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É preciso sermos Ovar?
Como diz o ditado popular, é na dor que se conhecem os verdadeiros amigos.
António Costa, que tinha sido apressadamente endeusado pelos seus seguidores na Região, acaba de revelar o que sente pelos Açores: uma atitude paternalista e centralista nada adequada à história do Partido Socialista destas ilhas.
É bom que Vasco Cordeiro tenha sempre presente a decisão do primeiro-ministro em “insistir com a TAP” para voar para os Açores, para “assegurar a continuidade territorial”.
Nós, aqui nos Açores, a lutarmos com todos os recursos ao nosso alcance para travar a entrada da doença e da morte e o Primeiro-Ministro do nosso país insistindo a abrir portas, contrariando a nossa luta.
No final de toda esta turbulência, quando for possível fazer um balanço político destes dias, não se esqueçam de pedir contas a António Costa pelo contributo que está a dar na pesada factura que vai cair em cima de todos os açorianos.
Políticos assim não nos servem e merecem ser castigados no local certo: nas urnas!
Estes tiques de desprezo pelos insulares não são uma originalidade de António Costa, já tinham sido experimentados por outros primeiros ministros, como Cavaco Silva de má memória.
Ainda está na nossa mente a frase assassina de Rui Rio, quando naquela trapalhada do candidato para o parlamento europeu, disse que não era fortuna nenhuma valermos apenas 12 mil votos…
Este velho preconceito centralista, tão histórico como a existência das nossas ilhas, foi absorvido por uma certa casta política pouco culta e pouco dada a valores que nenhuma humanidade explica.
Parafraseando um poeta, os amigos conhecem-se nos tempos da abundância (eleitoral), nós os conhecemos nos momentos difíceis…
Vão à banca!
Continuando a recordar “amigos” de triste memória, lembra-se daquele que disse para irmos à banca quando o Governo Regional pediu ajuda para a crise sísmica do Faial?
As medidas que os governos, da República e de cá, acabam de anunciar para acudir às empresas e famílias é um pouco a continuidade disto: endividem-se ainda mais!
As empresas e os trabalhadores deste país vão mergulhar no inferno das falências, do desemprego e da pobreza.
Embora com linhas de crédito a baixos juros, não deixa de ser mais um endividamento em cima dos endividamentos que as empresas já tinham.
É preciso o Governo dos Açores ir mais longe. O que anunciou não dá para meia missa. É uma cópia das medidas nacionais, com mais uns pózinhos regionais adaptados, que não motivam ninguém.
Só o sector do turismo vai absorver muito mais do que os milhões anunciados, porque o que vem aí é pior do que um terramoto. E as pequenas empresas, que são a maioria nesta região? E as famílias que vão ficar no desemprego? E as que já foram mandadas para casa sem saber como vai ser no final do mês?
É preciso avançar com a bazuca em vez da espingarda.
A banca tem uma palavra crucial nesta guerra.
Estaremos todos atentos na hora do balanço.
Sem contemplações.
Osvaldo Cabral
Março 2020
Editorial Diário dos Açores

Comentários
Um comentário a “OSVALDO JOSÉ VIEIRA CABRAL · É preciso sermos Ovar?”
TOTALMENTE DE ACORDO COM A CHAMADA DE ATENÇÃO ATRAVÉS DO SEU ARTIGO.
É ABSOLUTAMENTE CRIMINOSO AMORDAÇAR O PENSAMENTO, A VONTADE DOS ACORIANOS COM UM AUTORITARISMO, FRUTO DUMA IGNORÂNCIA SECULAR,QUE SEMPRE EXISTIU E QUE AGORA É MAIS ESCANDALOSA UMA VEZ QUE JÁ NÃO HÁ ESCASSEZ DE MEIOS DE COMUNICAÇÃO.
SR.. PRIMEIRO MINISTRO,QUEM NÃO O CONHECEU ATÉ AGORA TEM O RELATORIO DA RESSONÂNCIA MAGNÉTICA DA SUA ASCENSÃO NOS DEGRAUS DO PODER.