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QUEM TRAMOU O PRESIDENTE BIDEN ?
Biden recebeu uma herança terrível e não soube geri-la. Já aqui o disse. Primeiro, em termos de estratégia de comunicação. O presidente teve todo o tempo para preparar a opinião pública. Não o fez. Segundo, em termos de operação logística. A Casa Branca teve todo o tempo para preparar uma saída militar e civil minimamente ordenada. Não o fez.
Quem quer que terá convencido Biden de que teria mais 2 ou 3 semanas até os talibãs chegarem a Cabul foi de uma incompetência atroz – ou enganou deliberadamente o presidente. Os serviços de ‘intelligence’ dos EUA ficam muito mal na fotografia. Seria preciso desconhecer de todo o que se passa no terreno do Afeganistão desde há várias décadas para não perceber que no país não existia, nem existe, um exército nacional, mas sim, um somatório de forças regionais cujo comando efetivo pertencia, e pertence, aos ‘war lords’ aos senhores da guerra. Não havia, nem há, um comando nacional do tal exército que os EUA acusam de “não ter lutado” (sic) e de ser, portanto, o responsável pela queda de Cabul. Foi patético ver e ouvir o secretário Blinken tentar brandir esse argumento. Foi triste ver e ouvir o presidente repetir penosamente o refrão.
É incompreensível que a CIA e o Petágono tenham aparentemente desconsiderado um dado objetivo: os cerca de 300 mil militares dados como afetos ao governo afegão obedeciam de facto a diferentes hierarquias, de natureza étnica ou tribal. Não obedeciam, como bem se viu aliás, a qualquer comando unificado. Muito menos ao frágil e desautorizado governo afegão – que os EUA tentam agora, desajeitadamente, responsabilizar pelo caos.
Seja como for, desde há uma semana que o presidente corre atrás do prejuízo. Biden não precisava deste fiasco no seu já longo currículo. Nem merecia ser a cara da impotência americana neste episódio dramático, que a história irá registar com justo azedume. Afinal de contas, o presidente foi somente o último a errar numa longa e já antiga cadeia de co-responsáveis. Errou na forma de sair, não na decisão, mas o seu prestígio foi seriamente abalado. O trumpismo está à espreita para se vingar de Biden, na primeira oportunidade. Os democratas e progressistas americanos não podem baixar a guarda.
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