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Pierre Sousa Lima to Açores Global
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Tratar dos pobres

O impacto da crise causada pela pandemia vai bater duro nas classes mais pobres da nossa região, apesar da pronta intervenção dos poderes públicos nas respostas sociais que se impunham nesta situação de emergência.
O combate à pobreza foi considerada a prioridade das prioridades deste Governo Regional quando tomou posse, pelo que tem agora a oportunidade de intervir com um plano de combate sem esperar por mais estudos e reuniões burocráticas, como tem vindo a acontecer ao longo deste mandato.
Ainda agora o Conselho Nacional de Saúde (CNS) alertou para a possibilidade de um “aumento da pobreza da população” com base nos resultados de um estudo sobre os pedidos de ajuda às juntas de freguesia devido à pandemia de covid-19.
Relativamente aos agregados com dificuldades económicas, Portalegre, Faro e a Região Autónoma dos Açores registaram mais pedidos de ajuda, o que diz bem da urgência da resposta social que o Governo Regional tem que assumir sem mais demoras.
Segundo o CNS, no caso dos agregados familiares com carências económicas, houve pedidos de ajuda para o “pagamento das rendas de casa, alimentos e medicamentos e também para a falta de acesso a computadores, telemóveis e telefones”, bem como relativos à falta de acesso à internet, que se tornou indispensável para que muitas crianças pudessem beneficiar do ensino à distância.
O aumento dos beneficiários açorianos do Rendimento Social de Inserção, no mês de Março, em quase uma centena, é um indicador de que há muitas famílias açorianas em apuros.
É verdade que, até agora, o foco esteve no controlo sanitário e nas medidas de recuperação económica, com muitos pacotes de apoio às empresas e trabalhadores em lay-off.
Mas há muitas famílias, por estas ilhas fora, sobretudo idosos e agregados frágeis, que não são abrangidas por nenhuma dessas medidas, como se prova pelo elevado pedido de ajuda alertado pelo Conselho Nacional de Saúde.
Também aqui vai ser preciso uma “bazuca”.
E agora?

A população dos Açores está de parabéns.

Com o enorme esforço e sacrifício que assumiu nestes últimos meses, é agora recompensada com a ausência de casos positivos de Covid-19 na Região.
A pergunta que agora se coloca é: o que fazer com esta boa notícia?
Vamos continuar com receio de abrir ao exterior? Como se controla isto? Como vamos resolver as vidas de tanta gente que empobreceu e corre o risco de perder emprego? Como vão ser os próximos meses?
Eis as perguntas angustiantes para muita gente, sobretudo os que precisam que as suas actividades regressem à normalidade, porque é delas que vivem.
No fundo, somos todos nós, mesmo aqueles que até agora estiveram protegidos pelas medidas de apoio implementadas pela Região.
Em finanças públicas nada é oferecido. Antes de nos cobrarem, é imperioso conhecer qual o plano de recuperação para as nossas ilhas.
Que tarda.

(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores de 07/06/2020)

— with Osvaldo José Vieira Cabral.

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