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Não há memória de ofensa tão grave aos governos açorianos como a cometida pelo Ministro da Ciência e Tecnologia de António Costa.
O ainda Ministro da Ciência deve um enorme pedido de desculpa aos governos de Vasco Cordeiro e de José Manuel Bolieiro e, dada a enormidade do que foi dito, o próprio Primeiro-ministro deveria ter a humildade e sentido de Estado que Manuel Heitor não teve e demiti-lo.
O Ministro acusou os governos açorianos de incompetência na gestão do processo do porto espacial de Santa Maria e relembra que lançou a ideia do porto espacial “ao então Governo Regional (de Vasco Cordeiro) no verão de 2018. Passaram três anos e meio, nada aconteceu, porque a solução que estava dada não funcionou…” Ora, é estranho que o Ministro diga isso porque na resposta à acusação de incompetência, Vasco Cordeiro escreve que “a tipologia do procedimento concursal para a instalação” do porto espacial foi indicada pelo próprio Ministro. Há aqui qualquer coisa que não bate certo.
O que nos leva ao cerne da questão: o processo concursal foi o mais correto? Os Açores correm o risco de ficar sem o porto espacial? Que responsabilidades cabem aos anteriores governos, a este governo e ao próprio Ministro da Ciência?
Manuel Heitor afirma que era possível fazer o porto espacial em dois anos e dá como exemplo a Nova Zelândia (decidido no final de 2015, concretizado em 2016 com os primeiros lançamentos em 2017). No papel, estava previsto que o primeiro lançamento de satélites a partir do porto espacial de Santa Maria ocorresse no final de 2021. O que falhou? Sabemos que o concurso acabou nos tribunais, como acabam tantos concursos nesta terra. Porquê? Manifestamente algo correu mal. Como irá correr mal a tentativa do Ministro de, a pretexto da alegada “incompetência”, usurpar a participação dos Açores na gestão das atividades espaciais o que deixaria os senhores de Lisboa a controlar o negócio e os açorianos a ver estrelas.
Era só o que faltava! Espera-se que os deputados na Assembleia Regional, os deputados que vierem a ser eleitos à Assembleia da República, governo, oposição e todos os açorianos, ergam a voz e, se necessário for, façam um enorme manguito aos senhores que governam em Lisboa e acham que os Açores são o seu quintal onde podem mandar e desmandar. Aqui mandam os açorianos, em respeito pelo estatuto político e administrativo e em pleno espírito autonómico.
(Paulo Simões – Açoriano Oriental de 19/12/2021)
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