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Um texto do João Maia na página “Força Espinho” de hoje, trouxe-me à memória algumas questões do passado.
Tenho vários motivos por não simpatizar muito com o Miguel Sousa Tavares, (MST), não é de agora, a coisa já vem dos anos 80 lá das Lísbias, cujos cruzamentos furtuítos em espaços comuns,Grémio’s Literário’s, Bertrand’s e mais uma mão cheia de ocasionais eventos, não me fascinaram por aí além em relação à personalidade. Até pode ser um problema meu, não desminto, nem sequer refuto, tenho para mim as minhas razões!
Poderia enumerar variadíssimas razões para este meu sentimento, ou capricho, pode bem ser, mas desconfio que tem a ver com a personalidade do MST,muito mais do que a sua capacidade de criação literária, que reconheço, interessante.
Mas nem sempre…
É que o MST tem a característica de ser cáustico, mas não raramente extremado, extravagante, arrogante, tendencioso.
Poderia falar das questões clubísticas e o seu ódio de estimação pelos encarnados, mas dou de barato!
O livro “Cebola Crua com Sal e Broa”, de memórias e reflexões do autor, tem como pano de fundo Portugal contemporâneo, dos anos 1960 a 2010, foi editado em 2014, já lá vão pois, 6 anos.
Tem cerca de 400 páginas, divididas por 16 capítulos, e traça o percurso do MST desde os primeiros anos, numa quinta na Serra do Marão, no norte, à juventude, “numa Lisboa cinzenta interrompida por uma revolução muito familiar, a descoberta do mundo através dos livros, dos jornais e da televisão.
Pode um homem viver impunemente começando a sua infância numa aldeia do Marão, comendo cebola crua com sal todas as merendas? E daí saltar para o mundo cinzento e as manhãs submersas da vida salazarenta da Lisboa dos anos sessenta?
Mas é sobretudo sobre o capítulo relativo aos verões nas praias da Granja e em Espinho, que me acicata os ânimos e que me vou pronunciar!
Conheço muito bem as duas piscinas aludidas no livro, nos anos 60/70 nos meus 17,18,19 anos, frequentei a da Granja esporádicamente, a de Espinho com grande frequência, até pelo facto de lá ter feito animação em dois ou tres verões 68/70,naquela cabine de som que transmitia musica ambiente.
Pelos vistos o MST tinha uma preferência, o que me parece perfeitamente natural, pela piscina da Granja, que tinha e tem uma vista sobranceira e soberba sobre o mar e de onde se defruta efectivamente uma maior proximidade natural com o ruido das ondas a rebentarem nas rochas, mesmo alí na borda.
Todavia, ao fazer considerações à sua piscina de água salgada “única no país” sic, esquecendo que ao lado em Espinho já existia desde 1942, uma piscina olímpica de água salgada, durante muito tempo a maior da Península Ibérica, equivoca-se redondadamente. Menciona ainda, pejorativamente, a Espinho como “uma das terras mais feias do País a par com a Régua.”
E é aqui que “a porca torçe o rabo”!
Porque é necessário ser muito cretino, quando para projectar ou dar relevo a qualquer coisa que nos agrade escrevinhar, tenhamos que rebaixar, ou humilhar ou diminuír o que quer ou quem quer que seja. Quando as narrativas revelam laivos de ressabiamentos, ou paixões exacerbadas, tornam o narrador numa coisa sem mérito!
Contudo os Espinhenses conheçem bem a “figura” do MST e as suas chicanas culturais, as suas subtilezas falaciosas e a “pinta” do figurante! Por outro lado, aos Espinhenses sempre os ouvi se referiram à diminuta piscina da Granja com algum desdém, considerando-a mesmo como o bidé dos marqueses.
Nas fotos antigas sacadas do (Pinterest) a Piscina Solário Atlântico de Espinho e o bidé dos Marqueses.


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