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Querem GNL? Aprendam com a Madeira…
Aos anos que vimos denunciando, nestas páginas, a má vontade do Governo da República e o silêncio cúmplice do Governo Regional relativamente à instalação de uma rede de abastecimento de gás natural nos Açores.
Em toda esta farsa tem colaborado o Governo dos Açores, participando em estudos e mais estudos sobre esta promessa da República, que já vem desde 2011 – imagine-se, quase uma década!
Primeiro foi o projecto COSTA, depois mudaram o nome em 2015, depois o então Secretário Vítor Fraga, em 2016, comprometeu-se que “é agora”, depois em 2017 a Ministra do Mar veio cá prometer, mais uma vez, a instalação de um posto no “estratégico Porto da Praia da Vitória”, depois, em 2019, a actual Secretária dos Transportes anunciou um estudo sobre o assunto, que ficaria concluído “em finais de 2019”…
Já estamos em 2020 e estudo, nada!
Pior: a machadada no projecto já tinha sido dada 2m 2016 e ninguém sabia de nada.
Foi preciso a Presidente da Associação dos Distribuidores de Gás Propano
Canalizado, Micaela Silva, pôr a boca no trombone, esta semana, numa comissão parlamentar, denunciando que oo Governo da República transferiu o investimento que era para os Açores para a ferrovia nacional.
Ora aqui está mais uma, das muitas, que o Governo de António Costa nos tem feito ao longo destes anos, com a complacência e subjugação dos poderes regionais.
O Presidente da Câmara Municipal da Praia da Vitória ainda ontem esboçou um protesto contra esta situação, mas do Governo Regional nem um pio…
Todos sabem que o mercado do GNL (Gás Natural Liquefeito) marítimo é um fenómeno emergente e que todos os países, incluindo Portugal, já levam um grande avanço na instalação de redes de abastecimento.
Os Açores sempre foram vistos como um potencial estratégico para se afirmarem como uma área de serviço fundamental no Atlântico e um ‘hub’ competitivo re-exportador de GNL, como muito bem disse a ministra de então.
Os especialistas do sector são unânimes: “no contexto energético da mobilidade marítima, a posição geoestratégica de Portugal e das regiões Autónomas dos Açores e da Madeira podem conferir maior eficiência nas rotas marítimas no que diz respeito ao reabastecimento dos navios movidos a GNL (…) sendo o Porto da Paria da Vitória, cujo uso é incipiente, poder ser convertido numa grande estação de GNL mesmo no centro do Atlântico”.
Apesar destes apelos, como agora se comprova, o Governo da República desistiu dos Açores e apostou as fichas todas no porto de Sines, como denunciámos aqui na altura, com o silêncio das nossas autoridades regionais.
Até a Madeira já nos passou à frente, como de costume, em muitos anos luz.
E não precisou da República para nada.
Virou-se para os privados e avançou sem medo e sem os quilómetros de estudos que se fazem por cá, só para empatar.
Ouçam o Grupo Sousa, que até opera nos Açores, pela voz do seu Administrador e Chief Officer Operations, Duarte Rodrigues: “Poderia dar vários exemplos de soluções bem-sucedidas que introduzimos para ultrapassar as dificuldades logísticas nas ilhas onde operamos, mas deixo apenas um desses exemplos, o de maior sucesso internacional: o gasoduto virtual de Gás Natural para a Madeira. A solução que encontrámos para transportar Gás Natural para a Madeira, sem que tal exigisse um investimento incomportável, é um verdadeiro “ovo de colombo”, solução que, diria eu, só consegue ser encontrada por quem conhece de muito perto as limitações inerentes a uma região insular e ultraperiférica”.
Querem saber como é que a Madeira encontrou este “ovo de colombo” para a instalação do GNL naquele arquipélago?
Vão lá e aprendam com eles.
Em vez de empatarem com estudos e mais estudos e de se calarem perante o desprezo do Governo da República.
(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores de 17/01/2020)
Temos de tomar conta do que é nosso porque ,infelizmente, as ” autoridades” por ignorância, e subserviência a Lisboa ou ganância estão a descuidar os direitos dos AÇORIANOS e RESIDENTES.Nao podemos tapar os olhos com água férrea.
Ainda acredito na possibilidade de inverterem o rumo .