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Inauguração da Universidade Católica Timorense UCT São João Paulo II
Ontem 8 de Dezembro de 2021
Presença do Primeiro Ministro e vários membros do Governo
Excertos da minha intervenção. Dentro de días partilharei mais excertos.
Timor-Leste, Na Encruzilhada:
Desafios, Oportunidades
Oratio Sapientia Proferida
por J. Ramos-Horta
Por ocasião da Inauguração
e Abertura Solene
da Universidade Católica Timorense
(UCT)
São João Paulo II
Díli, 8 de Dezembro de 2021
Excelência Reverendíssima estimado Arcebispo Metropolita de Díli, Dom Virgílio do Carmo da Silva SDB, colocou sobre a minha empobrecida mente o privilégio de proferir a Oração De Sapiência neste dia em que se inaugura a Universidade Católica Timorense (UCT) São João Paulo II.
Com todo o respeito saúdo o Magnífico Reitor Da UTC São João Paulo II, decanos e professores, pessoal docente e Administrativo.
Não tenho os dotes poéticos e de prosa do Maun Bot Xanana, ou Fernando Sylvan, Rui Cinatti, Borja da Costa, Luís Cardoso (Takas), Inácio Moura, este que “exilado” em Darwin diariamente canta em sonetos a magia de Timor-Leste.
Assumo a humildade que deve caraterizar todos os atos académicos, na dúvida e na sede de mais querer saber.
Saudo as mais altas personalidades do Estado, o respeitado Senhor Primeiro Ministro e esposa, Membros do Governo, Deputados, os amados membros da Conferência Episcopal na pessoa do seu Guia Dom Norberto AMARAL, Bispo da Diocese de Maliana, Líderes das outras confissões religiosas, membros da Sociedade, Corpo Diplomático, familiares e amigos presentes neste auditório e muitos mais que estão acompanhando este evento histórico pelos meios audio-visuais.
Curvo-me perante os grandes artífices da Nação, Nicolau Lobato e seu sucessor o Maun Bot Xanana Gusmão, este que herdou a missão impossível de fazer renascer a resistência Timorense das cinzas das derrotas militares e políticas da década de oitenta, nos conduziu até a vitória em 1999, e nos guiou no processo doloroso da reconciliação nacional, condição incontornável para uma paz duradoura entre Timorenses, e na reconciliação com o nosso vizinho, a grande Nação Indonésia.
Curvo-me ante a memória do primeiro Presidente da ASDT/FRETILIN e da RDTL o saudoso Mestre Francisco Xavier AMARAL.
Curvo-me perante a geração de jovens da década de noventa que transformou a natureza da luta, levou-a para cidades e campuses na Indonésia e decisivamente contribuiu para a vitória política e diplomática.
Curvo-me perante o Max, Max Stalh. Quantas vezes ele me ouvia chama-lo Mad Max, este homem inglês, sueco, francês, que adoptou Timor-Leste, e o povo o adotou como seu. Dentro de dias as suas cinzas chegam a Díli, devolvidas ao povo de Timor-Leste que ele amou e serviu.
Curvo-me perante a memória dos meus irmãos, Mariazinha, Nuno e Gui, sacrificados no altar da nobre luta.
Declaração sobre Fraternidade Humana
Que me seja permitida nesta ocasião partilhar convosco um dos documentos mais importantes dos últimos anos, a Declaração Sobre Fraternidade Humana da autoria de Sua Santidade Papa Francisco e o Gran Iman da Mesquita de Cairo, Prof. Dr. Ahmed Al-Tayyeb.
O documento resultou da visita em 2019 de Papa Francisco aos Emiratos Árabes, primeira visita de um Chefe da Igreja Católica Mundial a Península Árabe. Nessa ocasião prosseguindo a convicção e compromisso das duas autoridades máximas das duas maiores religiões do mundo, adoptaram a Declaração Sobre Fraternidade Humana que pretende inspirar, aproximar, construir pontes de entendimento mútuo e de fraternidade entre comunidades, e nações, com vista a assegurar uma paz verdadeira, duradoura.
No seguimento da Declaração foi criado o Prêmio Zayed da Fraternidade Humana a ser atribuída anualmente a pessoas ou instituições que tenham sido propostas e confirmadas como tendo contribuído decisivamente para a realização da visão e objetivos de concórdia e fraternidade humanas. E criou-se então um Júri internacional composto de cinco personalidades. A actual composição do Júri é a seguinte:
– Eu próprio, único da Ásia.
– Ex presidente de Niger, Mahamadou Issoufou, 2020 Ibrahim Prize for Achievement in African Leadership.
– Ex Vice Presidente of South Africa e ex UN Under-Secretary-General, Phumzile Mlambo-Ngcuka;
– Under-secretary of the Migrants and Refugees Section of the Holy See Cardinal Michael Czerny;
– President of the Aladdin Project Leah Pisar
O Jury é assistido por um Secretariado sediado em Abu Dhabi presidido pelo Juiz Mohamed Abdelsalam.
Nos dias 6, 7 e 8 de Outubro o Júri iniciou os seus trabalhos em Roma, no dia 6 reunimo-nos com Papa Francisco e no dia 7 reunimo-nos com o Grand Iman.
O desejo de Sua Santidade e do Gran Iman – que a Declaração sobre Fraternidade Humana seja introduzida e estudada em todas as escolas do mundo, de todas as crenças, culturas e etnias.
Peregrinação ao passado
Permitam-me uma viagem ao passado. Aos 6-7 anos de idade fui levado para a Missão de Soibada, integrando a turma de ABC, pré- primário, e o primeiro livro escolar com o qual iniciei a interminável caminhada dos conhecimentos chamava-se o Gato das Botas. O autor se chamava Janeiro Acabado, nome incomum.
Naquela idade confesso que não conhecia uma única palavra de Português, sendo que o Tétum era a língua falada em casa e a nossa Santa Mãe NATALINA, muitas vezes Herói, era multi língua, falava tétum, idate, habu, kemak, e mais tarde aprendeu Bahasa Indonésio. Foi pelas mãos do bom Mestre Carmo e com muita “mandioca seca” que aprendi o Português.
Naqueles anos idos as viagens de Barique ou Laklubar até Soibada eram a cavalo. Para Manatuto eram dois dias a cavalo, entre trote e galope, pernoitávamos uma noite em Kribas debaixo de uma árvore, continuando a jornada as quatro de manhã, pela planície de Kribas e dali seguindo sempre pela ribeira até Manatuto onde chegávamos ao fim do dia.
Tínhamos muito medo do “Durhu’i” o qual segundo o melhor contador de histórias, o nosso Mano Antônio, era meio humano, meio cavalo, veloz como o vento. Única proteção eficaz contra o temível “Durhu’i” eram os bambuais os quais havia muito. Felizmente nunca fomos atacados por esse temível meio cavalo, meio homem.
Chegados a Manatuto pernoitávamos na “Guarda Ilihéu”, uma palhota abandonada.
A mais recente visita a Soibada foi há cerca de 2 anos, viagem de peregrinação ao passado. Com o coração apertado percorri os edifícios degradados pelo tempo impiedoso, as salas de aulas onde aprendemos as primeiras palavras, o dormitório, refeitório, a cozinha onde o Luís Maudoli e o João Mitarere cozinhavam as nossas refeições diárias de milho e mais milho. As vezes era mandioca, folhas amargas de papaia, e o raríssimo arroz ao Domingo.
Irmãos e irmãs, éramos entregues à generosa família Liurai Raimundo do Reino de Samoro que nos cuidou com carinho. Não contive as lágrimas, pensando naqueles que me insuflaram vida e me iniciaram na longa jornada de conhecimentos. Pensei nos pais, o mano Antônio, Liurai Raimundo, nos Pes. Januário Coelho da Silva e Carlos Rocha Pereira e nas Mães Madres Canossianas, nos mestres – Egídio, Carmo, Fernando, Pereira, Narciso, César, Sebastião, Antônio Braz, o Luís Maudoli e o João Mitarere. Depois rezei em Aitara.
Certa vez aos 4 anos de idade em Laklubar, deitado no meio da estrada que passava em frente da casa, vi chegar uma camioneta, nunca tinha visto uma. Na época em todo o TIMOR haveria uma dúzia de camionetas de comerciantes chineses. Havia o ajudante, timorense pé descalço, analfabeto, com uma missão importante, saltar da camioneta mal ela parava para colocar o calço. Outra sua tarefa indispensável era fazer arrancar o motor com muitas voltas da manivela. Eu olhava para aquele ajudante, cheio de admiração. Queria ser como ele, poder viajar naquela camioneta para muitos lugares. Eu não tinha noção do espaço além de Laklubar, o meu mundo era ali. Mas imaginava viajar como ajudante do chofer.
Essa caminhada iniciada na década de cinquenta em Laklubar, Barike, Soibada, Atsabe e Laga levou-me depois para mundos muito diferentes, mais de 100 países, muitas centenas de cidades, a caminhada maior que culminou em 2002.
Ao toque de meia noite de 19 de Maio de 2002 chegamos ao fim de uma jornada, ao Timor-Leste livre. A outra iria começar.
O preço dessa liberdade eram as incontáveis vidas perdidas, almas e corações feridos, as cinzas do vandalismo e destruição por queles que não souberam perder. A mente, o coração, a fé, o espírito triunfaram sobre as armas, sobre o ódio.
A UCT nasce pela mão do amado Arcebispo Virgílio do Carmo da Silva, e através dele de toda a Igreja Timorense, concretização de um sonho iniciado nos anos 90, com o saudoso Bispo D. Basílio do Nascimento, continuado pelo saudoso D. Alberto Ricardo da Silva, que lançou as primeiras pedras. E inaugurar a UCT João Paulo II é a melhor homenagem que lhes poderíamos prestar.
Registo uma referência especial a Dom Carlos Filipe Ximenes Belo, aos saudosos Dom Jaime Garcia Goulart e Dom Martinho da Costa Lopes, os grandes inesquecíveis de Timor-Leste, da Igreja. Presto homenagem a todos que nos anos mais difíceis da nossa história, padres e freiras deste país, foram o refúgio de todas as esperanças dos perseguidos.
A identidade secular de Timor-Leste deve ao proselitismo eclesiástico católico muito da sua originalidade e génese diferenciada no comum de uma vizinhança determinada e fraterna.
Trata-se do legado da história, mas que marca e marcou a contemporaneidade, à qual estão gratos os timorenses e, como tal, os dirigentes políticos, culturais e religiosos, deste povo.
Diz-se que não fosse a presença de dominicanos e outras ordens religiosas nos séculos XVII, XVIII e XIX, Portugal não teria sido capaz de manter a sua presença em Timor. A Igreja católica soube transformar-se na Igreja do povo de Timor-Leste: e neste processo criar uma relação simbiótica com a nossa própria identidade.
Nos momentos mais críticos da nossa história, a Igreja de Timor-Leste posicionou-se ao lado do povo. Para além da missão missionária, na educação e na saúde, a Igreja católica foi santuário de refúgio para o povo e desempenhou um papel importante de apoio físico, moral e espiritual em tempo de grande sofrimento e desesperança. Os timorenses encontraram na Igreja um dos raros refúgios para a sua identidade.
Neste sentido, a Igreja Católica assumiu um papel decisivo na defesa, preservação e construção da cultura e identidade timorense. Foi um santuário de resistência cultural e política.
Para isto contribuíram vários fatores: primeiro, a igreja católica timorense foi capaz de ancorar o catolicismo nas crenças animistas, que desta forma se tornaram inseparáveis; depois, transformou o tétum numa língua litúrgica, permitindo que, a par do português, fosse assumido como uma língua de resistência. Importante também foi a ligação institucional direta a Roma, evitando-se a sua subordinação a Conferência Episcopal Indonésia.
O Premio Nobel da Paz em conjunto com D. Carlos Ximenes Belo era “um tributo para toda a Igreja, padres corajosos, freiras, trabalhadores leigos e o povo de Timor-Leste”. Assim o disse no meu discurso Nobel há 25 anos.
A Constituição da República afirma expressamente, no capítulo dos direitos fundamentais, que “o Estado reconhece e valoriza a participação da Igreja Católica no processo de Libertação Nacional de Timor-Leste” (Artigo 11º).
Sempre considerei que o governo tinha, em primeiro lugar, de ter um frutuoso e bom relacionamento com a Igreja, reconhecendo-lhe uma experiência histórica singular, aderente à profunda espiritualidade do povo. E que a Igreja Católica Timorense teria de assumir um papel maior na educação e formação do povo, no desenvolvimento humano e na luta contra a pobreza.
Quando tomei posse como primeiro-ministro, em 2006, chamei a Igreja Católica para uma vez mais, em parceria com o nosso jovem Estado, nos ajudar a sair da crise, a sarar as feridas, a melhor servirmos o povo, em todas as vertentes, a social, educacional, cultural, espiritual e moral.
Nessa altura, propus que fosse realizada uma “parceria nacional entre o Estado e a Igreja Católica, para desenvolver o setor da educação no país”.
Referi: “Cada estado tem a sua realidade e o povo de Timor-Leste é maioritariamente católico, respeitando as outras religiões, mas o Estado tem o dever de tratar de maneira diferente o que é diferente”, enquanto prioridade nacional e “poder alcançar o desenvolvimento”.
A Igreja não podia então ser deixada de fora desse desígnio nacional: era “preciso fazer um forte investimento imediato na Educação para podermos ter resultados ao longo do tempo”.
Por isso mesmo sublinhei nesse apelo para “um maior envolvimento da Igreja Católica na Educação” que não colidisse e não colide com a liberdade religiosa e a separação entre o Estado e a Igreja. Na verdade, “Respeitamos todas as religiões e em Timor-Leste não temos problemas entre católicos, protestantes e muçulmanos”.
Enfim, vi finalmente concretizado um desígnio – uma universidade católica, exigida na tradição do reconhecimento do papel da crença de Cristo havida na luta pela identidade deste povo, que as instituições eclesiásticas católicas ampararam, promoveram, defenderam e acompanharam na vitória.
A universidade constitui-se no lugar de alcance do saber constituído superior e, a partir desta plataforma inteligível, fazer-nos avançar pelo desconhecido ainda, reticulando supostos, teoremas, lógicas e protocolos da investigação leal ao bem, verdadeiro e belo deste mundo. Mundo este onde nos surpreendemos a nós próprios e, por isso nos interrogamos sobre a origem e destino de seres existentes sob um desígnio que nos cumpre e temos de procurar por nós próprios na interajuda de mestres e alunos, essência universitária.
Na verdade, o melhor pensamento da universidade dá-no-la como uma união fraternal de professores e estudantes, em ordem a consolidação e descoberta das respostas sobre o que a ignorância das soluções nos apresenta como misterioso, mas que podem ser desvendadas, no amor do saber cada vez mais aprofundado e harmonioso.
Todas as universidades se regem por estes tópicos e, por isso, se constituem num testamento social sólido, de necessidade do sistema de ensino livre e, só assim mesmo de proveito para o povo e para cada um de nós, cidadãos.
Sim, por que nos preocupa respondermos à pergunta sobre de onde vimos, quem somos e para onde vamos, tão imperfeita quanto resulta desta mesma fórmula, mas que nunca deixa de nos acompanhar vida fora.
A lei constitucional e todas as diretivas gerais do governo têm garantido a liberdade de aprender e ensinar. Liberdades fundamentais, por que correspondem a direitos que emergem da universalidade cidadã e, por isso mesmo, estão gravados nas declarações dos direitos humanos, com culminância, na declaração universal dos direitos e deveres humanos, proclamada pela ONU, após a tão tremenda negação da fraternidade e da paz que foi a tragédia e massacres da segunda guerra mundial.
Na contribuição do conhecimento compendiado no longo e tradicional percurso das universidades católicas de tão variadas nações, países e comunidades, vizinhas no amor pelo saber, está um tesouro incontornável para a experiência da cúpula de qualquer ensino superior, mais em particular, o cume do ensino universitário de Timor-Leste.
Com efeito, quer nas ciências, quer nas humanidades, a universidade católica timorense honrará todos os contributos que têm sido dados à humanidade pelos sábios.
À sabedoria não prejudica a confessionalidade tolerante da universidade católica, por que é essa mesma tolerância que deriva do cuidado católico não só pelos fiéis, como sobretudo por “todos os homens de boa vontade”.
Não esqueçamos a mensagem do Natal que se aproxima, gravada no cântico de homenagem a Emanuel, acabado de nascer e dirigido como a luz da noite desse dia magnifico de uma inaugural “paz na terra”.
Os supostos do pensamento católico apontam-nos para a construção social, económica e quotidiana de um ambiente deste alcance de excelência humana, presente e não apenas desejável, construído hora a hora, no pensamento e ação do mundo.
Logo, temos de concluir que o sistema de ensino timorense recebe um contributo de aperfeiçoamento, bem necessário e capacitado ao diálogo com todos os outros dispositivos de saber, universitários ou religiosos.
Herdeira do trivium (lógica, gramática, retórica) e quadrivium (aritmética, astronomia, música, geometria) medievais, segundo a história do ocidente, todo o percurso intelectual da universidade católica se arrumou na universalidade.
Timor-Leste atravessou várias severas experiências, do domínio colonial á ocupação estrangeira, até à sua conquista do Estado – Nação já neste século XXI. A educação sempre foi caracterizada pelas políticas exercidas durante o período colonial, como também da ocupação indonésia em quase 400 anos de estabelecimento no espaço timorense.
E vários períodos deixaram rastos na estrutura educativa do país. Timor-Leste localizado no sudeste asiático, situa-se entre dois gigantescos países, a Austrália e a Indonésia, deve continuar a promover as bases da sua identidade própria, identidade formada, por legado da história no cruzamento de culturas, que deu raízes ao dinamismo da fé e da língua, onde hoje em dia reconhecemos o país mais maioritariamente católico da Ásia.
O futuro de Timor-Leste está bem refletido neste espaço de universalidade. Por isso a educação superior em Timor-Leste deve tornar-se firmado na consciência comum e partindo da comunhão histórica, e das realidades que este povo tem vivido e lutado até hoje para conquistar, como um salutar e salvífico objetivo: libertação da Pátria e libertação do Povo.
Por outro lado é na instituição de uma universidade católica que está e se situa o concreto respeito pela liberdade religiosa, aqui onde se trata de o Estado aceitar no ordenamento interno, em conjugação com todo este ideal, as ferramentas mesmas, jurídicas e praticas, de o cumprir.
Hoje, num bom pensamento de rigor lógico podemos dar como adquirido que a laicidade rege, no fundamental, a demanda do conhecimento, da ciência e das tecnologias, tudo ordenado ao bem-estar e ao progresso dos povos, principalmente na luta contra a pobreza.
Ora, é justamente nesse plano humanístico que a reflexão sobre a oportunidade da abertura dos cursos de uma universidade católica nos surge como motivo congratulatório e preenchimento de uma necessidade cultural premente. A tolerância na diversidade do pensamento, proposta, numa abordagem histórica rigorosa, em primeiro lugar, pelos teólogos de Roma, na saída do Renascimento, hoje, não sofre negativa ou contestação.
Todavia, o ensino confessional é neste clima de hegemonia da tolerância tido como elemento importante da estrutura do pensamento laico em si e por si. E, marcado há muito pelo pensamento contemporâneo e livre, o saber da universidade católica, subordina-se ao método da ciência e é ensinado, por isso mesmo, como foco da própria condição religiosa.
As filosofias contemporâneas da ciência não enjeitam as propostas dos sábios formados nas universidades católicas e basta para termos presente um exemplo frisante citar o Reverendo Padre Jesuíta Teilhard de Chardin, antropólogo de referência. É aqui, nessa disciplina do saber compendiado que escolho – a antropologia – que, em minha opinião, reside a melhor lógica e importância de nos alegrarmos por esta génese emergente dos cursos da universidade católica de Timor.
Ser incompleto à nascença e, como todos sabemos, até ao fim da vida, o homo sapiens, sapiens tem de ser educado, educação do pensamento e ação ao longo da vida que lhe advém da escola, quer informal, quer formal e institucionalizada, como neste último caso é a universidade. Ao longo da vida, o homem interroga-se sobre o seu destino e razão da presença que tem no universo.
É daqui que não pode ser erradicado o sentimento e as preocupações religiosas.
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