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Os tiranos – Crónica Rádio Atlântida
Passado pouco mais de uma semana dos terríveis bombardeamentos russos sobre a Ucrânia, temo que as imagens das atrocidades nos comecem a ser indiferentes, quando é na insegurança das povoações e cidades destruídas que a mortandade mais cresce.
É verdade que a solidariedade europeia e até mundial, aquela que advém do cidadão anónimo, de tantos carenciados, não pára de crescer. Assim fosse a solidariedade dos ricos e endinheirados, daqueles que amealharam fortuna à custa da injustiça e da corrupção, como agora se está a ver. Mas contra esses a gula de Putin e de outros autocratas não se ergue…
Temo que a guerra saia da consciência e das preocupações dos povos em paz, já que também eles começam a ser afetados por tabela, pelas sanções económicas impostas.
A subida galopante dos combustíveis, dos cereais e de outros produtos que entraram na cadeia do nosso quotidiano, vão pesar, e muito, no nosso dia a dia.
Espero que os governantes saibam responder com medidas adequadas, para que a vida dos povos mais carenciados não se torne num sofrimento, num inferno, ou não cause perturbações sociais que ameacem a paz de mais países.
O importante é solucionar as causas do agravamento dos bens essenciais. Desde logo, acabar com a guerra, e se tal for necessário, retirar do poder quem a despoletou e mantém.
A guerra não é um mal que sempre dura. Mas os seus efeitos perduram durante largos anos.
Envolver as personalidades e instituições na busca da paz, tem de ser um objetivo permanente, para que mais vidas sobrevivam e mais bens não sejam destroçados.
As imagens que nos chegam da Ucrânia e que, com a saída dos jornalistas do teatro de guerra, vão ser repetidas sem critério, demonstram que, afinal, a Europa do pós-guerra cresceu economicamente e integrou vários países da cortina de ferro, mas enclausurou-se no seu bem-estar e descurou povos das suas fronteiras.
De que serviu então tanto progresso material?
Os exemplos que nos chegam das populações ucranianas, de dentro e de fora do país, fazem-nos pensar que os valores da fraternidade e da solidariedade, da cultura e da identidade, são mais importantes que a aquisição desbragada do dinheiro, o domínio sobre a terra que é um bem universal.
Tantos são os exemplos que nos chegam das frentes de batalha que temos de aprender com o sofrimento e a morte de milhares de pessoas, para não repetirmos, querelas e lutas escusadas que, mais cedo ou mais tarde, degeneram em conflitos alimentados por tiranos e autocratas sem escrúpulos. É deles que vem a maior ameaça à humanidade, por isso, é urgente que os afastemos do poder. Lá e cá.
José Gabriel Ávila
jornalista
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