PELA SUA SAÚDE, MINHA, NOSSA….Fique em casa.

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Pedro Caldeira

Carta aberta aos cidadãos portugueses,

Pensei muito a quem dirigir estas palavras, se ao Governo, se à Srª Ministra da Saúde, se à nossa Diretora Geral da Saúde.

Mas decidi dirigir a vocês. Sei que nas redes sociais vale o que vale, mas precisava de escrever.

Não sou especialista em virologia, nem em epidemiologia, sou enfermeiro, e saí há pouco de 16 horas seguidas de serviço numa viatura médica de emergência e reanimação.

Gostava de partilhar convosco este gráfico. Dados recolhidos pelo Dr Miguel Bigotte Vieira, com fonte em https://www.worldometers.info/coronavirus/ . Obrigado Miguel.

E pedia-vos a todos para olharem que ao 23º dia da pandemia em Portugal, temos em comparação com os outros Países em análise (Itália, Espanha, França e UK) o maior número de casos por cada 10000 habitantes.

Por isso, não. Não estamos bem.

Não temos de facto a maior taxa de mortalidade.

Não temos de facto um aumento exponencial de casos.

Poderia questionar se estamos a testar todos os casos suspeitos que são acompanhados no domicílio pelas autoridades de saúde.

Mas não o vou fazer.

Existe uma estratégia e fui ensinado que é altura de confiar nas nossas lideranças.

Fátima deu-nos um avanço. Estamos a aprender com os erros dos outros. E fomos capazes de implementar medidas de isolamento mais precocemente.

Se podemos nesta fase estar optimistas?

Não. Ainda é cedo.

E é por isso que escrevo este texto.

Estamos em Estado de Emergência.

Contudo, o Governo, e bem, do meu ponto de vista num estado de direito, permitiu várias excepções ao confinamento obrigatório.

O Governo confia nos seus cidadãos, considerando que todos os Portugueses irão atuar em consciência.

Mas o que assisti ontem e hoje preocupa-me.

Isto será uma maratona.

Se temos direito em ir correr, em ir praticar o nosso exercício físico?

Temos.

Mas temos que ter noção que o devemos fazer junto da nossa comunidade. No nosso bairro, não alargando o perímetro. Devemos ir correr sozinhos. Evitando ao máximo o contato social. Ir para longe de casa, aumenta a propagação do vírus. Pense nisso.

Se temos direito a ir às compras de bens essenciais?

Temos.

Mas temos que ter noção que o devemos fazer sozinhos. Não o devemos considerar um passeio em familia. Não o devemos considerar como uma oportunidade de ir admirar as belas alfaces expostas numa superfície comercial qualquer. Prepare as suas compras. Faça uma lista antes de sair de casa. Opte por pagamentos automáticos sem contactos. E não se esqueças que as luvas e as máscaras não são necessárias. Não é treinado para isso. Vai cometer erros. Lave as mãos com frequência. Mantenha o devido isolamento. E por favor só leve as suas crianças se não tiver absolutamente nenhuma hipótese. Pense nisso.

Existem relatos de doentes completamente assintomáticos.

Hoje soube de um doente positivo que o único sintoma é uma simples anosmia (perda de olfato).

Podemos nos sentir perfeitamente bem, mas estarmos de facto infectados e a infectar os outros.

A capacidade de teste será diminuta e numa análise realista inútil.

Temos todos que nos concentrar em atrasar a propagação.

Se a doença for lenta, tudo vai correr bem. As nossas taxas de mortalidade vão se manter baixas. E sairemos mais fortes.

Mas para isso, todos, mas todos, temos que ter noção da maratona que temos pela frente.

É uma Guerra. Todos contam. Todos.

E não podemos ter profissionais de saúde, forças de segurança, agentes de proteção civil a lutar com todas as suas forças.

Não podemos ter enfermeiros e médicos a não contactar com os seus filhos durante semanas.

Não podemos ter enfermeiros e médicos horas e horas seguidas em fatos de proteção individual lutando contra a morte.

Para depois na hora da saída vermos um aglomerado de gente a correr no paredão, a apreciar o mar, a apreciar a bela da couve flor em pleno supermercado, sem nos sentirmos com vontade de gritar.

Gritar, gritar para dizer apenas uma coisa.

Fique em casa.

Por favor.

Por si, pelos seus e pelos meus.