osvaldo cabral, duas festas de há 5 anos

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duas festas de há 5 anos
Segunda-feira passada completaram-se 5 anos sobre o compromisso do Ministério da Justiça em construir a nova cadeia de Ponta Delgada.
Foi a 15 de Março de 2016 que o Governo de António Costa assumiu o projecto, acolhido nos Açores com grande festa política, incluindo a vinda da ministra, quando já muita gente desconfiava que era apenas mais um dos números em que essa gente é perita, que é atirar os foguetes e apanhar as canas.
Passaram-se 5 anos e o que temos é um monte de bagacina, do tamanho do mistério que envolveu todo este negócio, a ser removido ao ritmo de um caracol que carrega toda uma história de trapalhadas, sempre que se trata da intervenção do Estado nas Regiões Autónomas.
Não há Ministério Público nem Representante da República que nos salvem destas negociatas e destes processos nebulosos de política barata, a coberto de muita gente responsável que faz que não vê.
Pelo andar da carruagem, nem daqui a outros 5 anos teremos, neste caso da cadeia, a “coesão territorial” a funcionar…
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– Nem era preciso a informação agora disponibilizada acerca do negócio ruinoso do A330 da SATA, vulgo “Cachalote”.
É outro negócio de 2016 (má sina, esse ano…), fazendo na próxima semana, dia 23 de Março, 5 anos de mais uma festa política, desta vez em pleno aeroporto de Ponta Delgada, com cantora internacional a apadrinhar, e os discursos de hossanas a um novo tempo luminoso na aviação açoriana.
Cinco anos depois o que temos de bíblico é o monstruoso prejuízo deste negócio, nenhuma explicação dos responsáveis envolvidos, contratos escondidos e, mais uma vez, o enorme cheiro a sucata política, paralisada numa qualquer placa paga a peso de ouro com os nossos impostos.
Bastava seguir os alertas dois anos depois para que o assunto ficasse esclarecido.
Já então se questionava sobre quem foi que autorizou este negócio, quem assinou o contrato, quem esteve envolvido e quem passou o cheque.
Preferiu-se esconder tudo, chumbaram a abertura de um inquérito, ninguém teve a ousadia de enviar o assunto para o Ministério Público e só agora, 5 anos depois, alguém se põe a mexer como deve ser.
Com tantos requerimentos e artigos de opinião, não há ninguém no PS com coragem para ver este assunto esclarecido?
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Ó – O “Chega” chegou ao parlamento regional sem saber como.
Foi festa de pouca dura.
O fenómeno nasceu numa conjuntura própria, influenciada pelo líder nacional, carregada de novidade que já não existe hoje. O pior que podia acontecer ao “Chega” dos Açores é o que está a acontecer a poucos meses de eleições autárquicas.
Em vez de se apresentar como uma força política estável, confiante e credível, faz tudo ao contrário, expondo-se à instabilidade e à luta interna entre dois deputados que só têm tudo a perder em próximas eleições.
Políticos que só criam instabilidade, já bastam os que grassam no palco nacional.
Desse vírus, também não o queremos cá.

(

Osvaldo Cabral

– Diário dos Açores de 17/03/2021)

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