VASCO CALLIXTO IN MEMORIAM

Views: 0

Tertúlia Açoriana added 2 new photos from 30 December at 23:15.
In Memoriam
Vasco Callixto
Foi com profunda tristeza que recebi a notícia do falecimento do bom amigo Vasco Callixto, com quem tive o privilégio de privar de perto nos últimos anos.
Nome grado do nosso jornalismo e das letras portuguesas, muito aprendi com ele, com o seu imenso saber, sobre aspectos e figuras da História de Portugal, Geografia, diáspora portuguesa e pioneiros aeronáuticos portugueses, entre outros assuntos. A sua mestria na escrita, o seu talento descritivo e narrativo, foram uma fonte permanente de inspiração para o autor destas linhas, que se deliciou com as suas crónicas em que somos transportados a lugares, pessoas e tempos que, de outra forma, os nossos olhos e a nossa imaginação não alcançariam.
Vasco Callixto começou a trabalhar na imprensa no final da década de 40 e publicou mais de sessenta obras. O primeiro dos seus livros data de 1962 e tem por título “Fala a Velha Guarda”, um conjunto de entrevistas aos mais antigos automobilistas portugueses. Em 1965 publica o seu primeiro livro de viagens, com o título “Pelas Estradas da Europa”, sendo a literatura de viagens uma das vertentes mais prolíficas da sua vasta obra.
Entre os destinos privilegiados de Vasco Callixto estão os Açores, a que dedicou integralmente três das suas obras – “Pelas Estradas dos Açores” (1973), “Regresso aos Açores” (2002) e “Seis Dias no Faial” (2019) – mas as referências aos Açores e aos açorianos surgem frequentemente noutros livros como “Jornada Americana” (1976), “Por Estradas do Brasil” (1979), “Viagem à Costa Ocidental da América” (1983), “Por Estradas da Venezuela” (1989), “Portugal na Costa Leste dos Estados Unidos” (1994), “Uma Volta ao Mundo em Português” (1996) e “Miscelânea” (2017). Dizia-me Vasco Callixto que nas suas viagens, por todo o Mundo, contactou e conheceu inúmeros açorianos, de quem obteve informações extremamente interessantes para Portugal e, em particular, para os Açores, e sobre personalidades açorianas.
Pessoa simples e de trato afável, Vasco Callixto foi sempre um jovem, leal e pronto a ajudar todos os que se interessavam pelos temas que o apaixonavam. Para além da sua juventude de espírito, são de realçar o seu desejo permanente de enaltecer o nome de Portugal e de promover a auto-estima dos portugueses, dando a conhecer às novas gerações as realizações dos portugueses por esse mundo fora. O seu dinamismo e proactividade eram outras marcas vincadas da sua personalidade.
Escreveu, há poucos anos, o nosso Presidente da República, Professor Marcelo Rebelo de Sousa: “(…) expresso as antigas gratidão e admiração pela obra notável de Vasco Callixto, exemplo de juventude perene e de espírito ecuménico e universal, e que prestigia Portugal.”
Com a partida de Vasco Callixto, Portugal fica mais pobre: com os seus 96 anos, continuava a escrever – tendo deixado material para mais um livro – e era uma inspiração para todos nós, que o conhecíamos, pelas suas qualidades humanas e vigor jornalístico e literário.
Descansa em paz, amigo Callixto!
Nós, os que por cá ficamos, sempre te recordaremos com grande saudade.
Eduardo Brito Coelho, 30-12-2021
(versão PDF: https://bit.ly/3FVgsKw)
Chrys Chrystello