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Como enxovalhar o galardão da Biosfera.
A cada ano que passa o volume de cana roca/conteira (Hedychium gardnerianum) avança alegremente pelo Parque Natural da Ilha das Flores, incluindo o Planalto Central e Morro Alto, zonas que foram poupadas durante muitos anos ao avanço destas invasoras.
Esta é uma espécie crescimento feroz, difícil de controlar e erradicar. Exige trabalho braçal árduo, contínuo e planificado. Sobretudo planificado para se definirem zonas prioritárias.
A cada regresso à ilha observo e fotografo a propagação desta espécie, sem que perceba qual é o plano para o futuro da conservação das endémicas.
Sei como é difícil circular e trabalhar por entre uma floresta de cedro-do-mato. Sei como é duro arrancar cana roca pois já participei em várias campanhas, oficiais e particulares. Uma coisa é certa, se nada fizermos estaremos a condenar o futuro da reprodução das espécies endémicas de que tanto nos orgulhamos e tão necessárias ao equilíbrio hidrogeológico desta ilha.
Que é complicado penetrar em toda a zona protegida é um facto. Que não se faça sequer um esforço de limpar as bermas e as zonas adjacentes às lagoas e junto aos espécimes mais importantes, é puro desleixo.
O mais importante em qualquer Secretaria do Ambiente é o brio. Mas o brio tem andado na razão inversa da cana roca.
Percam um bocadinho de tempo a fazer um plano, definam objetivos, contratem meios e braços. Executem o plano. Podem contar com os meus sempre que cá estiver.
Mas façam alguma coisa porque mete dó ver as plantas endémicas recém-nascidas abafadas pela cana roca e sem qualquer hipótese de sobrevivência.
Afinal o que é que querem para esta ilha? Galardões? Ou conservação da Natureza?
#vergonha
