TIMOR ERROS EM TÉTUM E FALTA DE PADRONIZAÇÃO

May be an image of 19 people and people smiling
Volto ao tema da ortografia do tétum e da sua relação com a ortografia do português, com mais perguntas…
Se um falante de tétum compreende a mensagem da imagem, o que faltaria para que compreendesse esta: “Cerimónia de Inauguração da oficina de ambulância(s) de/em Maubisse, e Entrega ao Ministério da Saúde. Hospital de Referência de Maubisse, 5 de setembro de 2019.”?
Será que a persistência numa dupla grafia para tantas palavras não é geradora de gralhas, como as que vemos em “Seremónia” (em tétum padronizado “Serimónia”) ou em “inagurasaun” (em tétum padronizado, “inaugurasaun”)?
Que entidade controla os neologismos como “referál” (em tétum padronizado não existe esta palavra; existe sim “referénsia”, com o mesmo sentido)?
Que efeito terá, em termos de atraso na automatização dos mecanismos de leitura e escrita, e em termos de persistência de desvios ortográficos, esta dupla grafia de tantas palavras, para as crianças sujeitas à alfabetização nas duas línguas?
Que riscos haveria para o tétum, enquanto língua autónoma, a existência de uma grafia única para todas estas palavras (tal como defendem e praticam instituições como o Parlamento Nacional ou a igreja católica, e muitas personalidades)?
Até que ponto o uso de uma grafia única para essas palavras não ajudaria a desmistificar a ideia da dificuldade de aprendizagem do português, ideia que ainda faz caminho?
Nota final: há, no meu entender, além das duas gralhas ortográficas e do neologismo pirata, alguma falta de preposições e outros elementos referenciais deíticos, o que pode justificar-se por se tratar de um título numa faixa e não texto corrido formal, não afetando o sentido global.
Ricardo Antunes
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