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Osvaldo Cabral escreve hoje que vivemos no Dubai a propósito do despropósito de o Governo regional adquiri o falido golfe da ilha Terceira. Há uns anos – 2018 – escrevi um artigo semelhante
. A CULTURA DO GOLFE, CRÓNICA 191, 30.5.18
45 postos de trabalho por 7,4 milhões e 2 campos de golfe para 150 mil habitantes jogarem golfe?…será cada posto de trabalho 164 444€…. Não era mais barato pagarem o desemprego ou formação aos trabalhadores? Numa terra onde a cultura recebe tostões, o que não se faria com aquele dinheiro?
Nós nos colóquios da lusofonia precisamos anualmente de vinte mil euros para dois colóquios, um cá nas ilhas e outro fora…como nós há recitais, há concertos, há outros simpósios, outras atividades culturais que sobrevivem com uma pequena e sempre esticada manta de retalhos de poucos milhares de euros para ações meritórias no campo da cultura e que podiam beneficiar daquele apoio bem dividido.
Claro que provavelmente estou a falar de cultura de elites para elites…, mas, alto lá, golfe? Nem é cultura nem é bem desporto e quanto a elites estamos falados, numa terra com uma mão cheia de praticantes normais de golfe… E que eu saiba com tanto campo de golfe por esse mundo fora, quem vem aos Açores (São Miguel) jogar golfe? Os que recebem apoios e mordomias para virem cá…Claro que temos inveja desses milhões, nem sei se desbaratados ou mal gastos, mas digamos, que seriam muito pouco prioritários…Se me dessem esses milhões para dividir pelas instituições culturais que descrevi poderíamos criar mais do que 45 empregos e poderíamos ter outros escritores, artistas, músicos no arquipélago. E se depois deste desabafo não me derem mais nada já sei a que se deve a penúria de apoios. Como dizia a este respeito, essa excecional voz açoriana que é a Helena Castro Ferreira
“Os 13 milhões do centro de artes contemporânea mais o que gasta por ano só para se manter aberto, também ainda me doem…”
A mim dói-me isto ao ver o que se gasta na contratação de artistas “pimba” (claro que têm todo o direito à existência e a terem a sua audiência) mas pouco contribuem para a educação musical do povo. A cultura elitista dá poucos votos e a cultura de massas, como o nome indica, atrai, exceto em agosto 2013 na Lomba da Maia onde gastaram 17 mil euros no Quim Barreiros e isso não deu votos suficientes à Junta de Freguesia para reeleição… Espero que seja incluída uma cláusula curricular para que no ensino obrigatório passe a constar a modalidade de golfe, a fim de todos os micaelenses terem oportunidade desfrutar dos campos de golfe que o governo regional pretende adquirir na Achada das Furnas e na Batalha (S. Miguel). Será que vão distribuir tacos de golfe e empregar “caddies” para nós praticarmos?