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Pecado nº6 da série “Os Pecados do Governo da Coligação entre o PSD de José Manuel Bolieiro, o CDS-Terceira e o Partido dos 71 votos”:
Deixar os partidos anões da coligação infiltrarem-se no aparelho do governo
Passado um ano da constituição da inaudita coligação de direita, que afastou do poder o PS após 24 anos de socialismo delirante nos Açores, talvez seja o tempo de fazer o primeiro balanço acerca das virtudes de tão estranho casamento (de conveniência), que tem como testemunhas a extrema direita e o Barata.
Domingo passado os Portugueses mostraram bem a cor do cartão que dariam a uma coligação alargada de direita, e, por cá, estou certo, que logo que tenham a oportunidade farão exatamente o mesmo. Não tenham dúvidas disso. O meu partido numas próximas eleições terá de dizer claramente não ao Chega, como Rui Rio não fez nestas legislativas nacionais, e isso, retira-lhe quase por completo a possibilidade de ser governo. Daí o desespero de não ir a eleições custe o que custar, mesmo que se tenha de nomear os conhecidos todos do Paulo Estevão, já que os amigos já lá estão todos, as segundas terceiras gerações e até alguns animais domésticos, e outros não tão domésticos, também.
E é aqui que reside talvez o maior erro de JMB na negociação desta coligação, que foi extremamente necessária, mas que agora enferma de nepotismo, amiguismo e outros ismos.
Deixar que os partidos da coligação se infiltrassem no aparelho do governo, sem que tivessem sido definidas portas corta fogo e linhas vermelhas, foi um erro. Assim, a negociação da coligação, em vez de ter sido um acordo programático, e não é, para o constatarmos basta ler os respetivos acordos que são paupérrimos a nível das ideias, foi sim uma divisão de lugares com a definição de quantos, e para onde, cada partido nomearia. Um plano para o assalto aos lugares e empregos para os amigos, e nunca um programa para os Açores. Erro fatal.
Se juntarmos a isso a opção de uma participação cruzada de todos. Temos secretários do meu partido com diretores regionais dos outros, e vice versa, ou conselhos de administração multi interesses, onde partidos que têm baixíssima relevância nomeiam gente só apenas numa motivação expansionista às cavalitas do meu partido, ou pior para pagar favores, e com a bênção de JMB, temos a receita para o desastre. Temos nomeações absurdas, de partidos sem expressão em determinadas ilhas para lugares de importância decisiva para a ação governativa local, temos a tentativa de partidos minúsculos se imporem em ilhas através da colocação dos seus. Os seus que são pouquíssimos e pobríssimos. Uma salada de frutas onde pouco ou nada acontece, onde os serviços passaram da eficiência duvidosa do PS para a total inatividade em alguns casos, e para pior em outros, com as habituais raras e honrosas exceções.
Passado um ano é claro que a orgânica, que teve apenas como motivação quem vai para onde, falhou em toda a linha. Agora JMB, além da remodelação que prova que este governo é incapaz politicamente, terá também de admitir que a própria orgânica foi um erro. O que quer dizer que não é necessária apenas uma remodelação. O que falta é começar de novo, sendo que para tal será preciso o apoio dos Açorianos. A julgar por domingo, e com as devidas reservas, parece-me que esse apoio já era.
Vivemos uma espécie de governação por tentativa e erro, ao sabor das guerras e humores dos parceiros de governo, e das vontades dos pequenos poderes de gente pequena entretanto deslumbrada pela sua nomeação por serem amigos do amigo de um tio que vive no Corvo, ou porque fazerem parte do restrito círculo do grande líder da Terceira, onde para se entrar tem de se saber dizer yes em diversas linguas.
São Miguel, vem na prioridade última desta gente e como tal tratará de repor a ordem das coisas muito em breve. Fica o aviso a todos os boys, aproveitem porque vai durar pouco tempo.

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