Vamos sequestrar os velhos por quanto tempo?

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«A reação pública, ou a falta dela, às mortes no lar de idosos de Reguengos de Monsaraz aumenta a minha convicção. Nesse lar houve um surto de covid, vários foram os infetados, não apenas entre os idosos, e acabaram por morrer 18 pessoas. No entanto, ficámos a saber, a maioria das mortes não resulta dessa doença, mas sim da falta de cuidados médicos. Os velhos morreram desidratados e, quando finalmente receberam assistência médica, tinham as suas doenças crónicas agravadas. Morreram porque foram abandonados à sua sorte. O que se seguiu? Gritos histéricos nas redes sociais? Não. Gritos histéricos dos partidos da oposição? Não. Palavras de conforto de Marcelo Rebelo de Sousa? Não. Mensagem grave, em direto para o telejornal das 20h, da Ministra da Saúde, da diretora-geral da Saúde ou da ministra do Trabalho e da Segurança Social? Não. Admito que me possa ter falhado alguma notícia, mas de facto não assisti a nenhuma comoção nacional. Nem pouco mais ou menos.»

Esta ausência de choque com a morte de velhos abandonados à sua sorte mostra que não eram eles a nossa preocupação quando tirámos as crianças e jovens das escolas e nos enfiámos em casa. Mostra também que tão perigoso como a covid (ou, na verdade, mais) é o nosso medo
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