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Restaurante centenário “A Vencedora” encerra portas esta sexta-feira.
“A Vencedora”, restaurante centenário e um dos mais antigos da cidade, vai encerrar portas já esta sexta-feira.
Lam Kok Lon, um dos proprietários, confirmou a informação ao PONTO FINAL e explicou que o fecho se deve à falta de interesse por parte das gerações mais jovens para gerir o negócio.
“É uma pena”, lamentou.
Vai encerrar já esta sexta-feira o restaurante centenário “A Vencedora”, na Rua do Campo.
“Já estamos velhos e não há sucessão para gerir o negócio”, explicou Lam Kok Lon, um dos irmãos proprietários do espaço, ao PONTO FINAL.
A meio de uma tarde atarefada no restaurante, Lam Kok Lon não quis falar mais sobre o assunto, acrescentando somente que “é uma pena”.
“A Vencedora” abriu portas, então, em 1918.
A sua história atravessa gerações.
Um artigo da Revista Macau conta que tudo começou com Lam Kuan, avô dos irmãos que agora gerem o negócio.
Lam Kuan foi cozinheiro numa embarcação ao serviço da Marinha Portuguesa e foi ali que aprendeu a fazer os pratos portugueses.
Quando deixou o trabalho na embarcação, Lam Kuan abriu então “A Vencedora”, nome que homenageia a embarcação onde tinha trabalhado e aprendido as receitas portuguesas.
Anos depois, o avô passou o negócio aos filhos que, mais tarde, passaram aos seus próprios filhos.
“Eu não tenho filhos e os meus sobrinhos têm bons empregos e não têm grande interesse nisto.
Neste momento, somos o meu irmão e eu, a minha cunhada e uma das minhas irmãs.
Temos todos mais de 60 anos”, dizia em 2018 Lam Kok Lon, à Revista Macau.
O blogue Macau Antigo conta que, para além do dia de descanso semanal – que é à terça-feira –, só fechou mais um dia, durante o motim “1-2-3”, em 1966.
“A Vencedora” estabeleceu-se em 1918 no número 26A da Rua do Campo, um espaço onde não cabiam mais de 30 pessoas sentadas.
Mais tarde, em 1992, o restaurante passou para o número 264 da mesma rua.
“A Vencedora” é um dos restaurantes mais antigos da cidade, apenas superado em termos de longevidade pelo Fat Siu Lau.
No início, a clientela era composta maioritariamente por militares em comissão de serviço em Macau.
Na década de 1940, chegou a haver cerca de 800 soldados portugueses nos quartéis de Macau, o que fez com que, nessa altura, os restaurantes portugueses começassem a despontar no território.
A Revista Macau detalha que, no Anuário de Macau datado de 1921, “A Vencedora” já constava na lista de recomendações como uma loja que comercializava vinhos, azeite, conservas e chouriços, e que também servia refeições no seu espaço e aceitava “comensais de fora”.
Da ementa – que raramente mudou ao longo dos anos – fazem parte pratos como minchi, bacalhau cozido com grão, iscas de vaca, feijoada, bitoque e até caldo verde.
Nas prateleiras, só há vinhos portugueses.
Em 2018, o restaurante tinha 15 trabalhadores que faziam parte da equipa há 30 anos.
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Vicente Domingos Pereira Coutinho
Bom dia, como este há vários que ja se sáo história..
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