SATA CORTES DE SALÁRIOS NA CALHA

Views: 0

Cortes de salários na SATA por igual não são consensuais
O Plano de Reestruturação da SATA vai ser apresentado hoje publicamente, depois do Presidente do Governo, José Manuel Bolieiro, reunir com a Administração da empresa e com os representantes dos partidos políticos, que serão os primeiros a terem conhecimento.
No entanto, os pormenores do documento ficarão em segredo, já que o Governo considera como “imprudente” divulgá-los.
O Plano terá de ser entregue a Bruxelas até ao dia 18, sendo que hoje serão divulgados apenas os “traços gerais”.
“Não pode deixar de ser um exercício de traços gerais”, declarou Bolieiro, acrescentando que a Administração da empresa apresentará as ideias em simultâneo ao Executivo e a responsáveis de todos os partidos com assento parlamentar no hemiciclo regional.
Tal surgirá, declarou o chefe do Executivo, à margem de uma audiência em Ponta Delgada, num “exercício de transparência e envolvimento” do Parlamento açoriano.
“O Governo Regional e esta governação não farão intromissão na gestão profissional de uma empresa que é essencial para a economia dos Açores e o desenvolvimento dos Açores”, prosseguiu ainda, antes de reiterar o projecto político da governação de “salvar a SATA”.
Cortes de 20% nos salários
O Plano de Reestruturação da SATA, segundo fontes sindicais, passa por várias medidas de cortes e restrições orçamentais, entre as quais os cortes de salários em 20% nos ordenados acima doas 1.390 euros e a suspensão de aumentos e suplementos salariais.
A rescisão de contratos também está prevista, embora a primazia seja para rescisões amigáveis e reformas antecipadas.
Fonte sindical disse ao nosso jornal que o corte nos salários não é consensual dentro da empresa, havendo sindicatos que discordam da mesma taxa para as várias categorias.
“Em vez de suspender todos os acordos colectivos por igual, que tantos custos têm para a empresa, sobretudo no que diz respeito ao pessoal de voo, quer pelo pagamento de horas extraordinárias (por terem contratualizados tempos de serviço muito abaixo dos mínimos previsto na lei), quer pelo pagamento de prémios de voo ou até mesmo com tripulações reforçadas e acima dos mínimos no que concerne ao pessoal de cabina, prefere ir negociar com estes sindicatos a suspensão parcial dessas mesmas regalias em troca dos tais cortes salariais de 20 % que se lhes deviam aplicar”, diz a nossa fonte, acrescentando que “quem fica a perder é o pessoal de terra que além de ter condições remuneratórias muito mais baixas não tem regalias para dar em troca e lá terá que arcar com os 20%”.
“Quem paga somos nós, e quem ganha são os mesmos, nomeadamente os que ganham mais e que sentirão menos, como é o caso dos pilotos”, conclui.
O caso Cabo Verde
A suspensão de rotas também foi equacionada neste Plano, desconhecendo-se no entanto se serão necessárias face
as restrições que Bruxelas tem imposto a outras reestruturações, nomeadamente à TAP.
A operação para Cabo Verde poderá ser uma delas, até porque o Presidente da Cabo Verde Airlines, Erlendur Svavarsson, afirma que os voos da SATA para aquele arquipélago são “deficitários”.
O Presidente do Conselho de Administração da CVA, desde Março de 2019 liderada por investidores islandeses, está quase há um ano sem voos comerciais devido à pandemia de Covid-19, enquanto a TAP e a SATA , “sob intervenção estatal em Portugal”, permanecem as únicas a voar para o arquipélago, perante as críticas locais à ausência de voos pela companhia de bandeira.
“Creio que as críticas à gestão das companhias aéreas assentam em sentimentos e não em argumentos empresariais. Como escrevi recentemente numa carta ao nosso ‘staff’, os nossos concorrentes SATA e TAP operam um modelo de negócio onde o arquipélago de Cabo Verdeé apenas um ponto da sua operação em ‘hub’. Ambas as companhias aéreas também receberam centenas de milhões de euros em ajuda governamental. Eles usaram esse dinheiro para operar voos deficitários para Cabo Verde e em todo o mundo”, afirmou Erlendur Svavarsson.
Desde Agosto que as duas companhias aéreas portugueses estão a assegurar voos para o arquipélago de Cabo Verde, além da Praia, também para as ilhas de São Vicente e recentemente do Sal, mantendo-se a CVA totalmente inoperacional e com os mais de 300 trabalhadores em ‘lay-off’.
May be an image of aeroplane
2 shares
Like

Comment
Share
Comments