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Os versos
Não raro encontro as raízes dos álamos
entre dois versos,
enquanto me debruço sob a luz do candeeiro,
o inverno a perder-se pelo lado da rua
num vagar de neblina e humidade.
Não tenho roupa que me aqueça da solidão,
derrube as colunas de cinza
em redor dos minutos.
Escrevo junto à ombreira da porta
desta cidade onde vagueiam cães
e melancolia.
Oiço o tilintar de talheres
da última ceia.
Por fim o arrastar de passos até às cortinas.
Num gesto de repulsa fecham-se
ao olhar de quem observa deste lado
o incrível ritual do tempo.
Entretenho na rua um pensamento de chuva.
Sinais de tempestade
perseguem um frio clamor
entre dois versos,
lado a lado
com a noite infinita.
/Eduardo Bettencourt Pinto
Fotografia: Null Xtract
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- Gina Sousa“Os Versos “ vão com a poesia da tua fotografia Gostei muito .Agradeço teres partilhado . Uma continuação de noite acompanhada das musas da poesia, do silêncio e do Inverno . Um abraco com carinho
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- 4 h
“Most relevant” is selected, so some replies may have been filtered out.- Eduardo Bettencourt PintoMuito obrigado, Gina. Gostava de ser o autor da fotografia mas ela é não é minha mas de Null Xtract, pseudónimo. Um abraco também para ti. Boa noite.1
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- 4 h
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Artur GoulartBelíssimo poema. Obrigado pela partilha. Abraço- Like
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- 1 h
Luis GaivaoMuito bonito! Lindo, Eduardo. Abraço- Like
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- 29 m
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