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Não há futuro sem honrar o passado.
A CASA DAS COVAS EM ANOS RADIOSOS ESTAVA ASSIM 2017
EM 2011
Á
Construídos junto ao leito das ribeiras, os moinhos de água, desde o povoamento que fazem parte da paisagem da ilha de Santa Maria.
Dizem-nos os registos que no final do século XVI eram já 11 os moinhos existentes e que em meados do século XIX já passavam das quatro dezenas.
Sendo o pão a base da alimentação humana, estas pequenas infraestruturas tiveram um papel muito importante na vivencia dos nossos antepassados que assim podiam moer, em maiores quantidades, os cereais produzidos. Inicialmente o trigo e o centeio e mais tarde também o milho.
Só no século XX, com o aparecimento dos moinhos de vento e também das moagens a motor de combustão, os moinhos de água foram perdendo a sua importância. Em 1987, as mós do moinho do Sr. António Sesso, no lugar da Atabua, silenciavam-se. Seria o último moinho de água a laborar na ilha.
Restam agora as ruínas e os destroços daqueles espaços, que apesar do isolamento dos locais onde foram implantados, faziam parte do dia-a-dia dos nossos antepassados.
A reabilitação de um destes moinhos seria de uma enorme importância. Por um lado, a necessidade de se dignificar a memória desta antiga atividade que marcou a vivência na ilha. Por outro, deixar para as gerações futuras o conhecimento, a cultura e o património que nos foi legado.
Havendo conhecimento público de que se encontrava à venda um imóvel que foi até à década de 60 do século passados um dos “Moinhos da Rocha”, conhecido como o “Moinho de Jacinto de Lima”, enquanto Vereador Municipal em Reunião de Câmara do dia 15 de fevereiro de 2023 fiz uma recomendação ao município para que o adquirisse, pois seria uma oportunidade única, tendo em conta a proximidade desse moinho a outros imoveis de interesse etnográfico e museológico que são já propriedade do Município como o Moinho de Vento da Carreira e a Casa das Covas.
Uma aquisição que seria vantajosa pois permitiria ao Município projetar no seu conjunto estas três pequenas infraestruturas em termos de oferta turística e daí obter receitas que contribuíssem para a sua manutenção.
A mesma recomendação foi levada a Assembleia Municipal do dia 29 de junho de 2023 pela Sra. Presidente da Junta de Freguesia de Almagreira, ficando nessa mesma assembleia deliberado a realização e uma visita ao local por alguns deputados e vereadores municipais.
A visita realizou-se no dia 4 de setembro, no entanto, o imóvel em causa já tinha sido adquirido por um cidadão residente fora da ilha, que facilmente percebeu as suas potencialidades.
Esta foi uma oportunidade perdida para o município, no entanto, existe ainda naquele local um outro moinho em ruínas que apesar de não se encontrar à venda, apresenta excelentes condições, quer para o estudo do seu funcionamento, quer pela sua localizado, tendo em conta o “triangulo” já referido: Casa das Covas, Moinho de Vento da Carreira e Moinho de Água dos Moinho da Rocha. A este triangulo ainda se pode juntar um quarto elemento, um antigo forno e cal, também emblemático na freguesia de Almagreira.
O município deve por isso, o quanto antes, envidar todos os esforços, meios e ferramentas legais disponíveis para a aquisição desse imóvel antes que se degrade ainda mais ou seja adquirido para outros fins.
Relativamente à Casa das Covas, não se conhece até hoje, por parte do atual executivo camarário, qual a finalidade que irá dar a este imóvel e como irá funcionar. Sob pena de se cair numa utilização pouco dignificante para o esforço financeiro já aplicado e aquém das potencialidades que a Casa das Covas pode oferecer deverá equacionar-se uma função que prestigie o local, a história da ilha e que traga o devido retorno económico.
A instalação do Centro Interpretativo da Casa da Covas, como previa o anterior executivo, deverá ser o destino a dar a esta casa. Trata-se de um património único que conta uma parte importante da história singular da ilha de Santa Maria. Através de painéis interativos, com informação em várias línguas, poder-se-ia contar a história das invasões de corsários e piratas a que a ilha e os marienses estiveram sujeitos nos séculos passados; contar a história da produção dos cereais na ilha, onde o trigo teve uma grande importância; explicar como os marienses transformavam esses cereais e a importância do pão na sua base alimentar. Por fim, o visitante poderia apreciar “in loco” as chamadas “covas” onde eram armazenados os cereais e perceber a dimensão da necessidade que os marienses tinham em se proteger dos saques inimigos.
Haveria igualmente espaço para se contar a história da extração de cal, um produto que teve um papel muito relevante na economia da ilha e muito concretamente na freguesia de Almagreira.
A Casa das Covas seria ainda uma porta aberta e um ponto de partida para pelo menos dois roteiros interpretativos circulares: Um roteiro ligado aos cereais que a ligassem aos moinhos de vento e de água já identificados; e outro à extração de cal que a ligaria aos fornos de cal e à pedreira/gruta do Figueiral.
A Casas da Covas tem inclusivamente condições para o estacionamento de viaturas de visitantes, utilizando o terreno anexo existente nas traseiras do edifício e criando o devido acesso.
Os municípios têm responsabilidades na salvaguarda, proteção e divulgação do seu património. São funções consagradas por lei tendo em conta as suas vertentes social, cultural e educativa. Sendo o Município de Vila do Porto o proprietário da Casa das Covas e do Moinho de Vento da Carreira, cabe-lhe a ele encontrar uma forma de garantir a salvaguarda e sustentabilidade deste património e sobretudo mantê-lo de portas abertas para que seja visitado.
Bem sabemos que a disponibilidade financeira dos municípios nunca é suficiente, mas felizmente temos o Turismo, que cresce cada vez mais na ilha e que pode/deve contribuir para a sustentabilidade desses espaços.
Há que elevar urgentemente a ilha para outro patamar em termos de oferta turística e o Centro Interpretativo da Casa das Covas seria um excelente contributo sobretudo nos meses em que existe menos animação cultural.
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Rodrigues Carlos Rodrigues
Muito bem senhor Vereador, sempre interessado e estudioso de tudo o que tem a ver com história e cultura da sua Ilha, pena muitas vezes não dares a conhecer a todos os que te elegeram o teu empenho e contributo que não pode cair em saco roto. Abraço
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