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Lá fora
Que alimento
E que sofrimento
Nos saciam nestes dias
Há por certo
Abraços adiados
Olhos esvaziados
De alegrias…
Respiro, lá do fundo
E olho pela janela do meu mundo
Tento ver o dia que voltaremos
A pisar o chão lá fora
Sem medo, sem ansiedade
Sem hora
E respiraremos
De verdade.
O que nos alimenta
E nos sustenta
As esperanças?
Quero sentir o gosto
Do sal do mar,
o calor do sol posto
As ruas cheias de crianças,
O seguro abraçar…
Já imagino a mesa posta no quintal
A gargalhada
e os beijos
Já sinto o cheiro da carne grelhada
Dos vinhos e os queijos
E uma taça cheia de sobremesa
E a partilha
E o verde
Da manta de retalhos
Da minha ilha…
Que tamanho terá este sofrimento em mim
Este medo na pele e nas pulsações…
Quando teremos as ruas vivas, em frenesim
E a bateram, em nós, serenos, os corações.
Que sabor terá o amanhã que careço
Que acredito, seja melhor
Quero a minha liberdade
(que não tem preço)
A cura p’ra esta invisível dor
Que se veste de saudade
E afasta
De forma nefasta
Os gestos físicos do amor.
Sandra Fernandes
