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Sete Cidades apontam problemas ao excesso de turismo mas admitem as vantagens económicas que este traz à freguesia
À saída de Ponta Delgada, e em direcção às Sete Cidades, os carros de aluguer começam a ser companhia bem presente na estrada. A nossa opção passa por fazer o percurso via Covoada. Nos miradouros, aqui e ali, cruzamo-nos com alguns turistas que vão aproveitando para tirar as fotografias da praxe, tendo como pano de fundo a ilha de São Miguel. Quando paramos junto à Lagoa do Canário, o parque de estacionamento está praticamente cheio e são apenas 10h da manhã de uma Terça-Feira. Imunes a isso e oriundos de Lisboa estão Jacinto Baptista e Cláudia Machado que acabaram de visitar a Lagoa do Canário. Em conversa com o nosso jornal, Jacinto Baptista começa por confessar ser visitante dos Açores desde 1975 “por razões profissionais, mas também de férias”.
“Noto muitas diferenças e já não vinha cá desde 2018”, afirma, antes de explicar que essas “diferenças” por si encontradas, são claramente “para melhor”.
“Os acessos melhoraram bastante e as coisas estão mais viradas para o turismo o que também é muito importante”, destaca. Precisamente sobre este ponto, Jacinto Baptista responde com algum humor quando lhe é questionado se não se começa a assistir a um aumento da pressão turística na ilha.
“Se temos coisas bonitas para mostrar, as pessoas querem ver e não podemos fazer muito mais; ou não temos turistas ou então temos de suportar”, refere.
Ao seu lado encontra-se Cláudia Machado e a filha desta, Mariana Ferreira. Cláudia Machado explica que a sua mãe é natural “de cá” e que a ilha foi um sítio muito visitado por si enquanto criança. Apesar disso, já cá não vinha desde 2005 mas este ano resolveu voltar “e mostrar a ilha à minha filha”.
Para esta turista oriunda de Lisboa, as diferenças em relação à última visita, em 2005, “são muitas”.
“Em termos de turismo, há muito mais fluxo mas os acessos e as indicações estão bem melhores. Acho que está tudo muito melhor”, sentencia. Nesta que foi a sua primeira ‘incursão’ na Lagoa do Canário, Cláudia Machado confessa não se ter cruzado com um número elevado de pessoas nesta caminhada.
“Não sei se é por ser de manhã e dia de semana mas não notei grande fluxo. Estou habituada a sítios de turismo em Lisboa e, por exemplo, em Sintra, é terrível (…) tem de facto excesso de turismo mas aqui ainda não se nota isso”, considera.
Feita esta primeira paragem, deparamo-nos logo à frente, e já na descida para a freguesia, com obras à beira da estrada. Estão a ser criados novos lugares de estacionamento, revelam alguns dos trabalhadores.
Opinião de moradores
das Sete Cidades
Chegando às Sete Cidades, passam poucos minutos das 10h45, e já se vêm vários carros estacionados junto das imediações das lagoas. Bem no centro da freguesia encontramos Luís Melo, lavrador de profissão, e residente nas Sete Cidades “há 50 e poucos anos”. Concretamente sobre os turistas que visitam a freguesia, Luís Melo revela existirem “dias em que isto aqui é chato com o turismo”. Este morador admite igualmente que o seu trabalho “às vezes complica” devido ao grande número de pessoas a visitar as Sete Cidades. Apesar disso, e questionado sobre a necessidade de limitar o acesso de turistas, Luís Melo faz questão de realçar que é preciso ter em conta os ‘dois pratos da balança’.
“Não sei se é preciso colocar um limite porque sem isso também não é bom para a freguesia (…) Se não houver turismo, os cafés também não fazem negócio”, justifica.
“Vivo bem com isso mas há dias em que é complicado”, finaliza Luís Melo.
A caminho das lagoas cruzamo-nos com Maria Rosa Monteiro que está a braços com a limpeza dos degraus de sua casa. A conversa tem de ser rápida, explica esta moradora das Sete Cidades, já que a comida está ao lume. A dois dias de completar 69 anos de vida na freguesia, “faço esta Sexta-Feira”, Maria Rosa Monteiro avalia o crescimento do turismo pelos dois prismas.
“Por um lado o turismo é bom mas por outro não é. A gente, quando vem de Ponta Delgada, encontra sempre muito turismo lá em cima ao pé da Lagoa das Empadadas e é um problema sério (…) Não tenho nada contra, às vezes há aquela situação lá em cima e penamos um bocadinho para passar no trânsito. Vamos ver se o Governo vai resolver a situação”, espera esta moradora. Apesar desses constrangimentos, Maria Rosa Monteiro dá nota positiva à vinda de turistas para as Sete Cidades.
“Antes vir turismo do que estamos para aqui como uns pobres de Cristo (riso). Dá vida à freguesia e dá lucro aos restaurantes e cafés que abriram”, justifica.
Luís Lobão, Correio dos Açores
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Carlos Silva

Shuttle. Mantém a receita no local, aumenta receita para manutenção, e faz com que o “produto” seja ainda mais exclusivo. É aprimorar o método da Lagoa do Fogo e adaptar para a zona das 7 cidades. Já o defendo há anos… Já funciona assim em inúmeros locais a nível mundial, temos locais tão apetecíveis, que vendem por si só, só temos de regular acessos

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Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
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