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Um Estado de Emergência que decreta o confinamento das famílias aos dias de descanso e o fecho de restaurantes é imposto com o argumento que estes eram responsáveis por 67% dos contágios. Duas semanas depois sabe-se que são respectivamente responsáveis por 14% e 2% de contágios. E ninguém se demite. Salvo honrosas excepções, onde tenho a honra de me incluir, ninguém perguntou há quinze dias como tinha chegado o Governo a esse número e qual a sua metodologia de cálculo, na base do qual nos suprimirem direitos democráticos essenciais – nada menos do que um estado análogo a prisão domiciliária nos dias de lazer. Ou seja, vivemos na mais profunda ausência de razão, apoiada pela histeria.
De um lado negacionistas delirantes, que não acreditam na ciência; do outro governantes que instrumentalizam a ciência, e cientistas que permitem ser instrumentalizados, para posições delirantes. No meio um grupo de vozes que procuram olhar a realidade sem pressões, usando a evidência e a razão crítica (em vez da razão instrumental, tão cara à ciência pós-moderna). É este o ponto da situação. Como os últimos são poucos, amanhã continuamos em prisão domiciliária, entre as 13 horas e as 5 da manhã, com excepção de quem for trabalhar por turnos para as fábricas de calçado de Paços de Ferreira, onde não há notícia de contágios relevantes, já se sabe, pelo que podem sair de casa, ir para a fábrica, ir buscar materiais à fábrica do lado, receber encomendas do entreposto onde há mais 200 a circular, e por mais 20 fábricas – só nessa manhã -, porque é trabalho just in time, estar no mesmo WC de mais 200 colegas, trocar-se na mesma sala com os outros 40, e depois ir para casa à noite, em pleno recolher obrigatório. Com azar, segundo os cálculos da DGS e de António Costa, ainda ficam contagiados na sala de estar de casa a ver uma boa série de TV, ao lado da mulher ou do marido, depois de se encostarem um ao outro, cansados, à procura de amor, na noite de sábado…Maldito amor!