MACAU E COVID POR LUIS ALMEIDA PINTO

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Todos temos o direito à opinião.
Sobre a mais recente crise de propagação do SARS‑CoV‑2 em Macau.
A actuação do Governo da RAEM até à altura da vacinação da população foi irrepreensível, defendendo as pessoas que aqui vivem em Macau contra a variante Delta do Covid-19, extremamente agressiva e letal, e evitando as fatalidades e o descontrolo epidémico que se viram acontecer por esse Mundo fora.
Mas não se fique com a impressão que o apoio financeiro do Governo à população resolveu os gravíssimos problemas económicos de Macau, embora tenha sido importante tal apoio.
Porque o encerramento de fronteiras e a criação da bolha à volta de Macau significou passar-se de um número de visitantes e turistas de 40 milhões ao ano para cerca de 7 milhões, e isso importou no encerramento irremediável de muitíssimas empresas, redução drástica da actividade económica e da população empregada, e uma deprimente desertificação e abandono da cidade Património Mundial.
Com a vacinação da população, começada em Janeiro de 2021, há quase dois anos, começaram a se perceber as primeiras debilidades das autoridades, quando não foram capazes de vacinar uma grande parte da população mais idosa, precisamente aquela mais sujeita às consequências perniciosas na contração do vírus.
Mas depois, as autoridades de Macau não foram também capazes de perceber que as novas variantes e sub-variantes deste coronavirus passaram a ser menos perigosas para a saúde dos infectados, a não ser para aqueles com doenças graves associadas, e desde que a população estivesse vacinada.
Com a progressiva vacinação das pessoas que aqui vivem e trabalham, e ao invés de Macau se abrir progressivamente ao Mundo, percebeu-se que a RAEM iria seguir servilmente a política oficial da República Popular da China dos “zero casos”, o que significou a continuação do bloqueio das fronteiras,
A não ser para os nacionais da China, mas pouco dispostos a viajar em tempos de grandes restrições e sujeitos a longos períodos de confinamento nas suas cidades de origem, e graves problemas económicos,
E o acumular de encerramento de lojas e restaurantes em Macau, a falência de empresas e a desmoralização e progressivo cansaço das pessoas.
Ao contrário de Macau, a nossa vizinha Hong Kong, igualmente com o estatuto de região administrativa especial da China e sujeita ao sistema político de “um país, dois sistemas”, e após o período inicial de vacinação da sua população, deixou de aplicar as restrições absurdas decorrentes da política dos “zero casos” e iniciou a recuperação económica.
Claro que Hong Kong tem outros problemas graves que impedem actualmente o seu desenvolvimento, designadamente a aplicação severa de leis que cerceam as liberdades individuais e colectivas da sua população, mas quanto ao combate ao Covid-19 alinharam já as suas políticas com aquilo que acontece em práticamente todo o Mundo.
Mas o servilismo e seguidismo das autoridades de Macau, quanto às políticas de combate ao vírus praticadas pela China, revelaram-se também nos acontecimentos mais recentes, que elevaram rápida e exponencialmente os números de infectados em Macau para (pelo menos) 115.000.
Após a eclosão de violentos e generalizados protestos contra as medidas de confinamento em muitíssimas cidades da China, o Governo chinês recuou na política dos “zero casos”, fazendo com que, acto imediato, o Governo da RAEM também o fizesse, acabando com as quarentenas obrigatórias em hotéis designados, e com a profusão de testes RAT e NAT obrigatórios à população,
Mas sem qualquer planeamento prévio, decidindo abruptamente aspectos fundamentais para a vida das pessoas numa absurda e perigosa governação à vista, por exemplo, deixando esgotar no mercado medicamentos e testes necessários à população e não assegurando antecipadamente a sua existência em stock,
E acabando com as restrições no período do inverno, e não em período anterior de primavera ou verão, em que as doenças típicas dessa estação do ano mais fria e rigorosa, como as pneumonias, dificuldades respiratórias, a gripe e outras, potenciam em muito a gravidade das consequências de contracção do Covid-19.
Em minha opinião, as medidas ora tomadas em Macau pecam por muito tardias, tendo existido condições para que as autoridades tivessem há muito mais tempo aberto Macau ao Mundo, e aos turistas que tanta falta fazem para a sua sustentação e desenvolvimento,
Simultaneamente com a adopção de medidas acrescidas de protecção dos estratos sociais mais débeis e desprotegidos, os idosos, os portadores de doenças graves e os carecidos de imunidade, para que a propagação do vírus nessa faixa da população não se torne num problema sério de saúde pública.
E, como aconteceu em todo o Mundo há já muitos meses, grande parte da população que agora contraiu o vírus não teve consequências muito graves para a sua saúde, não carecendo de hospitalização e bastando o tratamento em casa com medicamentos, pela natureza menos agreste das sub-variantes do vírus que aqui aportaram, ainda que muitíssimo mais contagiantes, e pelo facto de cerca de 90% da população se encontrar entretanto vacinada.
Proteger e tratar as pessoas mais vulneráveis, vacinar todos os idosos, abrir Macau ao Mundo e apoiar financeiramente todos os negócios atingidos sériamente pela crise da pandemia, deverão ser as políticas do Governo da RAEM nos próximos tempos, no meu entendimento.
Ah! E também afastar, e culpabilizar, todos aqueles agentes e funcionários incompetentes responsáveis pela desgraça que aconteceu a Macau nos últimos dois anos!
(Luís Almeida Pinto).
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  • Pedro Lobo

    Muito bem dito!!! 👏🏻👏🏻👏🏻
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  • Luis Trabuco

    Foi isso mesmo!
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  • Pedro Coimbra

    Chapeau!!
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  • Pedro Neves

    em parte estivemos deste sempre condicionados com a politica da china, mas para mim o mais grave foi não terem aprovisionado medicamentos suficientes, desde sempre teriam que ter a logistica de um contagio em massa, é completamente indesculpavel não h…

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