vontade é partir. projetos para uma utopia (poema de chrys c de fevº 1976)

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vontade é partir. projetos para uma utopia (fevº 1976)

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vontade é partir. projetos para uma utopia (fevº 1976)

 

improvisa um despertar

nada tens aqui de teu

nada podes perder

quando nada tens

só a solidão pode perdoar

improvisa um despertar

dele será a tua luta

quotidiana

cobardes

inermes

inertes

e outros

bichos-de-sem-vontade

mero adorno

objeto a marginalizar

vontade é partir

tu

as alturas e as muralhas

montanhas do teu ser

vontade é erguer novo

tu

mundo dos filhos sonhados

habitantes futuros

improvisa um despertar

e parte!

o que é novo

o que é mundo

não espera

tu desesperas

parte já

novo o queres

logo é já amanhã

demasiado tarde

vontade é partir

fly me into the earth

plastic world

tudo é plástico

até o céu azul-metileno

as ruas

as casas

as próprias pessoas

no deposit on return useless as everything else

people to throw away pure waste everything’s plastic

até eu escrevo no plástico papel

com uma esferoplastográfica

vontade é partir

vivemos num mundo uniforme

sem classes só lutas

tudo é meramente igual

constante matemática complexa

a igualdade do ser ao plástico

vontade é partir

levem-me daqui

fly me

take me away

to longtime lost and forgotten worlds

matthew and son

o gato esteves

ainda hoje é voz

mas sem nome de cat stevens

terna expressão

diz-nos das mãos cansadas

trabalho de dias sem fim

em troca de quase nada ou nada

led zeppelin e a propulsão do hélio

pelo mundo toda a mensagem

whole lotta love

resultados trágicos

inesperados

vontade é partir

confundidos com a vinda do messias

os judeus de Israel

tomaram de assalto o sinai

sinal de quem espera amor

o todo total dos lados do suez

cá em baixo do céu

mulher

amor

nem de plástico

e tudo é azul

no calor tranquilo

modorrento da família

amoleces na indecisão

vontade é partir

deixa o hábito onde o usaste

sempre

num cabide

esquece-te dele

deixa passados por ressuscitar

sonhos irrealistas

qualquer passado

é futuro de triste presente

não é livre como o vento

nem raiz no pensamento

vontade é partir

como quem regressa

saber do hoje

o percurso frustre

 

O CERCO APERTA

andamento 1º

sou este cavalo louco

desfilo nas noites

cavalgo ideias

ignoro donos e senhores

sei da liberdade esta vontade

voz incómoda jamais obnubilada

et ça

ça suffit

andamento 2º

prometa a salvaguarda dos interesses

retome a louca compostura do silêncio

diálogos cruzados

impostor! anarquista!

destruidor premeditado da sociedade!

novo e ingénuo levado por utopias

belas e impraticáveis

pretendo a sociedade e não estereótipos

as estruturas disfarçam jogos subterrâneos

a estabilidade estagnante

é preciso reinventar a vida

entre os dois primeiros seres

partir numa conjugação correta do zero

abolir dogmas quaisquer que sejam

ordenar o código geral não-penal

andamento 3º

sem donos nem senhores

desfilada na noite

da libertação conheces utopias

tua a voz

incómoda

perdida a louca compostura

do silêncio

a vida no grau zero do zen.

 

 

Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
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