TOMÁS QUENTAL · Homenagem a heróis humildes e anónimos

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Homenagem a heróis humildes e anónimos

Nunca amei tanto como hoje o povo humilde e anónimo do meu país!
Muitos restaurantes “finos” estão encerrados. Muitas mercearias de “charme” estão encerradas. As farmácias atendem quase por favor. Os supermercados e hipermercados recebem os clientes sob condições. Talhos supostamente com as melhores carnes também afixaram nas portas comunicados a informar que estão fechados “por tempo indeterminado”. E até padarias/pastelarias muito “bonitas” mandaram os clientes “passear”…
No entanto, nos bairros mais antigos das cidades do Continente, há uma realidade que me impressiona e emociona: os pequenos restaurantes tão perseguidos durante anos pela ASAE estão abertos com as suas maravilhosas iguarias; as mercearias igualmente tão fustigadas durante anos pelas autoridades sanitárias estão a vender os produtos essenciais, nomeadamente legumes e frutas provindas em muitos casos directamente dos produtores; os talhos tão maltratados também com todas as exigências estão a vender frangos do campo, carne de vaca e de porco, assim como chouriços, nomeadamente de Seia, Trancoso e Lamego, uma delícia; as padarias também tão fustigadas durante muito tempo com todas as exigências estão a vender pão fresco e quente logo de manhã.
Eu, se fosse Presidente da República e Primeiro-Ministro, nesta hora dramática de Portugal, ia pessoalmente e simbolicamente a um desses restaurantes, mercearias, talhos e padarias dizer um simples, merecido e justo “muito obrigado!”, em nome do povo português.
Tem que haver qualidade, obviamente, em todo esse tipo de comércio. Mas exagerou-se durante muito tempo, com exigências absurdas, e muitos estabelecimentos foram encerrados ou desistiram. Mas hoje os que sobreviveram estão a ser fundamentais, porque os outros, os “finos”, os supostamente muito qualificados e cumprindo todos os requisitos, fecharam portas, muitos deles, sem qualquer preocupação social.
Quando toda essa crise de saúde pública passar, espero que as mais altas instâncias do poder não esqueçam esses verdadeiros heróis, como outros, que estão a servir a sociedade nesta hora dramática, gente modesta mas de uma grandeza ética enorme, que eu homenageio da mesma forma que presto o maior tributo, como já aqui prestei, a todos os profissionais de saúde, que estão na linha da frente, correndo riscos, ao serviço de todos nós.