroar um conjunto que incluía um convento e um colégio. Outras igrejas, hospitais, conventos e colégios – eram dois, e ambos com currículo equivalente ao de uma universidade – apareceriam depois, marcando presença na cidade jesuítas, franciscanos e dominicanos.
Enquanto capital da Província do Norte, segunda grande subdivisão do Estado da Índia no subcontinente, Baçaim atrairia repetidamente o interesse dos adversários de Portugal. Caiu em 1739 após longo cerco e em situação de claríssima inferioridade de homens e meios. Uma tentativa posterior de reconquista, ensaiada décadas mais tarde, seria violada e inviabilizada pela intervenção inglesa, que tomou para si a cidade antes que os portugueses pudessem recuperá-la dos maratas. Baçaim seria depois desprezada pelos britânicos, que prefeririam concentrar-se na expansão de Bombaim, e progressivamente abandonada pelos seus habitantes. As suas magníficas ruínas, contudo, continuam a testemunhar a grandeza da herança portuguesa na Ásia.
Rafael Pinto Borges
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