Views: 0
É çã, ú!
Corria o ano de 1992 e a campanha eleitoral para as presidenciais norte-americanas estava ao rubro com Bill Clinton a sentir a Casa Branca cada vez mais perto. Nessa altura ficou célebre a frase do estratega da campanha dos democratas, James Carville, “it’s the economy, stupid”. Sendo verdade que a economia é o motor do desenvolvimento de um país ou região não é, contudo, o fator determinante, esse papel cabe à Educação.
Sem um sistema de ensino capaz de formar cidadãos, de combater a iliteracia, de fornecer ferramentas para o futuro, não há como alcançar um desenvolvimento sustentado, criar riqueza e qualidade de vida.
Se a importância da Educação é uma evidência universal, a verdade é que Portugal e os Açores têm ainda um longo caminho a percorrer. Nesta perspetiva, devemos olhar com um misto de preocupação e satisfação para os últimos indicadores que medem o estado do ensino na Região. Por um lado regista-se com nota positiva a redução da taxa de abandono escolar precoce que entre 2020 e 2021 recuou 3,8 pontos percentuais, mas ainda está nuns alarmantes 23,2% que comparam com os 5,9% do resto do país e colocam os Açores na cauda da Europa. Um quadro preocupante e que se adensa se atentarmos nos dados do relatório sobre o Estado da Educação 2020 que revela serem os Açores a região do país onde é mais baixa a percentagem de alunos matriculados em ciclos de ensino que não correspondem à sua idade ou fora da escola.
Outro fator de preocupação, revelado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, é a baixa taxa de escolaridade do ensino superior que nos Açores é metade da nacional!
A obtenção do sucesso escolar tem que ser vista por todos como um desígnio regional, aprioridade das prioridades, e envolver as famílias e os professores, sem ambos não haverá sucesso, num modelo de ensino que não navegue ao sabor dos egos de ministros ou secretários regionais. O modelo educativo tem que ser pensado num horizonte alargado, com metas ambiciosas, mas exequíveis.
Com melhor educação teremos maior participação cívica, melhores empregos, menos pobreza e, em última analise, uma região mais próspera. Sim, é a economia, mas antes dela vem a Educação e só os estúpidos não percebem isso.
(Paulo Simões – Açoriano Oriental de 13/02/2022)
